Annabel Laurino
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Happy New Year
Não peço pesos leves ou novas chances de ser feliz, pesos leves a gente nunca irá ter, é ilusão. São esses pesos pesados que hoje estamos aqui, aguentando fortemente e bravamente. E chances? Francamente, chances são os 365 dias do ano, as milhares de horas do ano, aos vários nasceres de sol e piscares de cílios Chance é estar aqui e agora e fazer acontecer o momento mais especial que podemos ter, fazer de um brilho pequenino de luz uma explosão intensa. É agradecer por tudo que temos. É abraçar forte o que está sendo vivido. Que neste novo ano não peçamos novas coisas e nem mais, sempre mais. Mas sim compreensão, mais visão, amor, que possamos ser mais sensíveis ao toque das coisas, que possamos ser mais paz, mais luz. Que possamos brilhar intensamente.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
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"E foi assim que a maioria das pessoas me viram ir embora. Elas me deixaram livre demais. Liberdade as vezes confunde."
Annabel Laurino
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"Mas a campainha tocou e ali estava ele, sempre de volta, sempre sorrindo, sempre tão drogado de vida. Ele chegava e o abraço dele era como edredom fofinho numa manhã gelada. Ele sempre voltava mesmo com a mania de abandono dela, com o pessimismo dela, com a vontade insana de chorar a vida porque, na verdade, ela simplesmente nunca se permitiu sorrir. Não inteiro, ela não era inteira, pelo menos não até ele chegar."
Rani Ghazzaoui
All My Loving
Feche os olhos e eu irei te beijar
Amanhã sentirei saudades de você
Lembre-se que eu sempre serei verdadeiro
E enquanto eu estiver fora
Escreverei para casa todo dia
E mandarei todo meu amor pra você
Vou fingir que estou beijando
Os lábios que sinto saudade
E esperar que meus sonhos se tornem realidade
E enquanto eu estiver fora
Escreverei para casa todo dia
E mandarei todo meu amor pra você
Todo meu amor, eu mandarei pra você
Todo meu amor, querida, eu serei verdadeiro
Feche os olhos e eu irei te beijar
Amanhã sentirei saudades de você
Lembre-se que eu sempre serei verdadeiro
E enquanto eu estiver fora
Escrevei para casa todo dia
E mandarei todo meu amor pra você
The Beatles
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
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“Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos…”
Vinicius de Moraes
Asleep
Cante pra eu dormir
Cante pra eu dormir
Eu estou cansado e eu
Eu quero ir pra cama
Cante pra eu dormir
Cante pra eu dormir
E então me deixe sozinho
Não tente me acordar de manhã
Porque eu terei ido
Não se sinta mal por mim
Eu quero que você saiba
Do fundo do meu coração
Eu ficarei tão feliz em partir
The Smiths
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
365
365 dias do ano. Vai, para de viver. Não, continua. Respira, enxuga as lágrimas, gotas da água do banho. Seu café fervendo em cima da mesa, vai esfriar. Que nem a sua ultima relação que não deu certo. Esfriou. Dois sanduíches vegetarianos, por favor. Boa pedida. É pra levar ou comer aqui? Aqui sempre, não pago gorjeta mesmo assim. Passam as horas e o tempo muda lá fora. Que dia é hoje? Tenho que estudar. Sabe aquele livro que todo mundo anda lendo? Lixo, puro lixo. Toca a estação, musica boa é que te faz dançar. Mentira, musica boa é que te faz querer transar, só que ninguém tem coragem de te contar isso.
365 dias do ano e ele alisava as fotos dela como pequenas preciosidades em suas mãos grandes, aquele rostinho de boneca, pele branca, grandes olhos e boca pequena, sei lá, era um amor esteticamente romântico talvez pudesse ser um amor de baixa literatura se não fossem as feridas no estomago pelo nervosismo excessivo que ela lhe causava. Duas horas e meia e ela ainda não havia ligado, tinha saído com outro cara. Que cara era esse? Será que ela o amava?
365 dias incontáveis do ano, faltavam poucos para logo mais um acabar, pensava. Poucos dias e ele ainda a adorava, mesmo ela saindo com outros caras, mesmo ela ainda sendo absurdamente louca e egoísta Ela e suas pernas e pés de gueixa. Ela e seu sorriso enviesado e suas milhares de máscaras secretas e bem escolhidas. 365 dias do ano in love with you. Cantava ele embaixo do chuveiro quando ninguém olhava. Completely in love.
365 dias do ano e ele alisava as fotos dela como pequenas preciosidades em suas mãos grandes, aquele rostinho de boneca, pele branca, grandes olhos e boca pequena, sei lá, era um amor esteticamente romântico talvez pudesse ser um amor de baixa literatura se não fossem as feridas no estomago pelo nervosismo excessivo que ela lhe causava. Duas horas e meia e ela ainda não havia ligado, tinha saído com outro cara. Que cara era esse? Será que ela o amava?
365 dias incontáveis do ano, faltavam poucos para logo mais um acabar, pensava. Poucos dias e ele ainda a adorava, mesmo ela saindo com outros caras, mesmo ela ainda sendo absurdamente louca e egoísta Ela e suas pernas e pés de gueixa. Ela e seu sorriso enviesado e suas milhares de máscaras secretas e bem escolhidas. 365 dias do ano in love with you. Cantava ele embaixo do chuveiro quando ninguém olhava. Completely in love.
Annabel Laurino
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
sábado, 22 de dezembro de 2012
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“Seria mais fácil, se ele fosse um estranho, de quem ela pudesse se desligar. Eles são muito diferentes. Gênios opostos, eu diria. Mas tem algo em comum. A liberdade. O desapego. O medo da entrega. Quem sabe ficando juntos encontram uma solução. Bem que podia, né? Ela sempre pensou assim: “Pra ficar do meu lado tem que ser melhor que minha própria companhia. Eu tenho que admirar.” E ele me parece um pedaço daquilo que a vida tem de mais charmoso. Ela estava ficando instigada. Que mais restava àqueles dois senão, pouco a pouco, se aproximarem, se conhecerem, se misturarem? Pois foi o que aconteceu. Ela diria que ele salvou sua vida se não soasse tão dramático. Ele não faz planos ou promessas, só surpresas, te ensinou a gostar de surpresas. Ele é diferente. De repente ela percebeu que o amor era o instante em que o coração fica a ponto de explodir.”
Tati Bernardi
Espero.
“Espero alguém que não tenha medo do escândalo, mas tenha medo da indiferença. Espero alguém que ponha bilhetinhos dentro daqueles livros que vou ler até o fim. Espero alguém que nunca abandone a conversa quando não sei mais falar. Espero alguém que, nos jantares entre os amigos, dispute comigo para contar primeiro como nos conhecemos. Espero alguém que prove que amar não é contrato, que o amor não termina com nossos erros. Espero alguém que não se irrite com a minha ansiedade. Espero alguém que arrume ingressos de teatro de repente, que me sequestre ao cinema, que cheire meu corpo suado como se ainda fosse perfume. Espero alguém que não largue as mãos dadas nem para coçar o rosto. Espero alguém que me olhe demoradamente quando estou distraído, que me telefone para narrar como foi seu dia. Espero alguém que procure um espaço acolchoado em meu peito. Espero alguém que leia uma notícia, veja que haverá um show de minha banda predileta, e corra para me adiantar por e-mail. Espero alguém que fique me chamando para dormir, que fique me chamando para despertar, que não precise me chamar para amar. Espero alguém com uma vocação pela metade, uma frustração antiga, um desejo de ser algo que não se cumpriu, uma melancolia discreta, para nunca ser prepotente. Espero alguém que comente sua dor com respeito e ouça minha dor com interesse. Espero alguém que pinte o muro onde passo, que não se perturbe com o que as pessoas pensam a nosso respeito. Espero alguém que vire cínico no desespero e doce na tristeza. Espero alguém que curta o domingo em casa, acordar tarde e andar de chinelos, e que me pergunte o tempo antes de olhar para as janelas.”
Fabrício Carpinejar
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“E as discussões se sucediam, sem pé nem cabeça. Mas ciúmes são cegos como o próprio amor. São sentimentos mesquinhos, minuciosos, não esquecem a insignificância dos mínimos segundos. As batidas do coração jamais deveriam se escravizar aos tiquetaques desencontrados de dois relógios diferentes. A verdade, porém, é que eram ambos loucos, um pelo outro, e seus corações acabavam por se entender, num ritmo comum de compreensão. E as hostilidades descansavam invariavelmente em beijinhos e mil perdões.”
Chico Buarque
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“Às vezes me lembro dele. Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou.”
Caio Fernando Abreu
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Enquanto os outros dançavam, o nosso time acabava
Ta vendo essas pessoas ali na rua dançando na calçada enquanto falta um minuto para o tão falado fim do mundo? Pois é. Você deve ta ouvindo a musica louca explodindo dos alto falantes logo ali na esquina enquanto rola uma festa louca, mulheres gritam e fogos de artificio são soltos no céu por alguém inspirado na polêmica.
