sexta-feira, 29 de junho de 2012

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“Eu com minha tpm, meus livros e meu jeito meio-gato. Ele com seu ciúme camuflado, seus mil projetos e seu jeito de abraçar o mundo…Mas quer saber? Eu olho pra ele e fico pensando sozinha: será que alguém nesse mundo faria o que ele faz por mim? Porque ele me escuta, me aguenta, me mima, me inspira, me faz sentir a mulher mais linda e especial do mundo.


Fernanda Mello

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Não se concentre tanto nas minhas variações de humor, apenas insista em mim. Se eu calar, me encha de palavras, me faça querer dizer outra e outra vez sobre você, sobre nós, e todo esse amor. Se eu chorar, não me faça muitas perguntas, não precisa nem secar minhas lágrimas. Só me diz que você continuará comigo pra tudo, que tenho teu colo e teu carinho. E ainda que te doa me ver assim, me envolva nos teus braços e diga que eu posso chorar, mas que você não sairá dali enquanto eu não sorrir. Porque é isso que nos importa, não é? O sorriso um do outro. Não é? 


(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

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   "Aconteceu alguma coisa e faz tempo. Eu é que tô atrasado. Uns seis meses, pelo menos? Pode ser. Mas eu preferia ouvir um sermão da montanha do mestre Yoda ou uma previsão quente daquela sua amiga fofoqueira e mal comida, do que essa verdade incompleta sobre nós dois. A gente simplesmente se acostumou com a ausência um do outro. Desistimos de regar o jardim. Deu errado. Tá, caramba. Só que todas essas explicações lógicas parecem contas matemáticas da segunda série pra mim: um processo simples que meu coração já decorou – só não entendeu.
    Porque eu ainda gosto de você, da sua voz, da sua raiva, dos seus tremeliques, dos lóbulos das suas orelhas, do cheiro, da pele, do seu modo de ficar, dos seus pés e coxas, do problema que você me traz e do seu jeito de não fazer nada, até. Eu gosto. Entende?(...)
    Eu queria tudo ou nada. Agora ou nunca mais. Não te abrigar num lugar tão confuso, apertado e cuidadosamente despreparado como a corda bamba do meu coração. Você está lá. Ainda que sem vida ou ordem. Mas, está. E é assim que eu toco o barco. Às vezes com a sensação de que o vento que empurra o meu cabelo pra trás é você."


Lucas Simões

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   Achei que devia casar contigo. Montar uma família, colecionar pratos, ficar bonita e feliz durante um bom tempo. Tsc. Não sei o que me faz falta: só sei que no meio de tantas buscas e abismos e desencontros vazios, eu tropeço quase sempre em você. No fundo e com uma pontada de saudade, preciso apenas que você mostre que ainda esta aí. Manda um sinal de fumaça, um telegrama, uma interrupção em rede nacional na programação televisiva do país inteiro em minha intenção, ou um alô genérico qualquer. Quero saber se você ainda existe, daquele jeito meu ou de qualquer um. Não importa tanto como você vai aparecer. Eu vou gostar, saiba disso apenas.[...]
    Você é minha esperança em fitinhas coloridas ao vento com as melhores mensagens que alguém pode desejar a alguém. Minha pessoa favorita, eu poderia dizer. Te quero junto e perto, contrariando nossos desconhecidos limites geográficos e sentimentais. Bem me quer, mal me quer, me aceite. [...] Não quero perder nada. É o meu pedido.


Lucas Simões

terça-feira, 26 de junho de 2012

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Nada de mau me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos (…) Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.



