segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Me deixe em paz!


    Me deixe em paz. Finja que não me vês e finjirei que não te verei. Finja. Como sempre fizeste. Finja que não sentes o calor do meu corpo e nem a vontade de falar. E assim eu fingirei que nada aconteceu, que nada surgiu, que foi tudo simplesmente apagado da minha memória recém fresca e confusa.
    Eu peço apenas para que me deixe em paz. Me esqueça, me anule. Parta a minha imagem da tua memória e regrave outro rosto de uma vez. Faça qualquer coisa! Me compare, me descole, me desgrude, me jogue, mas me esqueça! Me deixe em paz.
    Essa dor. Essa horrível dor dilacerante de querer falar e não poder, esse jogo, essa luta, esse conflito de ter que ser forte quando eu quero chorar de raiva e dizer que te odeio até não poder mais.
    Você não luta, você não sabe correr atrás, você não sabe buscar aquilo que você quer e não sabe como dói ser ignorado, não ser correspondido. Então chega. Cansei. Estourou toda a minha cota de ser gentil, amável e compreensiva. Chegou no meu limite, aturei por tempo de mais essa novela repetitiva. Eu engoli seus dramas, disse que os encararia, que se precisasse eu ficava ao seu lado embora que todos eles se voltassem contra nós. Eu estava disposta a lutar por você. E você, sentou-se sobre sua cadeira fria, cruzou os braços e me ignorou. Agora... Bem, agora me deixe em paz.


Annabel Laurino.

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