annabel laurino
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
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Geralmente quando eu finjo algo eu acabo acreditando no papel sendo exercido. Então fingir que eu não me importo, geralmente é não me importar de verdade. E você não iria gostar disso.
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Estou consertando um buraco onde a chuva entra
E bloqueia minha mente de viajar
Onde ela irá.
Estou fechando as rachaduras que apareceram pela porta
E bloqueou minha mente de viajar
Onde ela irá
( Fixing A Hole - The Beatles )
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"Não fugirei de palavras bonitas porque quem diz não é uma pessoa perfeita, não arrumarei mil defeitos pra brigar contra as novecentas e noventa e nove qualidades, não desviarei meus olhos por medo de ter minha mente lida, não sumirei por medo de desaparecer, não vou ferir por medo de machucar, não serei chata por medo de você me achar legal, não vou desistir antes de começar, não vou evitar minha excentricidade, não vou me anular por sentir demais e logo depois não sentir nada, não vou me esconder em personagens, não vou contar minha vida inteira em busca de ter realmente uma vida.
Dessa vez não vou querer tudo de uma vez, porque sempre acabo ficando sem nada no final.
Estou apostando minhas fichas em você e saiba que eu não sou de fazer isso. Mas estou neste momento frágil que não quer acabar. Fiquei menos cafajeste, menos racional, menos eu. E estou aproveitando pra tentar levar algo adiante. Relacionamentos que não saem da primeira página já me esgotaram, decorei o prólogo e estou pronta pro primeiro capítulo."
Estou apostando minhas fichas em você e saiba que eu não sou de fazer isso. Mas estou neste momento frágil que não quer acabar. Fiquei menos cafajeste, menos racional, menos eu. E estou aproveitando pra tentar levar algo adiante. Relacionamentos que não saem da primeira página já me esgotaram, decorei o prólogo e estou pronta pro primeiro capítulo."
Caio F. Abreu
Ligados sintonizados
Se havia aquela excitação ao desligar o telefone
depois de uma conversa rápida e despretensiosa lá pelas duas e talvez três da
manhã? Claro, sim, com certeza, sempre haverá.
- Então tá,
vou dormir.
- Claro, tudo bem.
- Boa noite, se cuida, tá?
- Boa noite, me cuido sim, se cuida também.
- Durma bem – diziam juntos.
- Um beijo.
- Beijo.
- Tchau.
- Tchauzinho.
E aquele arrastar do telefone passando da orelha
para a boca enquanto o tchau ia saindo devagarzinho e o olho grudado na tela
na esperança vaga de que sei lá, de repente, viesse mais alguma coisa dita lá
do outro lado da linha. Não vinha, claro, e ambos desligavam o telefone,
jogados em suas camas, em seus quartos, em suas casas, separados por trilhões
de argamassas de concreto e casas e prédios e ruas e carros e sinaleiras e
bairro e praças e pessoas e mais casas. As noites eram assim as vezes, um
arrastar familiar de uma conversa mais familiar ainda. Como a dose de café para
um mero viciado, ou um copo de coca-cola gelada para os amantes enervantes, ou
um bom e delicioso chocolate, para os chocólatras. Uma droga inocente, mas que
latejava a falta nos dias em que não sucedia a reposição das doses. Olhos
triste pro telefone sem tocar, uma vontade de sei lá, nem que seja ligar só
para brigar, bater boca, fazer beiço, fazer drama e sabendo, porque sabiam,
fazer as pazes no outro dia. Criava-se um vicio, quase que um ritual, depois da primeira mordida ao fruto desejado era impossível parar. E eles não paravam de se procurar aqueles dois.
Por que? Não havia explicação. Essa era a graça. Eram os risos, as brincadeiras, as lutas, as mordidas, as brigas, as conversas, os jogos mentais e as guerrinhas bobas. As disputas, as competições. Não se cansavam, essa era também a beleza.
Como velhos
amigos as grandes palavras as vezes são desnecessárias para uma explicação que
exemplifique a Sintonia. E sintonia era o que tinha naqueles dois. Sintonia.
Uma estranha sintonia. Uma ligação sintonizada de parâmetros complexos e
basicamente, estranhos.
Annabel Laurino
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
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"Então, eu acho que somos o que somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas."