— Caio Fernando Abreu


domingo, 24 de junho de 2012

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Então a vida era quase sempre a mesma. Uns casos de amor aqui e acolá. Nada surtia mais efeito. Como vacina de gotinha para quem já havia furado o braço de lado a lado. Como arranhar o braço para quem já havia quebrado a perna. Tudo repetitivo, um script inteiro decorado. Sabia as falas. Sabia o fim. Não se surpreendia. Olhava em volta e até mesmo as cinzas de um final de domingo eram as mesmas. Repousada na cama quente, um livro aberto no meio das pernas grossas, um café ao lado e se perguntando por que a vida não tomava jeito de lhe surpreender. Criticava-se constantemente e procurava elogios para receber. Seus amores platônicos sofriam porque não sabia ser platônica. Sua sorte não recobrava-a de lucros porque ela não sabia ter sorte, adivinhava constantemente o futuro. Não sabia viver. Era chato. Tudo parecia vago. Até esses pensamentos meio que bifurcados, sempre aos finais de domingo, repousada na cama do quarto tentando saber o que fazer assim que o dia acabasse. Ou o novo dia começasse. Enfim.

Annabel Laurino.

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     E novamente eu penso que não tem nada aqui. Não tem nada nas páginas da internet abertas esboçando seu perfil. Não há nada nas fotos antigas. Nada nas musicas que escutávamos. Que intitulávamos como nossas. Nas frases do Caio Fernando Abreu para que eu possa me segurar, nada nas roupas, nenhum cheiro seu. Nada na carta, nos bilhetes. Nada nos livros nas prateleiras. Não há nada em lugar algum. A não ser a saudade, que ainda esmaga forte no peito como milhares de apunhaladas que doem de verdade. Eu passei dias chorando sem saber que estava chorando, só agora, transbordando em lágrimas quentes eu sei que chorei de verdade, durante dias, e nem sabia.
    É difícil saber, mas dói todo esse afastamento, essa coisa de se fazer de durona, puxar as próprias rédeas e não se permitir estender a mão para te tocar. Como uma criança levando um tapa na mão por querer o doce, não toque no doce, alerta a mãe. E eu sofro como uma criança, por que eu não entendo essa proibição. Quando irei entender?
    Sou eu mesma que me proíbo. Nos proíbo. Só para não me doer, te doer, me arder.
    Mas me doou mesmo assim.
    É difícil olhar suas fotos e não entender por que eu ainda gosto tanto de você.
    Gosto mesmo?
    Não sei.
    Mas se dói tanto, difícil achar que não.
    Quando alguém te faz sentir tantas coisas assim, esmagadoras, vorazes, é difícil achar, mesmo que por um segundo, que é mera bobagem.
    Sem mover um músculo, eu não me movo na minha divagação solitária, faço cara de paisagem, choro baixinho, caminho até a cama e me escondo embaixo das cobertas. O coração? Um cactos retorcido, aspinhaçado, cheio de espinhos, de buracos verdes, queimaduras do sol, um vegetal dolorido. Chorando pela proibição do sentir.

Annabel Laurino.

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Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam  sempre sede no fim. 




 Caio Fernando Abreu

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Talvez ele tenha ido embora, talvez volte, talvez tenha morrido. Não sei. A minha cabeça estala. Eu não suporto mais. Espalhei os retratos em cima da mesa.  Fiquei olhando. Despetalei devagar a margarida até não restar mais que o miolo granuloso.  O sexto retrato é um cadáver. Acho que sei por que ele não veio. O barulho da chuva é o mesmo de seus passos esmagando folhas que não existiam. 
Flor é abismo, repeti. 
Flor e abismo.




Caio Fernando Abreu

sábado, 23 de junho de 2012

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Voltei a escrever! Não vou parar nunca, por mais inútil que seja (e talvez não seja).



Caio Fernando Abreu, carta a Nair Abreu



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Ser humano é adaptável... A tudo nessa vida, adapta-se. 


annabellaurino

sexta-feira, 22 de junho de 2012

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" Mas por que esse mal-estar? É porque não estou vivendo do único modo que existe para cada um de se viver e nem sei qual é. Desconfortável. Não me sinto bem. Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal-estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza."

