Eu pensei em escrever umas coisas bem duras e feias e
grotescas. Cheias de espinhos, palavras amargas, pesadas, que expusessem tudo
que eu sinto aqui dentro, amarrado no peito com um nó de marinheiro e que eu não
consigo desfazer.
Mas daí a noite foi
breve, o vento raspou nos meus cabelos pela manhã e eu vi que não vale à pena,
sabe? Nem um segundo meu ou seu nesse mundo necessita de tanto rancor, esse
amargo, essa coisa de ficar sujando o que um dia já foi tão bonito, com
palavras tão depreciativas e acusações recíprocas. Faz bem pra quem?
Eu mesma fui dormir
com o peito pesado, me sentindo péssima, culpada. Sempre fico culpada quando
algo da errado na minha vida, seja alguém que vai embora ou algo que
simplesmente não rolou. Mas parando para pensar, não tenho culpa não. Eu que
sempre fui tão livre, limpa, inteira, sempre tão sincera. Minha maquiagem
sempre tão transparente. Olho nos olhos das pessoas e não escondo o que eu sou.
Não tem esse papo cafona, de me desculpa
não sou perfeita. Você vai pedir desculpas por um fato? Ninguém é meu bem,
todos nós somos o que somos. Acordamos descabelados, necessitamos de banho,
comida, e carinho. Sim, carinho! Se sou imperfeita por isso, obrigada vida, já
estou acostumada com isso e não quero mudar.
A questão é que
acho que chega disso, to tão levinha, o coração parece um balão flutuando num céu
quase quebrando de claro. Chega vai. Não to com cabeça para dizer pra você o
quanto fiquei triste quando você desistiu de mim. Ou o quanto eu me magôo fácil,
eu e meu gênio de criança pequena. Também não quero ouvir os danos de que te
causei. Já foram explicados, resumidos, fadados e até mesmo, arquivados.
Desejo um bilhão
de estrelas luz no céu clareando seu rosto e te servindo de paz, que a sua vida
seja cheia de nuvens claras, teus caminhos sejam cheios de luz, amor e paz. E que
você encontre seu caminho, que a gente encontre o nosso caminho. Quem sabe a
gente não se cruza por ai? A vida é uma passagem cheia de curvas. Não levo
malas, não guardo o que é desnecessário, meu principal objeto de valor quem
sabe, é um sorriso nos lábios.
Porque o hoje, amanhã, será um ontem eterno.
Annabel Laurino.
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