Tem tanta gente lá fora nessa hora, eu sinto o cheio de umidade entrar pela janela aberta, sentada numa poltrona, olhando as luzes amareladas dos postes, os carros cobertos de gotículas de orvalho, é verão, choveu durante o dia, mal tomei café hoje, talvez por isso eu esteja assim. Nós não estamos lá, nós não estamos no verso tocado da musica descompassada e nem nos passos de dança das pessoas desajeitadas comemorando uma felicidade sem motivos. Não estamos nem em nós mesmos e o fim do mundo pode chegar e nós nem se quer nos falamos, o mundo pode explodir agora e eu não pensarei em nada, somente em como o cheiro da rua é incrivelmente delicioso hoje, com seu cheirinho de chuva próxima.
Talvez essa história de que o mundo iria acabar tenha me feito pensar um pouco, não sei. Não acredito que isso poderia ser possível, mas e se? E se acabasse mesmo eu faria o que? Talvez não desse tempo nem de sair correndo para algum lugar e pegar os cachorros, tropeçando nos chinelos pela rua, atropelando pessoas. Talvez simplesmente tudo acabasse e puft. Não teria o que fazer, é um fim, uma catástrofe, essas coisas acontecem as vezes. Aceitação.
E a gente ensaiou os passos tão perfeitamente, a gente queria tanto que desse certo, mas quer saber? Amigo, não deu. Vamos aceitar isso de uma vez por todas. Vamos olhar esse teorema complexado que talvez nem Einstein conseguiria resolver e vamos entender que simplesmente os fatores estão trocados, que ta tudo errado, que não vamos nunca chegar á um resultado aceitável.
Meteoros caem nas calçadas com fogo zunindo e lambendo todas as coisas que conseguem alcançar, crateras se abrem no solo, pessoas gritam, a terra racha ao meio e meio mundo é engolindo para o abismo infinito, tudo acabando, tudo sendo exterminado. Não há o que se fazer.
Mas vamos aceitar vai, vamos entender de uma vez por todas, chega de correr para todos os lados e puxar os cabelos, implorando socorro de ultima hora que não vai vir. Nosso tempo acabou que nem jogo em máquina de fliperama depois que você não tem mais moedinha para colocar, game over para nós.
Essa noite não vai dar a gente dançando na calçada e nem trocando beijos e olhares amistosos com promessa contida no futuro próximo. Não vai ter eu te amo e carinho no rosto. Trocaram a musica e tudo que temos agora é o silêncio da destruição pós final. As cinzas do extermínio.
Tem tanta gente lá fora agora, eu to aqui esperando um abraço de conforto que não irá chegar, as mulheres pararam de gritar e os fogos de artificio recomeçam em um frenesi distante. Um, dois, três. O mundo não acabou ainda, não preciso me preocupar em sair correndo. Olho para fora da janela, o mundo intacto, perfeito, e o nosso destruído. Já tão esquecido em meio a um cinza desbotado onde um dia teve tantas e tantas cores. Tantas que eu nem saberia dar nome.
Tem tanta gente lá fora nessa hora, eu sinto o cheio de umidade entrar pela janela aberta, sentada numa poltrona, olhando as luzes amareladas dos postes, os carros cobertos de gotículas de orvalho, é verão, choveu durante o dia, mal tomei café hoje, talvez por isso eu esteja assim. Nós não estamos lá, nós não estamos no verso tocado da musica descompassada e nem nos passos de dança das pessoas desajeitadas comemorando uma felicidade sem motivos. Não estamos nem em nós mesmos e o fim do mundo pode chegar e nós nem se quer nos falamos, o mundo pode explodir agora e eu não pensarei em nada, somente em como o cheiro da rua é incrivelmente delicioso hoje, com seu cheirinho de chuva próxima.
Talvez essa história de que o mundo iria acabar tenha me feito pensar um pouco, não sei. Não acredito que isso poderia ser possível, mas e se? E se acabasse mesmo eu faria o que? Talvez não desse tempo nem de sair correndo para algum lugar e pegar os cachorros, tropeçando nos chinelos pela rua, atropelando pessoas. Talvez simplesmente tudo acabasse e puft. Não teria o que fazer, é um fim, uma catástrofe, essas coisas acontecem as vezes. Aceitação.
E a gente ensaiou os passos tão perfeitamente, a gente queria tanto que desse certo, mas quer saber? Amigo, não deu. Vamos aceitar isso de uma vez por todas. Vamos olhar esse teorema complexado que talvez nem Einstein conseguiria resolver e vamos entender que simplesmente os fatores estão trocados, que ta tudo errado, que não vamos nunca chegar á um resultado aceitável.
Meteoros caem nas calçadas com fogo zunindo e lambendo todas as coisas que conseguem alcançar, crateras se abrem no solo, pessoas gritam, a terra racha ao meio e meio mundo é engolindo para o abismo infinito, tudo acabando, tudo sendo exterminado. Não há o que se fazer.
Mas vamos aceitar vai, vamos entender de uma vez por todas, chega de correr para todos os lados e puxar os cabelos, implorando socorro de ultima hora que não vai vir. Nosso tempo acabou que nem jogo em máquina de fliperama depois que você não tem mais moedinha para colocar, game over para nós.
Essa noite não vai dar a gente dançando na calçada e nem trocando beijos e olhares amistosos com promessa contida no futuro próximo. Não vai ter eu te amo e carinho no rosto. Trocaram a musica e tudo que temos agora é o silêncio da destruição pós final. As cinzas do extermínio.
Tem tanta gente lá fora agora, eu to aqui esperando um abraço de conforto que não irá chegar, as mulheres pararam de gritar e os fogos de artificio recomeçam em um frenesi distante. Um, dois, três. O mundo não acabou ainda, não preciso me preocupar em sair correndo. Olho para fora da janela, o mundo intacto, perfeito, e o nosso destruído. Já tão esquecido em meio a um cinza desbotado onde um dia teve tantas e tantas cores. Tantas que eu nem saberia dar nome.
Annabel Laurino
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Não compreendendo o perdido
Você pensa que me entende. Mas você nunca irá entender. Você nunca conseguirá compreender a fome de novas fórmulas para viver que essa minha alma precisa. Da sede que arranha na minha garganta todas as noites de dormir por querer sempre mais, sempre mais, o muito se tornando aos poucos insuficiente.
Você não conseguirá acompanhar os meus passos de animal selvagem se esgueirando pelas folhagens, cuidando para não ser visto, quanto também não conseguirá entender os meus caminhos expostos, cheios de feridas abertas, de sorrisos brotados em flores roxas e arco-íris pintados sobre nuvens. Você nunca irá ver além da fumaça densa que sobe da minha caneca de café, daquela minha banda favorita, você nunca verá além, o sorriso de satisfação enquanto mato um vicio, que você também nunca irá entender.
Não compreenderas minha mania de ler todas as palavras soltas e de querer conhecer sempre mais, tudo, todos os assuntos, palavras, pontos, resquícios e velharias estampadas em jornais de domingo. Não entenderás porque choro sempre quando vejo um animal perdido, o medo que eu sinto na minha pele como se fosse o próprio animal, sozinho na chuva e no mundo. Não conseguirás ver além das mechas loiras dos meus cabelos e das minhas coxas grossas, das minhas mãos pequenas e dos meus olhos dispersos e disparatados, como duas lentes de uma câmera do tempo da vovó.
Sentarás em teu quarto, tirando os sapatos e passarás horas tentando entender minhas loucuras, meus berros, minhas mudanças de humor e de pensamentos, tentarás sim, inúmeras vezes compreender o porque tão louca, maluca, estranha, sozinha e cheia de manias. Não conseguirás respostas. Passarão horas, dias e talvez semanas, as folhas das arvores serão substituídas por outras cores, mais vibrantes, e ainda assim não entenderás.
Te olharei no fundo de teus olhos castanhos e te pedirei em silêncio que não entendas, por favor, não entendas, você não conseguiria de qualquer forma, seria mais um tempo perdido. De todos os outros tempos que também jamais irás entender.
Você não conseguirá acompanhar os meus passos de animal selvagem se esgueirando pelas folhagens, cuidando para não ser visto, quanto também não conseguirá entender os meus caminhos expostos, cheios de feridas abertas, de sorrisos brotados em flores roxas e arco-íris pintados sobre nuvens. Você nunca irá ver além da fumaça densa que sobe da minha caneca de café, daquela minha banda favorita, você nunca verá além, o sorriso de satisfação enquanto mato um vicio, que você também nunca irá entender.
Não compreenderas minha mania de ler todas as palavras soltas e de querer conhecer sempre mais, tudo, todos os assuntos, palavras, pontos, resquícios e velharias estampadas em jornais de domingo. Não entenderás porque choro sempre quando vejo um animal perdido, o medo que eu sinto na minha pele como se fosse o próprio animal, sozinho na chuva e no mundo. Não conseguirás ver além das mechas loiras dos meus cabelos e das minhas coxas grossas, das minhas mãos pequenas e dos meus olhos dispersos e disparatados, como duas lentes de uma câmera do tempo da vovó.
Sentarás em teu quarto, tirando os sapatos e passarás horas tentando entender minhas loucuras, meus berros, minhas mudanças de humor e de pensamentos, tentarás sim, inúmeras vezes compreender o porque tão louca, maluca, estranha, sozinha e cheia de manias. Não conseguirás respostas. Passarão horas, dias e talvez semanas, as folhas das arvores serão substituídas por outras cores, mais vibrantes, e ainda assim não entenderás.