As vantagens de ser invisível
domingo, 25 de novembro de 2012
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"Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem"
- Ggaropaba mon amour -
Paraíso x inferno astral
Você bateu a porta
e eu escutei a batida, daqui de cima, depois das escadas. Tive vontade de
afundar no carpete marrrom batido, envelhecido. De entrar pra dentro dele e
fazer parte de suas milhares e pilhares de felpas encardidas. Era doloroso
essas nossas brigas, uma espécie de dor dolorida que não cessa. É um furacão
silencioso invadindo as casas, deixando rastros, calando os gritos, mordaz. Eu tive vontade de descer as escadas e de te mandar ficar, te tascar um beijo nos teus lábios grossos, te apertar o corpo, te dizer que tudo bem.
Mas não ta e não tava tudo bem. Eu fiquei chorando,
derramando lágrimas, perdida entre um pensamento e outro e a única certeza era
de não saber o que fazer. A certeza de não saber o que estar fazendo.
Nessas horas da
vontade de mandar alguém, qualquer pessoa, assumir a direção da nossa vida só
pra que alguém decida por nós mesmo o que está tão difícil de decidir. E eu
fiquei chorando silenciosamente, mordendo o lábio, olhando o computador, lendo
frases soltas, te odiando no fundo do meu estomago revoltado e na minha vontade
de gritar presa na garganta.
Paraíso a gente
sempre acha que não existe inferno astral. Paraíso tem que ser perfeito. E são
nas perfeições dos nossos dias, nos momentos que a gente só se da bem, que
rimos, que desfrutamos de tudo do pouco, de todas as coisas, felizes, amáveis,
se amando, a gente sempre rindo, a gente sempre brincando e assim, do nada,
essas brigas, essa instabilidade sobre os olhos, é terremoto, furacão é coisa
feia, palavras duras, duvidas incompreensíveis, olhares magoados e eu chorando,
sempre, chorando por me sentir tão ferida por qualquer mínimo escorregão seu. Eu
não sei ser tratada assim, não aprendi a lidar com o feio das coisas, com o teu
lado negro. Pra mim tu sempre foi luz, paz, amor, coisas bonitas, eternas, saudáveis,
pra mim tua áurea sempre foi brilhante, com o poder de iluminar a minha.
E agora assim,
esses acontecimentos que não sei lidar, quando é tu que mancha a minhas
vistas, que descolore as flores, que pinta negra a minha áurea, que apaga meus
sorrisos, que me escondes, que me enganas, que me tiras do sério. Doloroso ver
o não palpável, o não desejável, o não claro, quando tudo contigo sempre foi
luz.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Uma formiga brilhante, apenas
Demorei muito para
escrever sobre um assunto pessoal como esse. O que é estranho, já que muitas
vezes escrever sobre sentimentos não se torna tão pessoal assim, ao contrário
de quando se trata de opiniões particulares.
Algumas pessoas
dizem que quando você escreve sobre algo de que gosta ou de que tem um apreço
importante, não flui de uma maneira boa, fica pessoal demais e etc.
De toda forma,
isso não é um artigo sobre como levar uma vida saudável, não é algo que você vá
ler na matéria daquela revista sentado na sala de espera do consultório dentário
e nem se trata de uma reportagem de um programa da tarde. É um relato intimo
que eu considero de todas as formas, importante. Eu poderia ter escrito sobre
isso antes, inúmeras vezes pensei em fazê-lo, mas sempre faltava argumentos,
falta de criatividade para a iniciação e por fim, tornou-se um assunto intocado
e restritamente guardado no fundo da gaveta.
Até agora.
Quando eu tinha
oito anos de idade eu almoçava todos os dias da semana com os meus avós. Eu
saia da escola, que era muito perto da casa dos meus avós e ia almoçar com
eles. Era rotina. Minha avó me ensinava sobre animais, ela tinha um grande e
imenso amor por gatos, cachorros, aves e todas as espécies existentes. E eu
adorava. Não era tão criança quanto também não possuía maturidade, e achava magnífico
aprender sobre animais, sobre a vida que eles tinham em suas selvas, seus
pastos, fazendas, países distantes.
Nós tínhamos uma
empregada que preparava o almoço. Maria era o nome dela. A Maria não cozinhava
lá grandes coisas, diga-se de passagem que eu não gostava da comida dela, mas
era a empregada de família a muitos anos, meus avós gostavam dela. Dizia meu avô
que Maria preparava carnes como ninguém, um frango assado e uma chuleta então,
nem se fala. Minha avó comia também. E eu, comia o que era posto ao prato,
comia a carne sem reclamar, todos comiam.
Mas isso ficava na
minha cabeça de uma forma muito infantil. A forma como nós nos questionamos
sobre o mundo quando somos crianças e automaticamente começamos a pensar mais
adultos, sobre coisas que não são mais tão de crianças assim.