Clarice Lispector - Água Viva

Distante

Tão longe de casa
Tão longe meus pés do chão
Tão longe dos teus braços
Das lindas relvas verdes dos altos campos distantes
Tão longe das estrelas
Tão longe de mim
De você
Tão longe do lar
Tão longe 

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Dia pra esses olhos sem te ver
É como o chão do mar

Questão Vertiginosa, Marca transparente


    Não faço a mínima ideia de onde você esteja. Você sumiu do mapa e eu ainda estou pressa a essas lembranças dolorosas que mastigo lentamente todos os dias, como um chiclete velho que eu fico tentando, lutando, para que não perca o sabor.
    Mas o que exatamente eu tenho para lutar?
    Sei, no fundo, eu sei que estou fadada e permanecer por toda vida nessa saudade absurda, de lembrar, de ver você em todos os lugares, de inventar histórias, momentos em que iremos no reencontrar por ai, em algum lugar ou momento inesperado.
    Parece cruel. Sim, eu sei.
    Como me permiti a tal marca?
    Você assim, em mim, não consigo apagar.


Annabel Laurino.

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   E agora, o tempo passou, o café quente esfriou e não cobre mais os ressequidos dos lábios secos. Estamos entrando no outono daqui uns dias e essas tardes úmidas só me fazem lembrar de você. Logo as folhas das arvores vão mudar de cor, as areias das praças ficaram úmidas e arenosas, cobertas de folhas avermelhadas e amareladas. Caminharei por essas ruas de pedregulhos históricos e me lembrarei de você. Quando enfiar a cara no ar gélido de junho, vou me lembrar de você. E quando enfim julho chegar, novamente, vou sentir o estomago frio e revirado de saudade, como tem que ser. Vou assistir um filme de lembranças, vou lembrar de todas as coisas e vou sonhar com você. Será como uma história bonita, contada por faunos e floras, flores de inverno, flocos de neve que não caem por aqui. Impossível, irreversível. Que agora só existe na minha cabeça, como um livro empoeirado esquecido em uma prateleira de um sebo velho qualquer. Bonita, dolorida e tristemente só.


Annabel Laurino



- escrito em 16/05/12

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De repente me encontrei não querendo saber de você e te pedindo para partir.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

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Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. 




Caio Fernando Abreu.





quarta-feira, 20 de junho de 2012

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“Tão difícil deixar fluir. Mas é o que precisa ser feito agora."




Caio Fernando Abreu

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“Eu me acostumei tanto em ser sozinha que já não sei mais ter alguém.”
Verônica H.

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"Eu que gritei para tantas pessoas ficarem, hoje só quero mesmo é que elas sumam de uma vez por todas. E em silêncio, que é pra ninguém ter porque se lamentar."

Tati Bernardi

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"Alguns hábitos são impossíveis de se abandonar. Como não impedir que as pessoas que queremos por perto vão embora. Nem aquela velha mania de dizer a simples frase: “Eu me importo com você”. Não ligar. Não demonstrar. O coração implora, grita e nosso orgulho se faz de surdo. Nós somos fortes, né? Sobrevivemos, superamos e esquecemos. Quanta bravura! No meio disso esquecemos que abandonar velhos hábitos significa nos permitir viver coisas novas. Sair do mesmo cenário e nos livrarmos da mesmice. Algumas vezes a melhor saída é encarar o risco, o perigo, o medo. E simplesmente se deixar levar. Simples, complicado, leviano. Ceder ao orgulho é tão mais fácil. Tão mais divertido. Afinal, dizem que tudo que é verdadeiro volta. Eu não volto. Por mais que eu queira, por mais que sinta. Não sou de ceder. Vou levando, escondendo e deixando “pra lá”. Talvez descubra que é tarde demais quando encontrar alguém exatamente como eu. Que não vai ligar nem se importar. Nem voltar. E aí? Perdi uma chance? Cuidado. Seja seletiva, mas não seja tão dura consigo. Tente, experimente e deixe o seu orgulho descansar um pouquinho. Possivelmente há alguém esperando só uma brechinha para entrar na sua vida pra fazer tudo mudar. Algumas barreiras podem e devem ser quebradas – mas a sua armadura anda te protegendo demais. Permita-se, antes que seja tarde. Tarde demais."

terça-feira, 19 de junho de 2012

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Fico repetindo na cabeça, em voz alta não, não traz harmonia, fico repetindo e repetindo, procurando entoação, fixação. The really problem. E fico, minutos, segundos. Até que decido, subitamente, em um momento de tamanha alegria e satisfação, o peso diminui a nada. A desistência de pessoas na vida da gente, descobre-se, é reconfortante muitas vezes. Lembra, fecha-se uma porta, abre-se outra. Outra porta, sempre se abre. Don't worry.

