sábado, 29 de janeiro de 2011

Vazio.


Não quero deitar para dormir amor. Não me deixe. Por favor.
Não quero repousar meu corpo sobre aquela cama quente e vazia. Não quero sentir o pavor ao descobrir que seu corpo não esta ao lado do meu, como deveria estar.
Não quero tentar dormir, e pensar, pensar e pensar. 
Que você não está mais aqui.
Não me deixe ir. Grite e exija, mas não me deixe ir.
Diga, “Não vá” e prometo não ir.
Não quero sentir tua ausência se alojar em mim, não quero sentir o vazio ao meu lado em qualquer lugar que eu vá, o vazio de que você não está mais aqui.
Você está compassando passos do outro lado da rua de onde me encontro, está desfrutando de outros sons e sabores dos meus, está tão bem, tão feliz. 
Egoísmo meu pensar em te pedir para voltar para o meu lado de cá.
Egoísmo meu cogitar a idéia de se quer pedir para você atender a minha ligação.
Mas amor, por favor, não me peça para deixar de te chamar de amor. Não me peça algo que nunca vou conseguir fazer. Não peça para deixar de esquecer a sua voz, o seu corpo, o seu cheiro, seu gosto.
Não me peça para não pedir para você me exigir ficar.
Não quero sentir, mais uma vez, depois tantas outras, o escuro encobrindo meus olhos, o vazio onde você deveria estar e que nenhum outro poderia ocupar.
Não quero pensar não ter você aqui. Mais uma vez.
Não quero deitar para dormir, naquela cama macia e quente, que você não está. Que você insiste em não estar.


Annabel Laurino.

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