Mas se tudo isso fosse ensaiado, só que não é. Até agora depois de todos os momentos nunca foi. Nada combinado, nada programado. Você só chegou bem perto de mim enquanto a musica começava com suas nuances de acordes e me tomou nos braços carinhosamente, como sempre faz e faz tão bem.
Não há gestos obrigados ou trejeitos que insinuem algo que não está realmente lá. E eu sei disso enquanto olho no seu olho e me deixo ser pega por você até que quando me dou conta já estamos dançando.
Lá estávamos nós, ao som da letra que nos embalava, e você pôs suas mãos na minha cintura e eu te envolvi com os meus braços no seu pescoço, não resisti e te cantei um verso enquanto te beijava a boca. "Dava tudo por amor, eu vim de longe, dava pra sentir você dançando só pra mim". Nunca nada foi tão bom e nós ficamos nos embalando em meio ao meu quarto até a musica acabar. A musica dizia sobre se acostumar e eu já tão acostumada com o cheiro do seu suéter em mim, com seu cabelo enroladinho e seus olhos sinceros aquecendo os meus dias mais frios. Eu que já me acostumei com os nossos encontros sobre luas e sóis, praias com vento fresco e noites de chuva no carro do seu pai e Roberto Carlos tocando ao fundo. Com a comida da sua mãe, o seu gato Fredie, seu quarto arrumadinho e nós dois juntos trocando conspirações fajutas e tomando qualquer coisa no sofá da sua sala num domingo qualquer.
Me acostumei à essa mudança cósmica sobre o plano espetacular do meu mundo escondido. Você veio e trouxe o sol enquanto eu dava tudo por amor. Acostumei com os cantos dos meus lábios se curvando em reverência à essa vida boa que levo agora com você, porque me acostumei da gente se divertir sem me preocupar se lá fora o mundo pode ou não mudar e o que as bocas estranhas irão falar.
Estarei segura enquanto você segurar a minha mão, ou me embalar assim nos seus braços até a musica acabar, até a gente não cansar de se acostumar.