Annabel Laurino

domingo, 17 de junho de 2012

Vigas amadeiradas rompem-se para uma reflexão curiosa. Assombrosa.


    O teto do quarto continua intacto. Quer dizer, como um teto normal deve ser. Não sei se o seu é assim. Mas o daqui, a essas horas da madrugada, continua completamente apático em sua pintura branca de madeira antiga. Não entendo de tetos. Mas olho para cima a um bom tempo como se entendesse. Ou como se visse algo de especial estampado nele. Não há. Apenas ideias flutuando no fundo da retina, brilhando e refulgindo, sem parar.
    Sou só eu que perco o sono? Tenho certeza que não. Mais uma leitura de um livro completada, Stand by Me toca nos fones de ouvido e eu tenho uma vontade louca de chorar, mas é uma vontade mais próxima de morder os travesseiros, abraçar as cobertas, saber que to viva, que alguém me toca, aperta meu braço. Mas não toca, não aperta. Tenho vontade de saber que alguém ta perto, mas não tem nada, ninguém. Sou só eu, afundada em meio a um amontoado de cobertas, com kilos de livros em cima da minha cabeça, nas prateleiras, e um livro de um tamanho imenso, ao lado.
    Entorpecida, é ai que começo a olhar para o teto. Não sei, jogada na cama, afundada na vontade voraz de sentir qualquer coisa, sem ter como sentir,  entro na aceitação. 
    Aceitação é o primeiro passo.
    Então o que vem depois?
    Você nunca se perguntou o que você esta fazendo da sua vidinha rapaz?
    Eu me pergunto a respeito todos os dias.
    A resposta, quase sempre decepcionante.
    As vezes eu penso que posso morrer a qualquer segundo. Me pergunto: Então se tudo acabasse agora, nesse exato instante, eu estaria deixando o que de bom para trás? E o que eu estaria levando de bom? O que eu teria construído realmente de importante, e o que eu estaria levando de lição?
    Não se trata de auto reconhecimento, mantra cântico de yoga, salvação ética ou moral, papo cabeça de psicólogo mal formado, não se trata de auto-ajuda, momento inspiração divina. Trata-se apenas de uma verdade daquelas que é como se olhar no espelho e ter que encarar que querendo ou não, você não acorda como as mulheres dos filmes, incrivelmente maquiadas e lindas. De cabelos penteados e prontos.
    É a verdade que assusta. Você é um humano. Você não é perfeito. Ponto.
    Fico pensando, às vezes, tão perdida na insensatez da carne, quanto egoísmo meu! Mas às vezes, na minha forma humana e carnal de encarar as coisas, da vontade de viver tudo de uma só vez. Usar os esmaltes, um de cada cor, cada dia da semana, todos os batons, mudar de estilo cada dia da semana, ir picotando o cabelo e tingindo, ler todos os livros, o máximo que puder, ouvir todas as musicas, visitar todos os lugares, conhecer o máximo possível de coisas, aprender, etc. Da vontade de abraçar o mundo e ficar segurando ele e dizer no final que vivi.
    Tão fútil.
    Você morre e leva que esmalte, que cor de cabelo, quem vai lembrar de você falando de livros como uma neandertal em uma época tecnológica? 
    Egoísmo minha cara, não convém.
    Repentinamente da vontade de salvar alguma coisa que não seja eu mesma, da vontade de sair porta afora e abraçar qualquer morador de rua. O mesmo sangue que passa pelas minhas veias, passa nas veias sangrentas dele também. Da vontade de chorar só de imaginar o quanto de tempo se perde pensando em uma única pessoa, o dia inteiro, 24 horas por dia, e essa pessoa sou eu mesma.
     Não é como jogar uma mochila nas costas e ir para a África, fazer uma rebelião, arrecadar fundos para os carentes, Madre Teresa de Calcutá, ao estilo John Lennon e Yoko Ono, não é isso. Não é nadica disso. É mais ou menos como se sentir viva irmão, viva, entende? Mas sem me fazer viva, é a graça pura de tocar uma pele que não é a sua, um desconhecido, olhar aqueles olhos vagos de quem já percorreu tanto, caminhos tão diferentes do seu, e não se importar com etnia, cor da pele, cor do cabelo, fundo bancário, carro do ano, roupa da moda, sapatos caros. É estender a mão e dizer: Vem irmão, vem, eu você e todo mundo estamos no mesmo barco, vamos morrer um dia, e sabe lá Deus quanto tempo ainda me sobra, mas além das estrelas ou do Universo, nesse momento crucial eu te ajudo, me ajudas também.
    O teto ainda parece branco, em tinta, em cor, em apatia total, sem nada me dizer. Mas há uma voz clara, uma candes completamente quente que pulsa, dentro, fora, dos lados embaixo, muito além de mim. De repente um caminho começa a se formar, uma ideia quase pronta na cabeça, uma vontade no coração e não pareço mais estar sozinha. Solidão é quando não temos capacidade de amar, amar, amar. 
    Quanto necessário seria repetir para entender que amar é quando não pensamos mais em nós mesmos? 
    Teto branco, caminhos brancos. Pensamentos genuínos.

