Um lenço caído no piso frio e amadeirado do mais lustroso ao
polido, surtiria maior ruído do que esse que se rompe entre nós. Ruído frágil,
silêncio obscuro. É uma verdade tangível que aos poucos racha a lona quente que
nos coloca um do lado oposto do outro. A diferença é que agora o silêncio denso
subterfugia sobre nós, que já não existe mais “nós”. E paro agora, reflito,
“Quando foi mesmo que existiu?”. As mágoas são como balinhas coloridas que em
chuviscos saltitantes escorregam nas nuvens incrivelmente densas desse silêncio
lúgubre e auspicioso. Elas, as balinhas vestidas de mágoas multicores
acompanham na dança de salpicos as feridas um dia marcadas, as dores partidas,
as brigas remediadas, as doses não medidas.
É meio como entrar
em um vácuo constante. Ninguém escuta nada e como uma queda negra a menor e
mais fina agulha caída no chão tornaria-se um barulho e tanto em meio a esse
silêncio.
Por que silêncio
mesmo, é que se rompe. Rompem-se todas as coisas que um dia foram verdadeiras,
e restam-nos as duvidas. Oh sim as duvidas... Se já não bastasse o silêncio e
agora mais as duvidas.
Porém já não posso
dizer que sinto alguma coisa. É verdade que nem se quer ouço. É meio como
partir silenciosamente na calada da noite sem ninguém perceber. Foi melhor
assim, eu prefiro que seja dessa forma. Não gosto de dizer adeus e de todas as
vezes que já disse, instantes depois eu voltava, corria para teus braços e
chorava em teus ombros quentes amaciando seus cabelos e beijando seus lábios. Porém,
agora prefiro que seja assim, prefiro partir sem deixar rastros e nem bilhetes
e nem nada que posso marcar o dia em que realmente esse silêncio... Se adornou
de... Eu... Você.
Prefiro que seja como uma música, que quando lentamente é chegada a hora final e os instrumentos vão encerrando suas notas, a orquestra torna-se mais preguiçosa, mais calma, mais branda, e densamente, silenciosamente, você sente, a sim, você sente, que aos poucos, mesmo que você não queira, a música simplesmente chega ao fim. E com a maestria clássica de um bom maestro que age sobre o tempo, a paisagem toma conta de nossos olhos cansados e tudo que vemos, silêncio, sim, ah o silêncio, por que sobra-te este, agora que não existe mais nada.
Prefiro que seja como uma música, que quando lentamente é chegada a hora final e os instrumentos vão encerrando suas notas, a orquestra torna-se mais preguiçosa, mais calma, mais branda, e densamente, silenciosamente, você sente, a sim, você sente, que aos poucos, mesmo que você não queira, a música simplesmente chega ao fim. E com a maestria clássica de um bom maestro que age sobre o tempo, a paisagem toma conta de nossos olhos cansados e tudo que vemos, silêncio, sim, ah o silêncio, por que sobra-te este, agora que não existe mais nada.
Annabel laurino.
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