sexta-feira, 9 de março de 2012

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Ah meu bem, se a dor fosse amiga me sentava com ela em um banco qualquer da praça, tipo logo na hora do pique do dia, tomando um chá gelado, dividindo uma barrinha de cereal de avelã e contando como meu corpo inteiro lateja em meio à nossa compatibilidade. Se a dor fosse amiga, eu ligava para ela no meio da noite e diria: "você me dói tanto quanto também me faz bem por ser minha amiga, mas agora me doou de você. Tanto, tanto...". Se a dor fosse amiga... É, mas ela não é. Por isso fico quietinha aqui, prometo não estragar tudo, peço perdão por quão errado foi esse resvalo, limpo a boca, respiro fundo, bebo do chá gelado e como sozinha minha barra de cereal. Feliz e sem dor para ter que compartilhar.

Annabel Laurino

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