Annabel Laurino.

sábado, 16 de junho de 2012

Repetitivos e Repentinos


    Passou a mão pelos cabelos. Gesto repetitivo ultimamente. Tomou um gole de café. Um vicio repetitivo ultimamente. Olhou, dispersa, através do vidro da janela do quarto. O peixe preto nadava notoriamente, de lado a outro, pelo aquário. As arvores, apáticas pelo frio repentino. Aliás, tudo parecia repentino naquela hora. Uma mistura de sentimentos que eclodiam dentro de si mesma, sem saber decifrá-los individualmente. Sentou-se no peitoril da janela e jogou as pernas para fora, os pés mal alcançando as telhas velhas da varanda abaixo. Contou, entediada, quantos pássaros voavam no céu, rumo a norte. Contou quatro. O mesmo número de dias que não se falavam mais. Incentivada pela contagem, contou mais algumas coisas. Quanto tempo fazia desde a primeira vez que o vira. Fácil. Tentou, inutilmente, contar todas as brigas, não conseguiu. Eram muitas.
    Não entendia ao certo por que tanto brigavam. Complexo? Eram tão diferentes? Tão iguais? Tão egoístas? Tão explosivos? Tão dramáticos? Não entendia. Fazia parecer que não podiam se suportar mais do que algumas horas sem que alguma coisa saísse voando pelos ares, estilhaçada em cacos.
    Perguntou-se, assim como todas as outras vezes, se nesta em especial, haveria como fazerem as pazes. Sorriu ao se perguntar isso, fazia parecer que ainda estava no jardim de infância e que acabara de puxar o cabelo da sua coleguinha ao lado, tendo logo que lhe pedir desculpas antes que ficasse sem sua merenda.
    Desta vez, sabia que não teria a merenda, recusava-se veementemente a reclinar-se e ceder. Não cederia. Já havia cedido tanto... Não regressaria a sua fase deprimente de quase um ano atrás. Aquele maldito tempo em que sua cabeça havia saído do lugar. Não se machucaria novamente. Estava decidida a deixar com que as coisas fluíssem, nem que para isso, ficasse sem sua merenda.
    Decaiu em lembranças fortíssimas, uma saudade, quase esqueceu de sua certeza, quase se esqueceu de tudo, quase pulou por cima do telefone, se jogando longe da janela, e discando os números freneticamente, sem pensar. Quase. Não o fez, não o faria. Sabia profundamente que o tempo havia passado, que a hora havia passado, que os dias haviam passado. Que algo dentro de si havia mudado. Não correria atrás, não se pronunciaria.
    Pegou a caneca de café no peitoril da janela e bebeu de dois longos goles. Sentiu o corpo quente, por dentro, apenas por dentro. Fechou os olhos, inspirada na injeção múltipla de cafeína, fechou os olhos.
    Gestos repetitivos.
    Sorriu.



