Acabaram-se os dias de alegria, as regurgitações nervosas no
peito, as palpitações de euforia latejando nas palmas das mãos suadas, os
sorrisos envergonhados, roubados, os beijos, os amassos. Lá se foram as
ligações no meio da madrugada, sobre assuntos quentes, vezes por expressão de
duvidas vertiginosas, ansiedades, mágoas não comentadas.
Ficaremos
estampados em porta-retratos e fotos guardadas no computador. Eu e você, um ao
lado do outro, sorrindo. Guardaremos conosco dias chuvosos, tardes ventanosas,
dias alegres e por vezes, quem sabe sempre, o nosso amor aprofundado no brilho
dos olhos enquanto se soava o clique da foto.
Seram guardados os
cheiros, o toque dos fios de cabelos, o encontro dos corpos, os beijos ansiosos
e famintos. Nos guardaremos na memória. Em uma caixinha secreta, quem sabe. Mas
nos guardaremos.
Afinal, essas
coisas não se esquecem assim. Não é sempre que se tem um amigo e depois
descobre nele um amor. Não é todo dia que se entende o que é amar, se apaixonar
e ver aquela coisa insana crescer dentro da gente. Não é sempre que aprendemos
a lidar com a dor, com a saudade, e driblar o egoísmo humano que muitas vezes
fala mais alto.
Eu aprendi isso,
aprendi que não posso pedir de você mais do que você pode me dar. Que não posso
mudar ninguém, muito menos você. Não posso obrigá-lo a ser aquilo que não és e
fazer aquilo que vai da além da sua capacidade de lhe ser. Por isso parto.
Carrego na mão algumas fotos, músicas, imagens e sensações de sua presença
sempre ao meu lado. Guardo seu riso, sua voz e você sussurando baixinho
“amor.”. E quando lembro-me na metade do caminho de que dizias que me amavas,
não sei se acredito, se realmente faz diferença acreditar ou não, mas sustento
essa frase e repito de imediato: “Oras, eu também te amo.”
Por isso, parto.
Annabel Laurino.
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