Te olharei no fundo de teus olhos castanhos e te pedirei em silêncio que não entendas, por favor, não entendas, você não conseguiria de qualquer forma, seria mais um tempo perdido. De todos os outros tempos que também jamais irás entender.
Annabel Laurino
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"Talvez seja da minha natureza não me sentir pertencendo totalmente a lugar nenhum, em lugar nenhum."
(Chico Buarque)
(Chico Buarque)
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"Quem me dera estar ao ar livre. Quem me dera ser de novo aquela criança, meio selvagem, audaciosa e livre… e rir das ofensas em vez de me preocupar com elas! Por que estou tão mudada? Por que ferve o meu sangue com tanta facilidade com umas míseras palavras?"
O Morro dos Ventos Uivantes
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"Você tem que saber que eu quero correr mundo
Correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo."
Correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo."
Chico Buarque
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
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O fim. Aquela coisa, sabe, sei lá, era pronunciada constantemente. E repetida e repetida. Embora nunca ocorresse. O fim. Se perguntava se ele já não teria ocorrido a muito tempo apenas pela menção de sua existência. E a verdade era clara. Havia.
Annabel Laurino
domingo, 16 de dezembro de 2012
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Where you go, I go
What you see, I see
I know I'd never be me
Without the security
Of your loving arms
Keeping me from harm
Put your hand in my hand
And we'll stand
(Skyfall - Adele )
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Set Fire To The Rain
Deixei cair meu coração
E enquanto ele caía, você surgiu para reivindicá-lo
Estava escuro, e eu, acabada
Até você me beijar e me salvar
Minhas mãos eram fortes
Mas meus joelhos eram muito fracos
Para permanecer em seus braços
Sem cair aos seus pés
Mas você tem um lado que eu não conhecia, não conhecia
As coisas que você dizia não eram verdade, não eram verdade
E os seus jogos você sempre ganhava, sempre ganhava
Mas eu ateei fogo na chuva
E fiquei vendo ela cair enquanto eu tocava o seu rosto
Bem, ela queimava enquanto eu chorava
Porque eu a ouvi gritando seu nome, seu nome!
Quando eu deitava com você
Poderia ficar parada e fechar os olhos
Sentir você aqui para sempre
Não tem nada melhor do que nós dois juntos
Mas você tem um lado que eu não conhecia, não conhecia
Adele
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
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Tem coisas que a gente faz e nem percebe. Tem coisa que você faz e nem percebe. Tem coisas que você não faz e nem percebe. Mas eu percebo tudo. Eu analiso tudo. Eu acompanho a falta de todas as coisas que teu carinho vem deixando a desejar e fico aqui te olhando, esperando você notar, sei lá, dentro dos meus olhos qualquer sinal meu de cansaço, de saudade de como era tua entrega antes e como é frustrante agora ter parcelas divididas, receber o resto, o pouco, o que é e é só isso, aceite. Não aceito. Desculpa, não aceito. Tenho me cansado muito, das minhas esperas, tas tuas raras vindas. Fico analisando tudo isso, e percebo a mim, meu estado de inconformação, como eu fico por dentro com as coisas todas que acontecem e novamente, você nem percebe. A resposta é simples e prática, desnecessário progredir. É como se machucar sempre e por gosto, como colocar acido na boca e depois sorrir, como ficar esperando um ônibus que não passa naquela estação. Ele nunca vai vir, ele nunca vai chegar. E a gente nunca vai ser, nunca vamos ir.
Annabel Laurino
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Annabel Laurino in Vou Lembrar de você
Expectativa: elemento igual a uma chaminé vazia, cheia de pó
Claro que você não é um daqueles pedaços de massinha de modelar colorida que eu tirava da caixinha quando criança e dava a forma que quisesse, claro que você não é um robô com um controle remoto que fica na minha mão enquanto eu aperto os botões e disparo os comandos. Claro que você é só você mesmo e eu sou só eu mesma. O mundo continua firme sobre isso. E as minhas expectativas continuam a evaporar pelo ar.
O mais engraçado de se conviver com as pessoas é quando eu fico esperando delas atitudes, ações, coisas assim e que nunca vêm, jamais. Na minha cabeça eu sempre agiria de outra forma, eu sempre falaria outra coisa. Sempre. E não da forma como as pessoas agem. Seja minha mãe, meu pai, meu namorado, minha tia e enfim. Eu fico esperando coisas que nunca vem.
É como esperar o papai noel acordada e depois descobrir no aniversário de uma amiguinha que eu sou uma tola, somente eu de todas as crianças da festa, que ainda não descobriu que papai noel não existe e nem nunca existiu. E então eu penso no tempo perdido e em toda a esperança jogada fora, a expectativa de acreditar em algo, de esperar algo que nem se quer chegou a existir.
As ações das pessoas causam mais ou menos o mesmo tipo de reação em mim. E é evidente que eu não posso controla-las e nem dizer o que devem fazer, mas o que eu faço com esse tipo de sentimento estranho que fica? Uma especie de desapontamento.
Fico esperando o papai noel descer da chaminé todas as noites e é claro, nunca acontece. Ansiosa por ver aquela roupa vermelha surgindo na frestinha da porta, a risadinha da propaganda da coca-cola em final de ano e quando eu acho que vai, sim, que vai, que vai surgir, não, não surge.
Tudo bem, eu não estou querendo o papai noel realmente, eu estou querendo ações, atitudes. Que as pessoas acordem, que elas comecem a fazer e dizer e agir por contra própria, sem que eu tenha que pegar o telefone e dizer, mais uma vez entre mil, que sei lá, que eu não curti aquilo que você fez e então tirar o peso da sua consciência e começar um assunto que você próprio deveria ter começado. Ou jogar um verde e dizer que você tinha que ser mais romântico. Ou dar um alô sobre o presente que eu ando querendo já que você não mostrou interesse algum a respeito. Que eu ando querendo outras coisas. Que por acaso, só por acaso, eu não quero ter que ficar falando e fazendo tudo.
Coisas assim, coisas que ficam entaladas na garganta que eu vou engolindo e engolindo e vezes da até vontade de fazer uma pessoa virar uma massinha de modelar só para poder esmaga-la devagarzinho. Mas me acalmo, conto até dez e fico que nem criança descobrindo toda a verdade, desapontada, os olhos aguados, uma vontade de gritar com qualquer um. E a verdade é estampada em qualquer lugar, bem grande, em negrito para todo mundo ver, que as pessoas, todas as pessoas, sem exceções, são loucas, elas são chatas e que eu nunca, nunca, nunca, vou entende-las.
Da vontade de comprar um gato e me mudar para um ilha distante, esquecendo que a palavra socializar um dia se quer chegou a existir.
O mais engraçado de se conviver com as pessoas é quando eu fico esperando delas atitudes, ações, coisas assim e que nunca vêm, jamais. Na minha cabeça eu sempre agiria de outra forma, eu sempre falaria outra coisa. Sempre. E não da forma como as pessoas agem. Seja minha mãe, meu pai, meu namorado, minha tia e enfim. Eu fico esperando coisas que nunca vem.
É como esperar o papai noel acordada e depois descobrir no aniversário de uma amiguinha que eu sou uma tola, somente eu de todas as crianças da festa, que ainda não descobriu que papai noel não existe e nem nunca existiu. E então eu penso no tempo perdido e em toda a esperança jogada fora, a expectativa de acreditar em algo, de esperar algo que nem se quer chegou a existir.
As ações das pessoas causam mais ou menos o mesmo tipo de reação em mim. E é evidente que eu não posso controla-las e nem dizer o que devem fazer, mas o que eu faço com esse tipo de sentimento estranho que fica? Uma especie de desapontamento.
Fico esperando o papai noel descer da chaminé todas as noites e é claro, nunca acontece. Ansiosa por ver aquela roupa vermelha surgindo na frestinha da porta, a risadinha da propaganda da coca-cola em final de ano e quando eu acho que vai, sim, que vai, que vai surgir, não, não surge.
Tudo bem, eu não estou querendo o papai noel realmente, eu estou querendo ações, atitudes. Que as pessoas acordem, que elas comecem a fazer e dizer e agir por contra própria, sem que eu tenha que pegar o telefone e dizer, mais uma vez entre mil, que sei lá, que eu não curti aquilo que você fez e então tirar o peso da sua consciência e começar um assunto que você próprio deveria ter começado. Ou jogar um verde e dizer que você tinha que ser mais romântico. Ou dar um alô sobre o presente que eu ando querendo já que você não mostrou interesse algum a respeito. Que eu ando querendo outras coisas. Que por acaso, só por acaso, eu não quero ter que ficar falando e fazendo tudo.
Coisas assim, coisas que ficam entaladas na garganta que eu vou engolindo e engolindo e vezes da até vontade de fazer uma pessoa virar uma massinha de modelar só para poder esmaga-la devagarzinho. Mas me acalmo, conto até dez e fico que nem criança descobrindo toda a verdade, desapontada, os olhos aguados, uma vontade de gritar com qualquer um. E a verdade é estampada em qualquer lugar, bem grande, em negrito para todo mundo ver, que as pessoas, todas as pessoas, sem exceções, são loucas, elas são chatas e que eu nunca, nunca, nunca, vou entende-las.
Da vontade de comprar um gato e me mudar para um ilha distante, esquecendo que a palavra socializar um dia se quer chegou a existir.
Annabel Laurino
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
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"Só nos ensinam a ir atrás, vencer e persistir, essas coisas. Nunca dizem que, pontualmente, desistir pode ser uma atitude bem esperta."
Gabito Nunes
Play and Pause
Carlos Drummond de Andrade escreveu certa vez: A vida necessita de pausas.
Eu li essa frase em algum lugar há algum tempo, talvez no rodapé de uma página de jornal ou rabiscada em algum caderno meu, naquelas frases de propaganda de beleza ou quem sabe sublinhada em um livro qualquer. Não me recordo, e também pouca importância faz.
Lembro que de começo meus olhos só passaram pelas letras e tudo bem, é só uma frase. Mas depois de algumas horas, com a água do banho gotejando como o barulho de goteira na cabeça foi que eu realmente parei para entendê-la. Cai em uma contradição enorme, não fazia sentido. Como assim a vida precisa de pausas? Pausas?
Estamos constantemente vivendo, rodopiando sobre os trilhos de uma montanha russa durante as 24 horas de nossos dias até que finalmente descansamos, e não falo somente de quando dormimos, mas de quando morremos. É o único momento que tudo para, pelo menos acredita-se que para. É, digamos assim, o ponto subtendido, pendente, cujo ninguém sabe para onde realmente vai. O único stop de uma vida toda.
Acordamos, trabalhamos, estudamos, nos apaixonamos, desapaixonamos, choramos, nos apaixonamos novamente, fazemos amigos, trabalhamos mais ainda, inovamos, caímos na fossa, na rotina, no comício, e casamos, temos filhos, compramos um cachorro, crise dos 50, menopausa, velhice, pele estranha, coisas assim e a vida corre. Corre em um sentido frenético muito mais além do que duas direções de ponteiros no relógio, a vida grita incessante e a gente acompanha na dança enlouquecida, sem parar, sem pensar, sem respirar, todo dia, todas as horas, segundos, minutos, nanosegundos até fadigarmos, até não termos mais nada além do cinza da correria, do desapercebido de emoções.
Então aquela chuva superficial vinda do chuveiro ficou batendo na cuca por mais um tempo até que tudo isso parasse em alguma conclusão. A vida necessita de pausas. Eu ficava repetindo sem muito ainda compreender. Como se faz para pausar a vida? Como se pausa uma coisa não pausavel? Vida não é video o game com direito ao botão de play.
Me veio a mente aqueles namorados grudentos que passam horas juntos, como se fossem casados, ou as pessoas casadas que ficam afastadas porque já passaram horas grudadas até não se aguentarem mais, ou eu mesma de não aguentar nem a mim por viver constantemente ligada, sem me deixar respirar.
Escritores enfrentam problemas sérios de falta de criatividade, muitas vezes realmente não se tem, muitas vezes se tem mas sem que se consiga colocar para fora, tudo por não saberem respirar, refletir, pausar as ideias. Trabalhadores pegam ônibus todos os dias, enfrentam horas estressantes no trabalho, passam mais horas ainda para voltarem para casa, em meio ao trânsito, e irritados, explodindo e gotejando de impaciência chegam sem observar a família na mesa, a filha sentada no sofá ou a esposa esperando um beijo que há tanto já não vem.
Não refletem, não pausam, não pensam.
É tudo para já, para o agora. Hoje. Tudo tem que ser hoje. Nada pode ser remedidamente adiado ou esperado, nem um segundinho que seja. Casais que se amam não podem se desgrudar e homens de negócios não conseguem desgrudar do trabalho em casa. Queremos tudo para o agora-imediatamente. E não pausamos a vida, não refletimos, não relaxamos. Não sentamos no sofá com um copo de refresco e pensamos em coisas boas. Logo, nos apegamos apenas ao frustrante dos dias.
E pensei em tudo isso, tudo ao mesmo tempo. A vida necessitando de pausas e eu nem sabendo que isso era possível. Foi como uma nova tecnologia no mercado, sei lá, computadores que falam ou casas com o comando de um controle remoto do tamanho de um anel. Foi novidade para mim. Foi novidade entender que tudo precisa daquela coisinha que a gente aprende lá no consultório médico com o doutor checando nossos batimentos cardíacos.
Respira fundo, inspira e solta. Isso, muito bem. Agora mais uma vez.
Eu li essa frase em algum lugar há algum tempo, talvez no rodapé de uma página de jornal ou rabiscada em algum caderno meu, naquelas frases de propaganda de beleza ou quem sabe sublinhada em um livro qualquer. Não me recordo, e também pouca importância faz.
Lembro que de começo meus olhos só passaram pelas letras e tudo bem, é só uma frase. Mas depois de algumas horas, com a água do banho gotejando como o barulho de goteira na cabeça foi que eu realmente parei para entendê-la. Cai em uma contradição enorme, não fazia sentido. Como assim a vida precisa de pausas? Pausas?
Estamos constantemente vivendo, rodopiando sobre os trilhos de uma montanha russa durante as 24 horas de nossos dias até que finalmente descansamos, e não falo somente de quando dormimos, mas de quando morremos. É o único momento que tudo para, pelo menos acredita-se que para. É, digamos assim, o ponto subtendido, pendente, cujo ninguém sabe para onde realmente vai. O único stop de uma vida toda.
Acordamos, trabalhamos, estudamos, nos apaixonamos, desapaixonamos, choramos, nos apaixonamos novamente, fazemos amigos, trabalhamos mais ainda, inovamos, caímos na fossa, na rotina, no comício, e casamos, temos filhos, compramos um cachorro, crise dos 50, menopausa, velhice, pele estranha, coisas assim e a vida corre. Corre em um sentido frenético muito mais além do que duas direções de ponteiros no relógio, a vida grita incessante e a gente acompanha na dança enlouquecida, sem parar, sem pensar, sem respirar, todo dia, todas as horas, segundos, minutos, nanosegundos até fadigarmos, até não termos mais nada além do cinza da correria, do desapercebido de emoções.
Então aquela chuva superficial vinda do chuveiro ficou batendo na cuca por mais um tempo até que tudo isso parasse em alguma conclusão. A vida necessita de pausas. Eu ficava repetindo sem muito ainda compreender. Como se faz para pausar a vida? Como se pausa uma coisa não pausavel? Vida não é video o game com direito ao botão de play.
Me veio a mente aqueles namorados grudentos que passam horas juntos, como se fossem casados, ou as pessoas casadas que ficam afastadas porque já passaram horas grudadas até não se aguentarem mais, ou eu mesma de não aguentar nem a mim por viver constantemente ligada, sem me deixar respirar.
Escritores enfrentam problemas sérios de falta de criatividade, muitas vezes realmente não se tem, muitas vezes se tem mas sem que se consiga colocar para fora, tudo por não saberem respirar, refletir, pausar as ideias. Trabalhadores pegam ônibus todos os dias, enfrentam horas estressantes no trabalho, passam mais horas ainda para voltarem para casa, em meio ao trânsito, e irritados, explodindo e gotejando de impaciência chegam sem observar a família na mesa, a filha sentada no sofá ou a esposa esperando um beijo que há tanto já não vem.
Não refletem, não pausam, não pensam.
É tudo para já, para o agora. Hoje. Tudo tem que ser hoje. Nada pode ser remedidamente adiado ou esperado, nem um segundinho que seja. Casais que se amam não podem se desgrudar e homens de negócios não conseguem desgrudar do trabalho em casa. Queremos tudo para o agora-imediatamente. E não pausamos a vida, não refletimos, não relaxamos. Não sentamos no sofá com um copo de refresco e pensamos em coisas boas. Logo, nos apegamos apenas ao frustrante dos dias.
E pensei em tudo isso, tudo ao mesmo tempo. A vida necessitando de pausas e eu nem sabendo que isso era possível. Foi como uma nova tecnologia no mercado, sei lá, computadores que falam ou casas com o comando de um controle remoto do tamanho de um anel. Foi novidade para mim. Foi novidade entender que tudo precisa daquela coisinha que a gente aprende lá no consultório médico com o doutor checando nossos batimentos cardíacos.
Respira fundo, inspira e solta. Isso, muito bem. Agora mais uma vez.
Annabel Laurino.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
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"A vida sai de foco e então você percebe que foto bonita mesmo é aquela borriscada, porque tudo nessa vida é riscado, ou desfocado, ou manchado, ou cheio de ruído. Não existe informação pura. Não existem mensagens perfeitas, sem ruídos e interferências.O amor não é mensagem. É ruído puro."
Cato Alberico Ribeiro
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
My Same
Você diz que eu sou teimosa
Que eu nunca me entrego
Eu acho você teimoso,
Mas você sempre amolece
Você diz que eu sou egoísta
E eu concordo com você nisso
Eu acho que você
Inclusive desiste de muito
Eu digo que nos conhecemos
Há um ano
E você diz "te conheço
Há mais tempo querida"
Você gosta de estar sempre perto
E eu gosto de ficar sozinha
Eu gosto de sentar em cadeiras
E você prefere o chão
Andando juntos
Parece que nunca
Daríamos certo
Mas damos
Eu pensava que me conhecia
De alguma forma você me conhece mais
Eu nunca soube disso
Nunca antes
Você é o primeiro
A concluir
Que somos um casal
Eu não sei quem eu seria
Se eu não te conhecesse
Você é tão provocativo
E eu sou tão conservadora
Você é tão aventureiro
E eu muito cautelosa
Combinando
Você pensa
Que não daríamos certo
Mas damos
Favoritismo
Não é comigo
Mas nessa situação
Ficarei feliz
Adele
sábado, 8 de dezembro de 2012
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Carta Extraviada
Por que não somos mais como eramos antes meu amor? O que foi que aconteceu? Foram as cobranças excessivas os ciumes disfarçados e reprimidos, as brigas, ou sou eu, meu jeito durona e sempre briguenta, incompreensível?
Engraçado, mas quando o titulo de incompreensível vem a tona eu nunca o consigo vê-lo em mim porque me recordo bem, desde o primeiro instante, de como compreendi cada forma sua de ser, casa minusculo funcionamento obscuro, suas engenhocas mecânicas, sua parafernália sentimental já quase enferrujada. Eu abri meus braços e pus luz na casa para que você me visse também, te recebi tão bem, claro, bonito. E sempre fomos tão amigos, mas agora, nos últimos tempos, o que vem acontecendo?
Não sou do tipo de pessoa que guarda magoas, ou que admira uma briguinha no pódio da estante, mais uma para a coleção. Eu dou os meus últimos centavos dos bolsos para nem se quer entrar em um desentendimento, eu sou péssima em brigas, eu perco a calma. Por isso eu venho pensando o quanto era bom quando a gente era só a gente e nada mais. Só a gente, entende? Sem nada, sem rótulos, sem domínio pose, essas coisas. Eu sei lidar com isso, me pergunto as vezes se não é você que não sabe.
Dai eu achei umas cartas, papéis de bombom, fotos nossas impressas e guardadas naquela caixa em cima dos livros, tanta coisa e coisas mais que a gente já fez nesse tempo. Ingresso de cinema, teatro, ida a cafeterias e toda nossa excursão pela cidade, com nós mesmos, aquelas risadas, aqueles sorrisos, os abraços e os beijos nos dias de partido, e tudo mais que ficou guardado, me lembro bem desde o primeiro instante, ficou na minha retina a minha voz chamando teu nome e eu indo correndo te beijar, você parado, surpreso, correspondendo o inesperado.
Lembra como era bom?
Ainda é bom, é claro. Sempre é bom. O teu cheiro no teu cangote, o teu sorriso iluminando meus dias, os teus beijos, tuas mãos sobre meu corpo nu e nós na tua cama, no teu quarto, perdidos em qualquer lugar por ai, a gente conversando, nossas conversas introspectivas e metidas a filosóficas tudo tão... nosso. Mas pena que algo vem a quebrar esse nosso encanto de ser a gente. Vem arranhando nossa cobertura, tinindo nos vidros, rachando as paredes.
E eu não sei mais o que eu faço. Fico presa no passado doce e querendo colar uma foto perfeita numa moldura quase quebrada. Eu olho pra gente e amo tudo, você e o que a gente tem. Mas é quando a faixa muda e a gente começa a se estranhar, falar outra língua, você não me entendendo e eu, não conseguindo nunca te compreender direito. Então eu canso, sem fôlego suada, fatigada, clamando por trégua até que tudo passe, mas não passa, parece que passa, dois dias talvez e lá estamos nós novamente, nos estranhando, nos olhando torto, palavras duras cheias de espinhos. E eu não consigo, não suporto sobreviver com isso, com o feio de algo que já foi tão bonito.
A gente faz o que quando o barco começa a apresentar seus primeiros furos?
A vontade é de remar e remar e de continuar e continuar até o fim. Por que é você, sim, é você. Mas sou eu? Sou eu para você?
Tão diferentes a gente, tão desconexos, desligados, perturbados e malucos. Eu querendo te morder o tempo todo e você não entendendo minha gula pelos livros, assim, sei lá. Fico idealizando porque viver tão sem explicação já tão ta adiantando. A gente deixou a porta aberta para as brigas bobas, fofocas alheias, dicas amigas e coisas assim. Eu ainda permaneço cristalina e sóbria, a mesma. Mas você, assim, tão diferente.
Dai eu fiquei aqui por um tempo, pensando. Ta uma chuva horrível lá fora. É quase como uma despedida, uma lavagem na alma, uma musica que abranda. Eu queria que você fosse passado, presente e futuro, que você ficasse. Mas será que você já não ficou?
Vai ver é isso, é verdade que o eterno não dura para sempre, ele dura um tempo determinado para que seja bom, seja lindo. E foi bom, foi lindo. Teve luz, teve paz, teve tudo.
Mas e agora, quem somos nós?
Annabel Laurino
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
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Indiferença é um chá para ser tomado a goles forçados, que nem remédio com gosto amargo e se faz milhares de careta. Indiferença não é automático, não liga na tomada, ela simplesmente se faz aos pouquinhos, como quem não quer nada. O gosto só piora a cada gole e conforme se faz o efeito. Mas depois, quando os goles esvaziam a xícara e todo o resto se faz, o resultado é imediato e... Estranho. Indiferença é coisa mutua, silenciosa, quase nem se percebe quando ela age. Você olha para o nada e para o cheio e tudo é o mesmo. Da uma tristezinha pequena. Mas as dores de cabeça e as incomodações aliviam. E eis os milagres de um bom gole de indiferença.
Annabel Laurino
Criatividade derretida
Começou o verão e a criatividade sucumbiu pro saco. É, isso mesmo, minha cota de criatividade foi embora junto com o frio das estações. E que saudade!
Essa coisa toda de calor, todos os dias, sol a pico, ter que ficar se escondendo nas sombras com os ombros torrados e virados em um pimentão está acabando comigo. Eu passo a maior parte do tempo em casa e só saio a noite. Parece mentira mas por incrível que pareça eu saia muito mais no inverno. Tantas cafeterias, cafés no AM/PM, caminhadas no frio congelante sobre uma lua enorme no céu, aquelas chuvas repentinas e geladas entrando pelas mangas do casaco enquanto, desesperada, tentava abrir o guarda-chuva.
Lá se foram as tardes sentada tomando vários cafés quentes e filosofando sobre a vida, por que sei lá, parecia mais fácil filosofar sobre a vida com um café fumegante na mão e paisagem cinzenta lá fora. Calor é tão... Humano. É meio que o caos que a gente realmente é, entende? Calor nos aproxima de nós mesmos enquanto o frio nos faz imergir para algum lugar mais cinzento, mais congelante e resguardado de nós.
Não vou nem falar nada dos finais de semana, da praia lotada, do 1 kg de protetor solar e daquela gente mal educada te mandando longe no meio da avenida lotada só porque você passou na frente do carro delas. Verão é legal e tudo, mas é muito verão. É só isso. É sol, temperaturas altas e gente em exibicionismo maior, todos se sentindo deuses. Fim, acabou. Só isso.
Acho que terei sempre uma alma de velha por amar os outonos e os invernos, aquele friozinho gostoso, a ponta do nariz vermelha e gelada, os chocolates quentes, as roupas, as luvas e cachecóis, os livros nas livrarias e toda aquela paisagem ficando mais limpa, mais rarefeita, acho que até as pessoas ficam um pouco mais bonitas!
Então eu fico aqui sentada no meu quarto, ouvindo rumores dos corajosos que se ariscam de que o sol está escaldante lá fora e vislumbro aqueles raios fortes, aquela gente suada se apertando nas calçadas e a vontade de sair explode no ar como uma bolha de sabão e eu regresso para a cadeira, ligo o computador e morro de saudades do outono, morro de saudades das folhas secas e descoloridas e, espero. Espero a criatividade vir, que não vem, e me aperto quente aqui sentada, esperando. Desesperando.
Annabel Laurino
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Mama, take this badge from me
I can't use it anymore
It's getting dark too dark to see
Feels like I'm knockin' on heaven's door
knock-knock-knockin' on heaven's door
knock-knock-knockin' on heaven's door
knock-knock-knockin' on heaven's door
knock-knock-knockin' on heaven's door
Mama, put my guns in the ground
I can't shoot them anymore
That cold black cloud is coming down
Feels like I'm knockin' on heaven's door
(Knockin' On Heaven's Door - Guns N' Roses)
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
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"Me esforço. Refaço a cada instante uma lista com motivos que tenho pra me afastar, mas você nem lê, e me ganha rindo."
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
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- Tá fresquinho.
Ela serviu o café.
- Agora só consigo dormir depois de tomar café.
- A senhora não devia. Café tira o sono.
Ela sacudiu os ombros:
- Dane-se. Comigo sempre foi tudo ao contrário.
Caio F. Abreu
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Porque eu sou fiel aos meus sentimentos. Vou estar com você quando eu realmente quiser estar. Vou te ligar quando eu quiser falar com você. Porque eu não passo vontade. E nem vou passar vontade de você. Não vou fazer joguinho. Eu me entrego mesmo. Assim. Na lata.
