Dava muito trabalho ser uma pessoa que não era. Codificar trejeitos, rede-codificar maneiras de se comportar e de sorrir, não conseguia mais. Estava gostando agora, dessa sua nova versão um pouco mais 'eu' de ser. Para que sofrer por amor se não há amor para se sofrer? Qual o sentido de se preocupar tanto quando tudo que você quer está nas suas mãos? Agarra logo a vida e não deixa ela escapar. Passou a ser sua nova filosofia. Telefone desligado, tudo bem, sozinha, mas era bom estar sozinha nas ultimas horas. Sempre alguém, com alguém, tantos alguens. De uns dias para cá, não sabia mais o que era ficar solitária por mais de oito horas, quando estava dormindo.
Tudo bem, faz parte. Reconsiderou. Se, o elefante azul fosse meu passado existencial, e o rosa no entanto meu futuro planejado, não há diferença em ambos, de modo algum. A diferença não esta nem mesmo nas cores. Quem poderia garantir que o azul em sua evolução futura como uma mescla de cor brilhante, difundindo em suas matizes não roseou?
Bebeu do café deliciada. Sim, era uma delicia estar no poder de sua própria direção. Lispector de repente tinha total razão. Liberdade é pouco, o que eu quero ainda não tem nome, pensou. Muito pouco. Um tanto sexy, um tanto low, um tanto gata manhosa, mesclada com seu charme de sempre, tão perdida, tão distrativa, tão pensativa, confusa, descabelada e só, bebeu seu café, pensando apenas no momento presente enquanto os laços da vida faziam por si só.
Annabel Laurino