quarta-feira, 5 de junho de 2013

Dias daqueles meio assim

    Daqueles dias que você sente uma humildade latente no peito, você seria capaz de abraçar um mendigo, de lavar a calçada das ruas com as mãos e escovinhas de dentes e ainda assim se sentir só 5% melhor. Daqueles dias que tudo que você deseja é que te percebam. Que alguém pegue sua mão e pergunte "ta tudo bem com você menina? Parece meio triste..." e que você responda meio zonza de humildade latente e vontade louca de desmoronar "to bem sim, é só sono". Mas que a pessoa não vire as costas satisfeita com a resposta, nada disso. É um dia daqueles que você quer que 1% dos 99% dos covardes e desatentos do mundo que passam por você todos os dias insista pra saber como você realmente está, e esse corajoso não vai se importar de ouvir suas lamentações estupidas de vidinha medíocre, ele só vai ouvir, dar tapinhas nas suas costas e quem sabe dizer que vai ficar tudo bem. E é disso que todos nós precisamos, não é mesmo? Alguém que nos ouça de vez em quando só pra variar, alguém que minta pra gente um pouquinho e que nos deixe em paz mesmo que seja só ouvindo nossas idiotices sem cabimento enquanto os tapinhas nas costas conforte qualquer coisa como uma avalanche dentro de nós mesmos pronta a desabar. 
    O mundo as vezes parece tão pequeno. Pequenino, pequenino. Viajar, eu quero viajar. Muitas vezes só abrir lugar numa estrada qualquer e fingir que estou num daqueles movimentos Beats e que nada mais importa além da estrada a minha frente e a gasolina que preciso repor. Só isso. Gasolina e estrada, brisa leve, coisas fáceis. Mas minha essência grita toda manhã, e eu sei que não suportaria o fato de viver em vão a procura de qualquer coisa, porque no momento tudo que eu preciso está bem aqui ó, na minha frente. Sei que da uma vontade desesperada de jogar tudo para o alto e abandonar tudo, deixar que as coisas se desarrumem a vontade, mas por outro lado eu sei que é a minha tarefa agora, que é a minha sina, meu fado, razão dos meus dias. Eu só preciso encontrar forças, eu só preciso resgatar minha fé. 
    Mas acho que você me entende, entende não é mesmo? Você sabe o que eu estou querendo dizer, você sabe como é se sentir sozinho com seus próprios pensamentos e querer tanto que alguém só te olhasse por mais do que cinco segundos e captasse qualquer coisa sua, nem que por uma telepatia poderosa e do além. Sabe, a vida assim bruta e um abraço em dias difíceis cairia bem. 
     Enquanto me sinto pequena como parte de qualquer coisa no mundo lá fora. Enquanto tenho desejos virulentos de só esquecer de tudo. Enquanto tudo muda sem minha permissão. Enquanto as coisas correm na velocidade da luz para qualquer lugar distante de mim. Enquanto histórias se formam e capítulos terminam. Tudo e tudo, nada e nada. 
    Sei que você entende.
    Dias daqueles que vez em quando todos tem. 




Annabel Laurino

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