Olá? Será que tem alguém ai? Alguém me ouve? Alguém está
lendo o que estou escrevendo? Oi, você. Como vai? Como foi o seu dia? Já te perguntaram isso hoje?
Desculpa perguntar
assim, desculpa a forma abrupta de iniciar essa conversa meio jocosa de quem
não quer nada. É só que eu precisava saber se tem alguém. Sei lá, para saber.
Antigamente costumava ter. Antigamente até algum tempo eu geralmente tinha.
Você sabe, alguém, uma pessoa, um ser.
Alguém que realmente se preocupava. Alguém
que realmente lia as linhas escritas e as entrelinhas mais escondidas. Alguém
que tinha o mesmo ideal de vida. Amor de verdade. Ir até o fim de tudo sem
nunca desistir.
Ah, perdoe-me
novamente se te conto essas coisas, para você que talvez eu nem conheça. É que
antigamente eu também tinha para quem contar essas coisas. Eu tinha com quem
conversar das dores e medos do meu coração sem ser julgada sobre isso. Alguém
que realmente entendia isso e não ia embora com passos largos batendo pesados
nas calçadas com uma promessa de ‘talvez’.
Sabe quando a
gente simplesmente fica triste e não tem nada que dê jeito nisso? É mais ou menos
isso. Eu tomei uma tristeza tão grande por tudo agora. Parece sempre que todas
as coisas estão sempre distantes de mim e eu nunca vou alcança-las. Eu tinha
alguém para explicar isso. Eu realmente tinha com quem olhar no olho e lamentar
algumas coisas. Mas é uma tristeza esperançosa essa, eu te afirmo. É com ela
que eu vou correr aos ventos.
Sentada no chão do quarto com as meias
raspando no carpete e aquela musica tocando que te faz sentir meio slow, sabe?
É assim que eu estou agora.
Fico procurando
mãos fortes para me apoiar e me fazer nunca, jamais, never, desistir. Mas eu não
vejo ninguém. Eu não vejo mais aquele alguém. Próximo e incrivelmente próximo e
que faz qualquer coisa por você. Porque sabe que igual a você, meu caro, só
correndo aos quatro cantos desse mundo procurando de céu a inferno e mesmo
assim, só talvez uns vinte por cento parecida. Aquele cara que te liga mesmo
quando você desliga na cara dele porque está furiosa pela falta de atenção,
aquela pessoa que viajaria o mundo para encontrar a coisa mais boba que iria te
fazer feliz.
Aquela pessoa que
eu não tenho mais.
Fico redigindo um
texto confuso na minha cabeça. Penso então que não tem jeito. E teria como ter?
Quando as coisas deixam de ser elas realmente deixam e não há quem dê jeito
nisso a não ser nós mesmos. As coisas deixaram de ser meu amigo. Me ausentei do
barco por horas e olha a inundação!
Continuo ouvindo a
musica e resposta nenhuma me vem, continuo prestando a atenção no mundo a minha
volta e nenhuma coisa me diz respeito mais. Só me resta viver. E eu vou viver
meu caro leitor. Eu vou seguir. Eu vou com dor, com medo, com tristeza, eu vou
com uma carga absurda de um peso morto que não existe mais e agora é só
lembranças. Mas eu vou. Eu vou e estou indo agora. Estou partindo para o além
mar e quem quiser que me acompanhe. Eu vou e não pretendo nunca mais voltar.
Porque tem aquelas horas que chega de sofrer, chega de chorar, chega de pedir
que entendam, que escutem, que sejam amigos e sejam verdadeiros. Chega de
exigir o mínimo.
Eu vou viver.
E eu espero que
você, que está ai lendo tudo isso e ainda não desistiu, que vá fazer o mesmo. A
vida é uma só!
Annabel Laurino
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