Caio F. Abreu
domingo, 2 de dezembro de 2012
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"O destino nada me perguntou em colocar você na minha vida, mas caso você encontre com ele, agradeça-o em meu nome."
Caio Fernando abreu
sábado, 1 de dezembro de 2012
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"Você tem que encontrar o que você gosta. E isso é verdade tanto para o seu trabalho quanto para seus companheiros. Seu trabalho vai ocupar uma grande parte da sua vida, e a única maneira de estar verdadeiramente satisfeito é fazendo aquilo que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um ótimo trabalho é fazendo o que você ama fazer. Se você ainda não encontrou, continue procurando. Não se contente. Assim como com as coisas do coração, você saberá quando encontrar. E, como qualquer ótimo relacionamento, fica melhor e melhor com o passar dos anos. Então continue procurando e você vai encontrar. Não se contente."
(Steve Jobs)
Depois da chuva, o arco-íris. A regra é essa
Foram o que, três horas de discussão? Ou quem sabe um pouco mais? A terceira vez nessa semana que a gente discutia, e debatíamos e nos exaltávamos um com o outro. Não somos de gritar, de usar palavrão ou de ficar com xingamentos, usamos de artifícios próprios e extremamente cansativos. Eu com o meu jeito sarcástico e irônico, debatendo tudo, com um quê de orgulho, você todo irritado, magoado e implicante. A gente não chegando em lugar nenhum, as horas passando no relógio desde que você tinha chego e eu não havia nem te dado um beijo de boas vindas.
Entramos numa fase estranha acompanhada do verão e da lua cheia. Ficamos nos estranhando, eu te estranhando mais do que você. Sei lá, deu um medo de tudo. Deu medo até de mim e da gente e todas as outras pessoas. A incerteza foi substituída pela insegurança que foi reforçada pela falta de confiança.
A vontade era que todo o redor sumisse e eu pudesse me enfiar em uma toca por sei lá, vinte anos, até que tudo isso passasse e estivesse velho demais para ser novidade.
Mas enquanto a gente discutia, em voz baixa, como dois velhos resmungões comemorando as bodas de ouro sentados na varanda de casa, você me pescava com os olhos, e eu desviava o olhar, afundada num ressentimento de tudo, de você, de mim, da gente. Sempre acabo assim, meio ferina demais quando a vontade de te estrangular transborda das bases.
E você me disse tanta coisa, e eu te disse tantas mais. E foram coisas e mais coisas, palavras soltas, afiadas e pontudas. De todas elas a que mais afundou no meu peito foi você exasperado, perdendo o controle, descabelando os cabelos, em crise, não sabendo mais o que fazer comigo, eu podia ver nos seus olhos que você seria capaz de levantar um carro qualquer parado ali na rua para me fazer voltar a sorrir. E você gritou: "Por que eu to aqui? Por que? Porque eu te amo demais caramba! Por que você não entende isso?". Não respondi. Fiquei te olhando passar a mão pelos cabelos e ficar parecendo um louco maniaco perdendo o controle, os olhos enormes por trás das lentes dos óculos, os dentes perfeitos mordendo o lábio. Não aguentei, surtei também, comecei a rir. E sim, eu lembrei porque eu também te amava tanto, você sempre me faz rir.
Depois a gente mudou de lugar porque tinha aquela chuva de insetos, e as três horas já tinham passado, estávamos mais quietos, sem nada mais para dizer. Como ficam os parques de diversões depois de uma algazarra de crianças ensandecidas e seus pacotes de pipoca, latinhas de refrigerante e palitos de maça do amor espalhados pela grama. No nosso caso, a mágoa era um caos completo sem deixar espaço para a grama surgir.
Porém não resisti ao teu sorriso enorme, as tuas mãos grandes segurando as minhas costas. Você me contou uma historinha no pé do ouvido, com todo o seu charme brincalhão, me subiu nos degraus da escadinha de uma casa para que eu ficasse próxima da sua altura beirando ao dobro do meu tamanho. Tive que elevar o pescoço ainda assim e te olhei nos olhos, você sorriu e me roubou as chaves da mão. Nada de casa agora, era a mensagem prescrita nos teus lábios fechados. E você me puxou para mais perto até que a sede da tua boca saciasse na minha. Sorri em meio ao nosso beijo e tu sorriu e tudo tinha um gosto bom. O gosto da tua língua perpassando na minha, o gosto da minha boca dançando na tua, do teu abraço apertado, das tuas mãos firmes na minha cintura, nos meus quadris.
As três horas foram penduradas no cabide dentro do armário que fica lá embaixo no porão. Eu nem lembrava mais de quase nada depois que terminei de te beijar e tu me puxou de novo para mais perto. "Ainda não pequena, minha linda, minha boneca". E me lembrei de tudo, desde o inicio. Como tudo sempre teve um...Gosto bom. Eu quase disse que te amava, mas não era preciso, tu sabia enquanto eu te beijava, de novo, de novo e de novo outra vez.
E outra vez.
Entramos numa fase estranha acompanhada do verão e da lua cheia. Ficamos nos estranhando, eu te estranhando mais do que você. Sei lá, deu um medo de tudo. Deu medo até de mim e da gente e todas as outras pessoas. A incerteza foi substituída pela insegurança que foi reforçada pela falta de confiança.
A vontade era que todo o redor sumisse e eu pudesse me enfiar em uma toca por sei lá, vinte anos, até que tudo isso passasse e estivesse velho demais para ser novidade.
Mas enquanto a gente discutia, em voz baixa, como dois velhos resmungões comemorando as bodas de ouro sentados na varanda de casa, você me pescava com os olhos, e eu desviava o olhar, afundada num ressentimento de tudo, de você, de mim, da gente. Sempre acabo assim, meio ferina demais quando a vontade de te estrangular transborda das bases.
E você me disse tanta coisa, e eu te disse tantas mais. E foram coisas e mais coisas, palavras soltas, afiadas e pontudas. De todas elas a que mais afundou no meu peito foi você exasperado, perdendo o controle, descabelando os cabelos, em crise, não sabendo mais o que fazer comigo, eu podia ver nos seus olhos que você seria capaz de levantar um carro qualquer parado ali na rua para me fazer voltar a sorrir. E você gritou: "Por que eu to aqui? Por que? Porque eu te amo demais caramba! Por que você não entende isso?". Não respondi. Fiquei te olhando passar a mão pelos cabelos e ficar parecendo um louco maniaco perdendo o controle, os olhos enormes por trás das lentes dos óculos, os dentes perfeitos mordendo o lábio. Não aguentei, surtei também, comecei a rir. E sim, eu lembrei porque eu também te amava tanto, você sempre me faz rir.
Depois a gente mudou de lugar porque tinha aquela chuva de insetos, e as três horas já tinham passado, estávamos mais quietos, sem nada mais para dizer. Como ficam os parques de diversões depois de uma algazarra de crianças ensandecidas e seus pacotes de pipoca, latinhas de refrigerante e palitos de maça do amor espalhados pela grama. No nosso caso, a mágoa era um caos completo sem deixar espaço para a grama surgir.
Porém não resisti ao teu sorriso enorme, as tuas mãos grandes segurando as minhas costas. Você me contou uma historinha no pé do ouvido, com todo o seu charme brincalhão, me subiu nos degraus da escadinha de uma casa para que eu ficasse próxima da sua altura beirando ao dobro do meu tamanho. Tive que elevar o pescoço ainda assim e te olhei nos olhos, você sorriu e me roubou as chaves da mão. Nada de casa agora, era a mensagem prescrita nos teus lábios fechados. E você me puxou para mais perto até que a sede da tua boca saciasse na minha. Sorri em meio ao nosso beijo e tu sorriu e tudo tinha um gosto bom. O gosto da tua língua perpassando na minha, o gosto da minha boca dançando na tua, do teu abraço apertado, das tuas mãos firmes na minha cintura, nos meus quadris.
As três horas foram penduradas no cabide dentro do armário que fica lá embaixo no porão. Eu nem lembrava mais de quase nada depois que terminei de te beijar e tu me puxou de novo para mais perto. "Ainda não pequena, minha linda, minha boneca". E me lembrei de tudo, desde o inicio. Como tudo sempre teve um...Gosto bom. Eu quase disse que te amava, mas não era preciso, tu sabia enquanto eu te beijava, de novo, de novo e de novo outra vez.
E outra vez.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
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Geralmente quando eu finjo algo eu acabo acreditando no papel sendo exercido. Então fingir que eu não me importo, geralmente é não me importar de verdade. E você não iria gostar disso.
annabel laurino
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Estou consertando um buraco onde a chuva entra
E bloqueia minha mente de viajar
Onde ela irá.
Estou fechando as rachaduras que apareceram pela porta
E bloqueou minha mente de viajar
Onde ela irá
( Fixing A Hole - The Beatles )
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"Não fugirei de palavras bonitas porque quem diz não é uma pessoa perfeita, não arrumarei mil defeitos pra brigar contra as novecentas e noventa e nove qualidades, não desviarei meus olhos por medo de ter minha mente lida, não sumirei por medo de desaparecer, não vou ferir por medo de machucar, não serei chata por medo de você me achar legal, não vou desistir antes de começar, não vou evitar minha excentricidade, não vou me anular por sentir demais e logo depois não sentir nada, não vou me esconder em personagens, não vou contar minha vida inteira em busca de ter realmente uma vida.