Minha avó levantava
da mesa, após o almoço e ia para a sala, se sentar e vezes fazia crochê, vezes
ela tricotava, e eu sentava sempre ao seu lado, vendo suas mãos enrugadas e
branquinhas trabalharem de nó em nó em cada ponto que laçava, era então os
momentos em que começavam suas histórias.
Ela dizia amar os
animais.
Criei sobre minha
avó uma pessoa amável, respeitável. Ela dizia que os amava. Mas os comia
deliberadamente sem pestanejar.
Comecei a achar
isso estranho.
Sempre ouve carnes
e mais carnes em minha casa, na casa dos meus avós e dos meus outros avós. Um
churrasquinho de domingo aqui, um asado ali e assim a coisa ia. Eu comia a
carne, era obrigada, assim como toda criança com pais com costumes tipicamente “naturais”.
Aos 15 anos eu
tomei uma iniciativa. Parei de comer carne. Foi uma atitude sem muita indagação,
eu não precisava mais pensar sobre, eu já havia me decidido. Para mim, um
pedaço de boi era equivalente ao pedaço de uma carne de cachorro, os cachorros
que eu tanto amava. Me tornei vegetariana.
Milhares de amigos
e parentes questionaram a decisão. Rolou muita conversa, pedido de explicação. Gente
não entendendo a tal chamada ‘palhaçada’. Foi dado o nome na família de ‘frescura,
bobagem, coisinha de menina’. Mas não era nada disso.
Li muitas coisas,
artigos, reportagens, livros. Tudo me fazendo fundamentar mais ainda a ideia de
que tudo que eu estava fazendo era correto, para mim, uma atitude nobre, a
minha mais simples maneira de fazer da minha atitude uma ajuda ao planeta que
eu vivo. Uma esperança, um pontinho de luz do tamanho de uma formiga na imensidão
de um breu horrendo. Mas era minha forma de fazer algo.
Animais são
irracionais. Algo corretíssimo, claro. Afinal isso se dá porque não possuem o
dom da fala, a nossa fala humana e... fim. Fim? Sim, fim. Eles transmitem sons
que automaticamente são sons de comunicação, a nossa comunicação para eles deve
tanto ser a mesma deles para nós, uma barulhada sem sentido. Eles ouvem,
possuem sentidos aguçados, eles sentem dor, medo, frio, sono, fome e todas as
necessidades que possuímos. Se locomovem, respiram, comem. E o mais igualitário
de todos, eles tem coração. Eles tem, por mais diferente, estranho, por mais
que a ideia seja unicamente e no mais audaciosa, sentimentos. Eles tem
sentimentos.
Como a mãe
elefante que cuida de seus filhotes, que os banha e os alimenta, a mãe leoa que se preocupa com sua cria buscando comida, arriscando sua vida entre outros
predadores para que os seus não morram. Como o panda que abraça forte seus
filhotinhos e os protege contra o frio, os aquecendo rente ao peito.
Me tornar
vegetariana não foi um protesto, não foi uma causa levantada. Foi um gesto de
solenidade ao meu mais profundo respeito aos animais, aos bichos, a todos. Aos
elefantes do Quênia que são mortos cruelmente apenas para terem suas presas
arrancadas com crueldade, sendo vendidas, uma vida em troca de um valor. Meu total
respeito aos leões marinhos, aos tubarões que são mortos não pela carne, mas
pelo valor de suas peles no uso de ferramentas japonesas, aos cachorros de
todas as espécies que são tidos presos em feiras publicas com suas carnes à
venda para comercialização. Aos pinguins que são prejudicados pelos fortes
fluxos de petróleo, aos ursos caçados por suas peles sedosas e macias para que
pessoas como nós, tidas como racionais, possa-as vesti-las em frente ao
espelho, pelo desfrute da vaidade, apenas. Meu singelo e profundo respeito às
aves caçadas e empalhadas, colocadas em estantes para a decoração de casas, aos
patos mortos, aos gansos e galinhas, aos porcos, e todos os animais do mundo.
É minha forma,
minha maneira um tanto inútil, um tanto esperançosa de transmitir um bocado de
consciência, de paz em meio às letras, as palavras. As desculpas do consumo de
carne são sempre as mesmas, errôneas e sem justificativas aprofundadas,
trata-se, dizem eles da “lei natural’, “somos feitos carnívoros desde a idade média”,
e com tanta evolução tecnológica eu vejo o ser humano cada vez mais burro, mais
ignorante, sem sentimentos.
