Acordo em uma vaga manhã de um dia qualquer e vislumbro o céu. Aconchego-me na alma e recosto-me nos sentimentos translúcidos de meu coração. Passo as mãos sobre os cabelos e me pergunto “o que temos hoje?”. Acendo a luz de meu espírito e vislumbro-o mais uma vez, procuro em meio a guardados e repentinos fatos de algo que possa me dizer o que sinto hoje. Hoje me sinto só.
Sinto-me só e sem respostas. Nem mais meu próprio eu preocupa-se em responder minhas incansáveis e inquestionáveis perguntas.
Às vezes me deparo com o mundo e o acho tão rotineiro. Tão comum. Talvez nem seja culpa do mundo, mas das mentes que o ocupam. Tão inertes em si próprias, tão egoístas.
Sei lá qual meu problema as vezes. Se me perguntasse o motivo que me sinto só eu não saberia responder ao certo. Talvez seja a cruciante saudade de sempre.
A saudade daquela velha amiga que, no entanto não a reconheço mais. Não a reconheço, não por que tenha crescido e se desenvolvido mais, mas por que tenha mudado, deixou de ser minha amável amiga para uma simples e mera desconhecida.
A saudade um aconchego melhor, de acordar de manhã e receber um abraço, de ter para quem ligar para quem contar segredos, para quem dividir a vida mesmo essa sendo tão pacata as vezes.
Queria que todos me entendessem as vezes, mas isso é pedir de mais. Nem mesmo eu própria me entendo.
O mundo tornou-se um vago e repentino esboço do que não ser para mim.
Tento não me sentir assim, tão submersa da realidade, ou até mesmo fantasiar de mais. Sabe, fantasiar as coisas, achar que tudo pode mudar de uma hora para outra. Sendo que as coisas só mudam quando resolvemos mudar.
Tento não me sentir só, com as minhas mudanças. E eu mudo constantemente. As vezes apaixono-me, e então desapaixono-me. As vezes amo tudo, tanto depois, odeio. Acabo então me sentindo só por ver que todos ainda amam tudo que amavam ainda a dias ou anos atrás.
O que há de ser comigo?
Não sei bem responder. Não sei explicar.
Talvez seja falta do que pensar ou do que sentir. Seja lá o que for a arte da solidão é como uma carência sentida, um aprofundamento solitário no ato de ter sede de algo. De não poder ter, mas querer, a alma anseia, flameja, arde e grita.
Eu grito.
Annabel Laurino.
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