Dessa vez não vou querer tudo de uma vez, porque sempre acabo ficando sem nada no final.
Estou apostando minhas fichas em você e saiba que eu não sou de fazer isso. Mas estou neste momento frágil que não quer acabar. Fiquei menos cafajeste, menos racional, menos eu. E estou aproveitando pra tentar levar algo adiante. Relacionamentos que não saem da primeira página já me esgotaram, decorei o prólogo e estou pronta pro primeiro capítulo."
Estou apostando minhas fichas em você e saiba que eu não sou de fazer isso. Mas estou neste momento frágil que não quer acabar. Fiquei menos cafajeste, menos racional, menos eu. E estou aproveitando pra tentar levar algo adiante. Relacionamentos que não saem da primeira página já me esgotaram, decorei o prólogo e estou pronta pro primeiro capítulo."
Caio F. Abreu
Ligados sintonizados
Se havia aquela excitação ao desligar o telefone
depois de uma conversa rápida e despretensiosa lá pelas duas e talvez três da
manhã? Claro, sim, com certeza, sempre haverá.
- Então tá,
vou dormir.
- Claro, tudo bem.
- Boa noite, se cuida, tá?
- Boa noite, me cuido sim, se cuida também.
- Durma bem – diziam juntos.
- Um beijo.
- Beijo.
- Tchau.
- Tchauzinho.
E aquele arrastar do telefone passando da orelha
para a boca enquanto o tchau ia saindo devagarzinho e o olho grudado na tela
na esperança vaga de que sei lá, de repente, viesse mais alguma coisa dita lá
do outro lado da linha. Não vinha, claro, e ambos desligavam o telefone,
jogados em suas camas, em seus quartos, em suas casas, separados por trilhões
de argamassas de concreto e casas e prédios e ruas e carros e sinaleiras e
bairro e praças e pessoas e mais casas. As noites eram assim as vezes, um
arrastar familiar de uma conversa mais familiar ainda. Como a dose de café para
um mero viciado, ou um copo de coca-cola gelada para os amantes enervantes, ou
um bom e delicioso chocolate, para os chocólatras. Uma droga inocente, mas que
latejava a falta nos dias em que não sucedia a reposição das doses. Olhos
triste pro telefone sem tocar, uma vontade de sei lá, nem que seja ligar só
para brigar, bater boca, fazer beiço, fazer drama e sabendo, porque sabiam,
fazer as pazes no outro dia. Criava-se um vicio, quase que um ritual, depois da primeira mordida ao fruto desejado era impossível parar. E eles não paravam de se procurar aqueles dois.
Por que? Não havia explicação. Essa era a graça. Eram os risos, as brincadeiras, as lutas, as mordidas, as brigas, as conversas, os jogos mentais e as guerrinhas bobas. As disputas, as competições. Não se cansavam, essa era também a beleza.
Como velhos
amigos as grandes palavras as vezes são desnecessárias para uma explicação que
exemplifique a Sintonia. E sintonia era o que tinha naqueles dois. Sintonia.
Uma estranha sintonia. Uma ligação sintonizada de parâmetros complexos e
basicamente, estranhos.
Annabel Laurino
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
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"Então, eu acho que somos o que somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas."
As vantagens de ser invisível
domingo, 25 de novembro de 2012
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"Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem"
- Ggaropaba mon amour -
Paraíso x inferno astral
Você bateu a porta
e eu escutei a batida, daqui de cima, depois das escadas. Tive vontade de
afundar no carpete marrrom batido, envelhecido. De entrar pra dentro dele e
fazer parte de suas milhares e pilhares de felpas encardidas. Era doloroso
essas nossas brigas, uma espécie de dor dolorida que não cessa. É um furacão
silencioso invadindo as casas, deixando rastros, calando os gritos, mordaz. Eu tive vontade de descer as escadas e de te mandar ficar, te tascar um beijo nos teus lábios grossos, te apertar o corpo, te dizer que tudo bem.
Mas não ta e não tava tudo bem. Eu fiquei chorando,
derramando lágrimas, perdida entre um pensamento e outro e a única certeza era
de não saber o que fazer. A certeza de não saber o que estar fazendo.
Nessas horas da
vontade de mandar alguém, qualquer pessoa, assumir a direção da nossa vida só
pra que alguém decida por nós mesmo o que está tão difícil de decidir. E eu
fiquei chorando silenciosamente, mordendo o lábio, olhando o computador, lendo
frases soltas, te odiando no fundo do meu estomago revoltado e na minha vontade
de gritar presa na garganta.
Paraíso a gente
sempre acha que não existe inferno astral. Paraíso tem que ser perfeito. E são
nas perfeições dos nossos dias, nos momentos que a gente só se da bem, que
rimos, que desfrutamos de tudo do pouco, de todas as coisas, felizes, amáveis,
se amando, a gente sempre rindo, a gente sempre brincando e assim, do nada,
essas brigas, essa instabilidade sobre os olhos, é terremoto, furacão é coisa
feia, palavras duras, duvidas incompreensíveis, olhares magoados e eu chorando,
sempre, chorando por me sentir tão ferida por qualquer mínimo escorregão seu. Eu
não sei ser tratada assim, não aprendi a lidar com o feio das coisas, com o teu
lado negro. Pra mim tu sempre foi luz, paz, amor, coisas bonitas, eternas, saudáveis,
pra mim tua áurea sempre foi brilhante, com o poder de iluminar a minha.
E agora assim,
esses acontecimentos que não sei lidar, quando é tu que mancha a minhas
vistas, que descolore as flores, que pinta negra a minha áurea, que apaga meus
sorrisos, que me escondes, que me enganas, que me tiras do sério. Doloroso ver
o não palpável, o não desejável, o não claro, quando tudo contigo sempre foi
luz.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Uma formiga brilhante, apenas
Demorei muito para
escrever sobre um assunto pessoal como esse. O que é estranho, já que muitas
vezes escrever sobre sentimentos não se torna tão pessoal assim, ao contrário
de quando se trata de opiniões particulares.
Algumas pessoas
dizem que quando você escreve sobre algo de que gosta ou de que tem um apreço
importante, não flui de uma maneira boa, fica pessoal demais e etc.
De toda forma,
isso não é um artigo sobre como levar uma vida saudável, não é algo que você vá
ler na matéria daquela revista sentado na sala de espera do consultório dentário
e nem se trata de uma reportagem de um programa da tarde. É um relato intimo
que eu considero de todas as formas, importante. Eu poderia ter escrito sobre
isso antes, inúmeras vezes pensei em fazê-lo, mas sempre faltava argumentos,
falta de criatividade para a iniciação e por fim, tornou-se um assunto intocado
e restritamente guardado no fundo da gaveta.
Até agora.
Quando eu tinha
oito anos de idade eu almoçava todos os dias da semana com os meus avós. Eu
saia da escola, que era muito perto da casa dos meus avós e ia almoçar com
eles. Era rotina. Minha avó me ensinava sobre animais, ela tinha um grande e
imenso amor por gatos, cachorros, aves e todas as espécies existentes. E eu
adorava. Não era tão criança quanto também não possuía maturidade, e achava magnífico
aprender sobre animais, sobre a vida que eles tinham em suas selvas, seus
pastos, fazendas, países distantes.
Nós tínhamos uma
empregada que preparava o almoço. Maria era o nome dela. A Maria não cozinhava
lá grandes coisas, diga-se de passagem que eu não gostava da comida dela, mas
era a empregada de família a muitos anos, meus avós gostavam dela. Dizia meu avô
que Maria preparava carnes como ninguém, um frango assado e uma chuleta então,
nem se fala. Minha avó comia também. E eu, comia o que era posto ao prato,
comia a carne sem reclamar, todos comiam.
Mas isso ficava na
minha cabeça de uma forma muito infantil. A forma como nós nos questionamos
sobre o mundo quando somos crianças e automaticamente começamos a pensar mais
adultos, sobre coisas que não são mais tão de crianças assim.
Minha avó levantava
da mesa, após o almoço e ia para a sala, se sentar e vezes fazia crochê, vezes
ela tricotava, e eu sentava sempre ao seu lado, vendo suas mãos enrugadas e
branquinhas trabalharem de nó em nó em cada ponto que laçava, era então os
momentos em que começavam suas histórias.
Ela dizia amar os
animais.
Criei sobre minha
avó uma pessoa amável, respeitável. Ela dizia que os amava. Mas os comia
deliberadamente sem pestanejar.
Comecei a achar
isso estranho.
Sempre ouve carnes
e mais carnes em minha casa, na casa dos meus avós e dos meus outros avós. Um
churrasquinho de domingo aqui, um asado ali e assim a coisa ia. Eu comia a
carne, era obrigada, assim como toda criança com pais com costumes tipicamente “naturais”.
Aos 15 anos eu
tomei uma iniciativa. Parei de comer carne. Foi uma atitude sem muita indagação,
eu não precisava mais pensar sobre, eu já havia me decidido. Para mim, um
pedaço de boi era equivalente ao pedaço de uma carne de cachorro, os cachorros
que eu tanto amava. Me tornei vegetariana.
