Meu individualismo
foi tão grande e de tamanho afeto que me arrobou. Cansada, criança pequena e
carente, desperdicei minhas chances com você, vendei meus olhos incertos e
desliguei minha mente insegura, andei passos de bêbada entre carros apressados
de uma avenida ensandecida. Desagrada-me o triste ritmo e rumo que as coisas,
nossas coisas, tomaram. Nos tornamos estranhos hablando uma língua
desconhecida, desconexa, confusa. Tínhamos tudo e resolvemos ter
nada.
Acho
que não me entendes quando dizes que me entendes. E me perdes quando dizes que
queres me ter. E assim, me ganhas quando dizes não me querer mais. Sem lógica,
banal, to sem voz para continuar a falar, a explicar mais uma vez que nada na
minha mente muito pequena, às vezes ampla, pouca coisa passa batido. Não sei
que rumo tomar. Tento desenhar desenhos em quadros para que você possa me
entender, me salvar dessa fuga inimaginária e você só me joga rumo ao vento,
deixando-o lançar meus cabelos para o alto, sussurrar irresistível nos meus
ouvidos e me mostrar a direção contrária. Distrativo. Me distraio fácil. E você
disse, 'tudo bem'. Aprumei as velas, quando vi, feito barquinho a Deus dará
em alto mar , ondas grandes, e a casa? E a vida certa? E o caminho de
volta? Perdida, suspirei mais uma vez. Você já estava longe, e eu, muito
mais. Nos perdemos.
Annabel Laurino