Annabel Laurino
sábado, 4 de agosto de 2012
Bobagem é não viver a realidade
Eu queria. Muito. Mas depois as horas perduraram no relógio e tudo que eu queria era dormir. Mas não mais com você. Não mais sonhando ou pensando em você, só dormir. Entende? Não? Tenta vai. Eu só queria. Te queria, queria a gente, queria nós, enroscados, entrelaçados, dormidos, acordados, despertados, sedentos, famintos, mas não rolou, não desenrolou, só complicou ainda mais. Ficava olhando você através daquele caleidoscópio sem lógica, perfurando todos os teus defeitos inimagináveis e achando que podia lidar com cada um deles. Sei lá, foi mal, não posso. Você não ajuda também, não ameniza o choque. Fica me embebedando das suas crises, das suas coisas diferentes de mais para mim e nem espera para que eu digira. Achava que minha sede é de amor, mas minha sede é outra. Que você me deu no começo, e continuou me fartando dia após dia, de todo esse seu carinho, mas dai tive que começar a abrir mão de coisas, dizer adeus para tantas outras, dividir meus dias ao seu lado e vi você, amontoando seus pacotes de vida, costumes antigos, manias chatas, coisinhas pequenas ao lado, como um mero animal se preparando para o inverno. Você não querendo abrir mão de nada seu, e logo achando que seu carinho a mim depositado era muito. Mas era o minimo meu amor, meu amigo, meu fado, meu anjo, meu lindo. O minimo. E eu toda enferrujada fazendo ao máximo para criar em mim um coração, como o Homem de Lata em o Mágico de Oz e você como o Leão, o covarde. Não consigo te dizer mais nada, só isso. Acordei de um sono lento enquanto assistia a novela, sentada no sofá da sala. A realidade difundida na minha cara sonolenta, nas minhas retinas escuras, e eu toda boba, querendo fantasiar.