As vezes, até mesmo, que por se diga assim, se sente fome, e saudade, e a solidão assoma tanto, que forte e densa, ela preenche o espaço do vazio, e tão grande e gorda, machuca, dói, não há o que fazer.
Por que te sentes só? Ninguém sabe dizer.
Como dizia Clarice, é uma verdade que todos nós somos um pouco triste e nos sentimos um pouco só. É fato exorbitante.
E o que há de se fazer? Não sei. Desculpe-me, não sei. Se quer mesmo saber, prefiro essa solidão danada do que me escorar em qualquer corpo por ai, procurando abrigo, e mesmo assim, no fundo, ter por dentro, aquela terrível verdade aguda de que de qualquer modo continuo só, por que não é quem quero, quem mata a minha solidão, quem desfere a golpes essa tristeza.
Não sei, cada um faz o que pode, como pode. Tem gente que não liga, tem gente que chora, que grita. Não sei. Acho tudo muito tristemente cansativo.
Eis que engulo a verdade, aceito o fardo.
Somos todos muito só.
Annabel Laurino.
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