quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sua falta

Os dias e as horas começam a passar e eu, triste, fico olhando para as janelas, as paredes, os livros, as musicas, o meu próprio corpo, sim, minhas pernas, meus braços, passo os dedos sobre os lábios e mordo-os, olho a TV, olho os pés, as balas de café, o carpete, olho tudo, todo o mundo, as pessoas na rua, os carros, as calçadas, o meio fio, os fios dos postes... E você não está aqui, suas mãos não estão nas minhas pernas, ou seus braços envoltos dos meus braços, sua boca na minha, a gente na cama do quarto rindo de qualquer bobagem com os livros sobre as nossas cabeças, e você muito menos está nas pessoas da rua ou caminhando nas calçadas que eu passo desatenta. E porque você não vem? Eu sei que te mandei embora, de novo, que abri a porta e sem piedade joguei suas coisas fora e disse que não sabia mais o que iria ser. Mas fica tão descolorido tudo quando você não está. Sabe o café? Nem mil gotas de adoçante o fazem ficar descente. Perco o paladar, o tato das coisas. Tudo fica cinza. Qual é a graça nessa gente? Cadê o sabor? Droga. Por que mesmo que você não está aqui? Volta logo. 


Annabel Laurino



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