Annabel Laurino.
   

sexta-feira, 15 de junho de 2012

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Sei que tudo isso é tremendamente confuso, incoerente. São sentimentos que absolutamente não combinam entre si, é preciso optar por uma ou outra forma de pensar. 








 Caio Fernando Abreu


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"Dá pra ver que ela mudou de fase, talvez tenha acontecido algo importante na cabeça dela."


Gabito Nunes

quinta-feira, 14 de junho de 2012

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"Dormir sozinha dá aquela sensação de que o frio existe mesmo quando o termômetro marca 30 graus, de que os travesseiros são insuficientes e o espaço é infinito. Por dentro e por fora."


Verônica H.

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“Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você.”




Carl Sagan






quarta-feira, 13 de junho de 2012

terça-feira, 12 de junho de 2012

Heart Galaxy


- Uma hora, um dia ou outro, você vai se apaixonar por alguém.
- De onde você tirou essa ideia estúpida?
- Oras, é a verdade.
- Verdade?
- Sim, a verdade. Todos nós vamos nos apaixonar um dia.
- Se o problema trata-se da falta de se apaixonar, saiba que já me sinto apaixonada.
- Mesmo?
- Sim, apaixonadíssima, musica, livros, roupas, café, chás, planetas distantes, vida em marte...
- Não seja tola...
- O que foi?
- Falo de se apaixonar por alguém.
- Você fala disso, se apaixonar, como se fosse algo tão necessariamente preciso, como uma regra.
- Não é uma regra... É só que todos nós amamos alguém um dia.
[silêncio]
- Talvez eu não queira amar ninguém.
- E por que?
- Não sei.
- Você já amou?
- Talvez, mas também não sei. As vezes penso que não poderia encontrar ninguém aqui nesse planeta. Talvez um planeta distante, uma forma de vida diferente e então, eu me apaixonaria.
- Por que correr toda a galáxia para se apaixonar? Você parece louca.
- Tenho a esperança de que a forma de amar lá, muito distante, ser outra.
- Lá vem você...
- Penso que talvez pudesse existir um conceito melhor sobre amar.
- Então amar é um conceito?
- Não sei bem se um conceito.
- Me explique.
- Essa coisa de amar errado, de esquecer, de machucar. Não entendo como isso pode ser amor.
- Acho que ninguém entende...
- Então por que tanta admiração no amor?
- Não sei, faz bem amar. Parece que nos faz mais vivos.
- Vivos e eternamente dilacerados.
- Que visão mais negativa.
- Não tenho culpa, é o meu conceito.
- Você fala de amor apenas como um maldito conceito, sem nunca se quer ter sentido antes. Como se soubesse. Uma cientista falando de suas fórmulas descobertas. Acho que o melhor lugar para você é mesmo em outro planeta.
- ETs e morças alienígenas sempre me atraíram.
- Insana.
- Só penso sobre.
- E pensa que sabe.
- O amor, quem liga?
- Todos ligamos. O amor é tudo.
- O amor nem se quer sabe que existo.
- Eu sei que você existe.



Annabel Laurino.

