terça-feira, 4 de setembro de 2012

say me: surprise


    Existem esses momentos lindos, quando estamos certos de tudo. Sabe, certos da vida toda, pronta adiante de nós. O coração cheio, certeza branda, quem deve estar ao seu lado está e quem não deveria, não está. Ta tudo certo, tudo legal. Funciona bem.
   Mas amigo, existem aqueles momentos incertos, que nada funciona bem. Que os dias já amanhecem tristes, que da aquela vontade de voltar correndo pra cama e se esconder embaixo dos cobertores, de abraçar o próprio corpo e chorar horas, porque você se sente sozinho e pequeno de mais em um mundo tão gigante. Que qualquer gesto grande pode colocar a perder a pirâmide de cartas a sua frente. Em frenesi, em um ataque de nervos, você mesmo derruba a pirâmide, chora horas a fio, e depois não mais do que arrependido esquece-a bagunçada no chão.
   Eu sei, que pena quando os dias são assim. Mas eles amanhecem tortos e é mentira que depois melhoram. Eles pioram, vezes se estendem por uma ou duas semanas.
   Tenho me sentido assim amigo. A vida parece tão confusa às vezes, você não acha? Queria saber o que você, é você ai sentado, faria com a minha vida se estivesse no meu lugar. Seria interessante pelo menos uma vez ver alguém tomar o controle dessas situações todas.
   Descendo por um escorregador brilhante e pulando círculos de espirais coloridos, é como um sonho daqueles quando a gente dorme pela manhã. Eu vejo milhares de rostos, e o meu nunca. As vezes tão triste e cabisbaixa, é difícil manter a pose, a pose do ‘não me importo, não me toque’.
   Acho que tudo isso deve ser um sofrimento antecipado. É a minha pureza de sempre Zé. A minha pureza e minha inocência de sempre e que quase ninguém entende. E eu só queria um abraço daqueles que te tiram do chão, bem fortes, bem apertados, queria aquele cuidado de sempre, aquela dedicação de alguém pronto a estar ao lado. Eu só queria era um sonho vivo saído do fundo do baú e pulsando na realidade idealizada. É pedir de mais? Não sei. Mas bem que a senhora vida podia me surpreender Zé. Ou isso, ou eu caio num poço de amargura, de frieza, aquela frieza de sempre. E depois, depois Zé, vai ser difícil sair de lá. Aquela coisa dos tais dias se alongando em meses, sabe como é?

Annabel laurino.

Nenhum comentário: