terça-feira, 16 de agosto de 2011

Castelos de Vidro. Pães. Transbordante. Se perdeu...

    Eu jurava que você ia ser meu príncipe encantado. Que íamos cavalgar sobre um cavalo branco de pelos sedosos e prateados cujos finos fios brilhariam sobre um sol invernal incrivelmente quente e reconfortante. Iríamos acompanhados de nossos corações transbordantes, abarrotados de promessas de um futuro juntos, um futuro inabalável e surreal. Eu jurei que seriamos felizes. Que você colocaria dentro de seus bolsos todas as suas duvidas, seus medos, que você olharia para mim e diria: “Não importa, é você que eu quero.”.
    Jurei também, silenciosamente, sozinha em meu quarto, escutando uma musica qualquer, que você iria me ligar no meio da noite, que diria assim: “Estou com saudades amor, lembrei de seu beijo, não posso mais viver longe de você.”. E assim, nessas juras eternas, nesses sonhos de vidros dos quais fiz a mim mesma, me perdi em um carretel de lã do qual o novelo se enrolava rapidamente sem nunca parar. Jurei que seriamos felizes, jurei que você iria me querer, jurei que você ia me amar, jurei que íamos ficar juntos, jurei que seria tua amor, jurei que serias meu então.
    Porém o que eu não sabia, é que essas juras nada me valiam. Foram como lenços de papéis jogados no vento, rasgados e pisoteados. Teu perfume de mim já se perdeu. Não há mais o que fazer. Descobri-me nessa insana sede de te querer sendo como uma criança, complemente pura e ingênua, construí à minha frente um castelo amarrotado de sonhos, prendi em minhas paredes fotos de um futuro só nosso, imaginei falas de um roteiro do qual você iria seguir, me dizendo que me amava que me queria, e cumprindo tudo depois.
    Esses meus sonhos de criança... Esses meus sonhos recheados de ilusões. Como um pão doce, eles foram saindo pelas bordas e se derramando ao chão. Um grosso e tempestuoso vento chegou, levou você de mim, o seu medo, as suas duvidas, e sua infantilidade real, você se deixou levar por tudo isso, e sua falta de fé no que eu tanto jurava ser nós dois, se perdeu, morreu. Agora sou só eu, sem você. Não há mais você.
    Meu castelo de vidro agora se rachou, minhas fotos á água fez questão de manchar, e todos os scripts secretos dos quais eu bolava mentalmente em minha mente apaixonada, foram cuidadosamente apagados, deletados, perdidos.
    Como a história de eu e você.



Annabel Laurino.

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