Não sei por que estou chorando. De repente bateu uma
tristeza tão grande. Como uma coberta quente e pesada, jogou-se sobre mim. Não
pude negar, na verdade nem tive tempo. Só comecei a chorar, e chorei e chorei. Por
tudo talvez, por saber que não volta mais, por saber que tudo mudou. Que de
alguma forma eu mudei, e não sei se gosto de como estou agora, de como as
coisas estão. Agora que vejo o quebra-cabeça montado a minha frente, concluo
que não me agrado do que eu vejo. Não gosto nem mesmo do que vejo quando me
olho no espelho. Da proporção do brilho desses olhos de ressaca, olhos amargos,
não gosto de como olham pra mim. Choro, por que sinto sua falta, e sinto falta
de um carinho, um colo que ninguém da, um abraço que ninguém dispõe a estender
seus braços e me envolver. Choro por que penso que preciso ser amada, mesmo
quando eu menos mereça, por que é assim que deve ser, ser amada quando eu for
uma idiota, uma burra, por que eu sou humana, eu erro também. Foi assim que
sempre te amei, aceitando seus erros. E por que não agora comigo também? Seria
isso uma resposta? Você não me ama? Choro. Engulo a verdade e choro ainda mais.
Ta sendo um dia difícil, um dia que podia ter sido bom, fácil, calmo, assim
podia ter sido, mas se tornou terrível, está quase que sendo... Péssimo, algo
assim.
Annabel Laurino.
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