Milhares de amigos
e parentes questionaram a decisão. Rolou muita conversa, pedido de explicação. Gente
não entendendo a tal chamada ‘palhaçada’. Foi dado o nome na família de ‘frescura,
bobagem, coisinha de menina’. Mas não era nada disso.
Li muitas coisas,
artigos, reportagens, livros. Tudo me fazendo fundamentar mais ainda a ideia de
que tudo que eu estava fazendo era correto, para mim, uma atitude nobre, a
minha mais simples maneira de fazer da minha atitude uma ajuda ao planeta que
eu vivo. Uma esperança, um pontinho de luz do tamanho de uma formiga na imensidão
de um breu horrendo. Mas era minha forma de fazer algo.
Animais são
irracionais. Algo corretíssimo, claro. Afinal isso se dá porque não possuem o
dom da fala, a nossa fala humana e... fim. Fim? Sim, fim. Eles transmitem sons
que automaticamente são sons de comunicação, a nossa comunicação para eles deve
tanto ser a mesma deles para nós, uma barulhada sem sentido. Eles ouvem,
possuem sentidos aguçados, eles sentem dor, medo, frio, sono, fome e todas as
necessidades que possuímos. Se locomovem, respiram, comem. E o mais igualitário
de todos, eles tem coração. Eles tem, por mais diferente, estranho, por mais
que a ideia seja unicamente e no mais audaciosa, sentimentos. Eles tem
sentimentos.
Como a mãe
elefante que cuida de seus filhotes, que os banha e os alimenta, a mãe leoa que se preocupa com sua cria buscando comida, arriscando sua vida entre outros
predadores para que os seus não morram. Como o panda que abraça forte seus
filhotinhos e os protege contra o frio, os aquecendo rente ao peito.
Me tornar
vegetariana não foi um protesto, não foi uma causa levantada. Foi um gesto de
solenidade ao meu mais profundo respeito aos animais, aos bichos, a todos. Aos
elefantes do Quênia que são mortos cruelmente apenas para terem suas presas
arrancadas com crueldade, sendo vendidas, uma vida em troca de um valor. Meu total
respeito aos leões marinhos, aos tubarões que são mortos não pela carne, mas
pelo valor de suas peles no uso de ferramentas japonesas, aos cachorros de
todas as espécies que são tidos presos em feiras publicas com suas carnes à
venda para comercialização. Aos pinguins que são prejudicados pelos fortes
fluxos de petróleo, aos ursos caçados por suas peles sedosas e macias para que
pessoas como nós, tidas como racionais, possa-as vesti-las em frente ao
espelho, pelo desfrute da vaidade, apenas. Meu singelo e profundo respeito às
aves caçadas e empalhadas, colocadas em estantes para a decoração de casas, aos
patos mortos, aos gansos e galinhas, aos porcos, e todos os animais do mundo.
É minha forma,
minha maneira um tanto inútil, um tanto esperançosa de transmitir um bocado de
consciência, de paz em meio às letras, as palavras. As desculpas do consumo de
carne são sempre as mesmas, errôneas e sem justificativas aprofundadas,
trata-se, dizem eles da “lei natural’, “somos feitos carnívoros desde a idade média”,
e com tanta evolução tecnológica eu vejo o ser humano cada vez mais burro, mais
ignorante, sem sentimentos.
A imagem de um
golfinho aconchegando-se ao corpo de um humano para passar sua cabeça em um
pedido de afago, de carinho, de atenção, parece tão puramente ingênuo, tão
inocente e lindo, que eu penso as vezes que a ciência esqueceu-se de estudar a
evolução com clareza. Os animais estão cada vez mais próximos da paz, da
socialização digna de admiração. E nós? Continuamos a nos destruir.
Isso não é um
alerta, não é algo com o intuito de fazer alguém mudar sua vida e se tornar
agora um vegetariano. Não trata-se do que você é ou do que você faz, mas os
motivos, o porque, isso é a sua essência. E essa é o pedaço de minha essência,
o meu mais profundo amor e respeito por aqueles tidos como irracionais, tidos
como sem importância, quando pouco, me ensinam muito.
Annabel Laurino
Contra-partida
Regresso ao ponto de embarque. Regresso sempre ao ponto de
partida. Regresso simplesmente. Na vontade que aperta com um nó, o peito. Na vontade
que aperta com força, o desejo. Eu regresso. Faço barulho das malas sendo
despencadas na tua porta, caídas das minhas mãos pequenas. Te espero na
varanda. Eu regresso. Entre uma briga e outra, entre um gole de um café quente,
entre o blues que toca no rádio, o disparate dos teus olhos nervosos, da
mordida do lábio meu que treme, das tuas mãos suadas e firmes, tão grandes. O verão
assoma pelas janelas, as vidraças transparentes. Te vejo grande, impotente, e
eu, regressando as tuas histórias, tuas palavras minúsculas, teus acentos esquecidos,
tuas virgulas mal usadas. Mas. Eu volto sempre.
Annabel Laurino
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
So fine
E eu não tenho nenhuma história para contar. Nenhum drama diário
e repentino que esteja me tirando os fios de cabelo e fazendo minhas unhas
quebrarem, nada que esteja perturbando meu sono, ou afastando-o de mim. Não há
mais choros interrompidos no meio da noite com as cobertas servindo de muralha
envoltas do corpo em tremeliques e soluços e também não há mais vestígios de
tristezas profundas e falta do que pensar.
É verdade eu que eu
parei um pouco de escrever, as histórias, os contos, os pensamentos e aquelas
bobagens e dramas de sempre. Mas, acredito eu, que o motivo dessa interrupção abruta
seja justamente por que até que enfim, depois de tanto tempo, eu me permiti
viver as histórias que eu tanto queria contar.
Claro, você deve
estar esperando que eu te diga que o príncipe de armadura reluzante bateu na
porta com seu cavalo branco de crina macia me resgatando para uma aventura
feliz no outro lado do mundo. Na verdade, não trata-se de príncipes ou contos
de fadas ou se quer de histórias brilhantemente lindas e maravilhosas, é muito
mais que isso, é uma daquelas coisas que desconfiamos que nunca irão acontecer
e que acontecem.
Eu lutei muito
contra isso, eu não queria sair do casulo. Ao mesmo tempo que eu queria viver,
de alguma forma eu me impossibilitava, eu esperava algo escondida atrás das
cortinas, vislumbrando lá fora a chegada de algo que já havia chego a muito
tempo, e eu não queria ver, eu queria esperar mais.
Desisti de esperas que
incapacitam a felicidade. Me permiti ser feliz. Do meu jeito, da minha maneira
doida e desvairada, mas me permiti. E comecei a amar de verdade. Sabe aquele
amor de novelas e filmes da sessão da tarde? Pois é, é tudo mentira. É
verdade que amor mesmo é aquilo que fica, que suporta, que permanece. Amor é
manso. E amor cura. Amor não nasce do nada e nem se quer machuca.
Eu fui curada de
todas minhas crises. É verdade que ainda restam algumas, as minhas crises de
identidade ainda perduram, mas as crises mais fortes e tristes são somente
poeira numa memória agora congestionada de felicidade.
Aprendi a gostar
mais dos detalhes, dos pequenos momentos, das pequeninas coisas. A dar valor
para o irrecuperável, para o saudável. Comecei a amar sorrisos, o arrastar de pés
na areia da praia no domingo, as reuniões de família agora muito mais freqüentes,
os beijos, os amassos, as briguinhas bobas, as brincadeiras estúpidas, os
segredos, as trocas de olhares, os abraços longos e arrastados. Tudo isso agora
faz parte de um mundo novo que eu comecei a descobrir.
Meu espírito anda
leve e feliz e meu interior limpo e tranqüilo. Não salvou o mundo, não me
tornou a melhor pessoa do universo, as minhas notas de química ainda são um
desastre, mas mesmo assim eu sou melhor, eu sou mais feliz por ter aquela
pessoa do meu lado, por saber que em determinado dia eu vou vê-la, eu vou rir,
eu vou brincar com uma piada boba. É bom dormir abraçada naquele corpo familiar
e quente, ver aquele sorriso caloroso, ter aquelas mãos massageando minhas
pernas e saber que elas estarão sempre ali, onde deveriam ter estado há muito
tempo, se não fossem os naufrágios das minhas emoções sempre tão egoístas.
Amor é uma coisa
que nos faz bem, sossega, alimenta, cuida, cura. É numa tarde de praia, e numa
festa em família, é no dividir de um sorvete, de uma conversa produtiva, de uma
brincadeira amena, de beijos trocados, de abraços apertados. Amor é o que
completa a gente. E eu me sinto tão completa ultimamente, não há mais espaço
para o que deveria ter sido e não foi, não há mais espaço para o que faz mal. Há
espaço para a luz, para o bonito, o novo, o que salva, o que vem, o que constrói.
E isso tudo eu tenho tido tanto. Eu ando tão bem.
Annabel Laurino
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
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"Ah, no fim destes dias crispados de início de primavera, entre os engarrafamentos de trânsito, as pessoas enlouquecidas e a paranóia à solta pela cidade, no fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, no que resta de cabelos na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta e você me leva para Creta, Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem."
Caio Fernando Abreu
terça-feira, 13 de novembro de 2012
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Tati Bernardi.
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