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"Tratamos aqui de uma outra história. De não se deixar adoecer pela data. A solidão não vende celulares, a solidão está à prova dos truques publicitários, a solidão é revolucionária, a solidão é chique no último, classe!
Não se deixe intimidar, amiga, pelos coraçõezinhos de vento que agora tomam conta do horário nobre.
Lembre-se das falsas promessas, dos chifres, das decepções, dos amores fdp´s, das falhas de caráter, daquele campeonato atrás do outro, da sogra infernal, das ilusões perdidas…
Solitários e solitárias, som na caixa Mombojó: esse é o reino da alegria, tudo pode acontecer, não temam.
E se não acontecer nem tão breve, dane-se de qualquer jeito a nobre data, bote Rolling Stones bem alto, a  auto-ajuda rock´n´roll que funciona, peça um uísque duplo e mate com força todas as bolas do pano verde da existência.
Viver é uma sinuca. Sempre."


Xico Sá

domingo, 10 de junho de 2012

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Lucky I'm in love with my best friend
Lucky to have been where I have been
Lucky to be coming home again
Lucky we're in love in every way
Lucky to have stayed where we have stayed
Lucky to be coming home someday

Lucky


Você consegue me escutar? Estou falando com você
Do outro lado da água, Do outro lado do profundo oceano azul
Sobre o céu aberto, oh nossa! Meu bem estou tentando!

Garoto eu te escuto, em meus sonhos
Eu sinto o seu sussurro do outro lado do mar
Eu te guardo comigo em meu coração
Você faz as coisas fáceis quando a vida fica difícil

E então estou velejando pelo mar
Para uma ilha aonde vamos nos encontrar
Você ouvirá a música preencher o ar
Vou colocar uma flor em seu cabelo

Apesar da brisa das árvores
Se moverem tão graciosamente
Você é tudo que vejo
Enquanto o mundo continua girando
Você me abraça forte aqui, nesse instante


(Lucky - Jason Mraz)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

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Posteridade. Dá até medo dessa palavra. O que será posterior ao agora? O que é posterior ao que foi ontem? E porque não repetimos (para a posteridade), aquilo que fizemos antes? Tô cheio de problemas, de erros de português, de rock inglês cantado por americano, cheio de eletrônicos do chinês, cheio de amigo chinelo com visto italiano.
A: Por quê?
B: Você sabe que eu não sei falar “Tu”.
A: Tenta, é fácil.
B: Fala “Você”, então.
A: Eu não. Não é assim que eu aprendi.
B: Nem tudo é como a gente aprende. Pelo visto você não aprendeu.
A: Tu que não quis me ensinar.
B: Você não pediu.
A: Me ensina?
B: Não sei mais.
A: Viu? Tu nunca te decide.
B: Por que você sempre quer decidir pra mim?
A: Porque “você” nunca decidiu por mim.



Esteban 

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No meio do vazio de repente instalado dentro na minha cabeça, emergiu então aquele nome (…) 




— Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 7 de junho de 2012

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I don't want you
But I need you
Don't wanna kiss you
But I need to
Oh oh oh
You do me wrong now
My love is strong now
You really got a hold on me


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Acho que essa coisa toda de tentarmos ser o que não somos, só para agradar, desagrada tanto. Estraga tudo.




Sentimental Heart


Oh, velhos hábitos são mais difíceis
Quando você tem, quando você tem um coração sentimental
Pedaço de um quebra cabeças
E você é a parte que está me faltando
Oh, o que você pode fazer com um coração sentimental?
Oh, o que você pode fazer com um coração sentimental?



Zooey Deschanel 

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segunda-feira, 4 de junho de 2012

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“Pois de amor andamos todos precisados! Em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente! Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando.”


Carlos Drummond de Andrade 

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Agir, Eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, E não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?



 Fernando Pessoa

domingo, 3 de junho de 2012

sexta-feira, 1 de junho de 2012

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Eu não sabia o que eu sentia, nem como estava sentindo. Era tão vasta a explicação. Poderia passar horas tentando de alguma forma, superficial nem que fosse, elucidar o que sentia. Mas passariam as horas e eu não saberia explicar. Além de não saber o que sentia, não sabia como sentir. Como se pela primeira vez na vida me deparasse com um objeto estranho e não soubesse manuseá-lo. Não sabendo como sentir, nem o que sentia. Porém sentindo muito. Oras,como senti.

Annnabel Laurino