domingo, 27 de maio de 2012

Vestida de Esperança


    Te procuro em outros rostos, espero te ver por ai, a qualquer momento. Eu até te receberia aqui em casa, qualquer hora da madrugada, despenteada, de pijama amarrotado, sem maquiagem, cheirando a café e livros velhos. Eu abriria a porta e sorria, não teria exaustão, coisas passadas, medo de escuro e da noite. Qualquer sentimento recíproco seria mero sentimento perto de te ver novamente. Te olhar. Ah sim, essa é minha sede que não cessa e que arranha na garganta como coisa viva que não vai embora.
    Mas fico tranqüila, da melhor forma que posso ficar, aceito o inevitável, por que afinal, é melhor assim, não é mesmo? Eu sei. Não precisa ser agora, tudo bem. Mas eu ainda abrirei a porta para você novamente, ainda verei você entrando, sentando no sofá, não estarei descabelada, não cheirarei a café ou a livros velhos, será um dia qualquer, eu não estarei esperando. E será lindo. Ah sim. Eu sei. Acontecerá, quando tiver que acontecer.
    Lindo. Será Lindo, fico repetindo.



Annabel Laurino. 




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