A imagem de um
golfinho aconchegando-se ao corpo de um humano para passar sua cabeça em um
pedido de afago, de carinho, de atenção, parece tão puramente ingênuo, tão
inocente e lindo, que eu penso as vezes que a ciência esqueceu-se de estudar a
evolução com clareza. Os animais estão cada vez mais próximos da paz, da
socialização digna de admiração. E nós? Continuamos a nos destruir.
Isso não é um
alerta, não é algo com o intuito de fazer alguém mudar sua vida e se tornar
agora um vegetariano. Não trata-se do que você é ou do que você faz, mas os
motivos, o porque, isso é a sua essência. E essa é o pedaço de minha essência,
o meu mais profundo amor e respeito por aqueles tidos como irracionais, tidos
como sem importância, quando pouco, me ensinam muito.
Annabel Laurino
Contra-partida
Regresso ao ponto de embarque. Regresso sempre ao ponto de
partida. Regresso simplesmente. Na vontade que aperta com um nó, o peito. Na vontade
que aperta com força, o desejo. Eu regresso. Faço barulho das malas sendo
despencadas na tua porta, caídas das minhas mãos pequenas. Te espero na
varanda. Eu regresso. Entre uma briga e outra, entre um gole de um café quente,
entre o blues que toca no rádio, o disparate dos teus olhos nervosos, da
mordida do lábio meu que treme, das tuas mãos suadas e firmes, tão grandes. O verão
assoma pelas janelas, as vidraças transparentes. Te vejo grande, impotente, e
eu, regressando as tuas histórias, tuas palavras minúsculas, teus acentos esquecidos,
tuas virgulas mal usadas. Mas. Eu volto sempre.
Annabel Laurino
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
So fine
E eu não tenho nenhuma história para contar. Nenhum drama diário
e repentino que esteja me tirando os fios de cabelo e fazendo minhas unhas
quebrarem, nada que esteja perturbando meu sono, ou afastando-o de mim. Não há
mais choros interrompidos no meio da noite com as cobertas servindo de muralha
envoltas do corpo em tremeliques e soluços e também não há mais vestígios de
tristezas profundas e falta do que pensar.
É verdade eu que eu
parei um pouco de escrever, as histórias, os contos, os pensamentos e aquelas
bobagens e dramas de sempre. Mas, acredito eu, que o motivo dessa interrupção abruta
seja justamente por que até que enfim, depois de tanto tempo, eu me permiti
viver as histórias que eu tanto queria contar.
Claro, você deve
estar esperando que eu te diga que o príncipe de armadura reluzante bateu na
porta com seu cavalo branco de crina macia me resgatando para uma aventura
feliz no outro lado do mundo. Na verdade, não trata-se de príncipes ou contos
de fadas ou se quer de histórias brilhantemente lindas e maravilhosas, é muito
mais que isso, é uma daquelas coisas que desconfiamos que nunca irão acontecer
e que acontecem.
Eu lutei muito
contra isso, eu não queria sair do casulo. Ao mesmo tempo que eu queria viver,
de alguma forma eu me impossibilitava, eu esperava algo escondida atrás das
cortinas, vislumbrando lá fora a chegada de algo que já havia chego a muito
tempo, e eu não queria ver, eu queria esperar mais.
Desisti de esperas que
incapacitam a felicidade. Me permiti ser feliz. Do meu jeito, da minha maneira
doida e desvairada, mas me permiti. E comecei a amar de verdade. Sabe aquele
amor de novelas e filmes da sessão da tarde? Pois é, é tudo mentira. É
verdade que amor mesmo é aquilo que fica, que suporta, que permanece. Amor é
manso. E amor cura. Amor não nasce do nada e nem se quer machuca.
Eu fui curada de
todas minhas crises. É verdade que ainda restam algumas, as minhas crises de
identidade ainda perduram, mas as crises mais fortes e tristes são somente
poeira numa memória agora congestionada de felicidade.
Aprendi a gostar
mais dos detalhes, dos pequenos momentos, das pequeninas coisas. A dar valor
para o irrecuperável, para o saudável. Comecei a amar sorrisos, o arrastar de pés
na areia da praia no domingo, as reuniões de família agora muito mais freqüentes,
os beijos, os amassos, as briguinhas bobas, as brincadeiras estúpidas, os
segredos, as trocas de olhares, os abraços longos e arrastados. Tudo isso agora
faz parte de um mundo novo que eu comecei a descobrir.
Meu espírito anda
leve e feliz e meu interior limpo e tranqüilo. Não salvou o mundo, não me
tornou a melhor pessoa do universo, as minhas notas de química ainda são um
desastre, mas mesmo assim eu sou melhor, eu sou mais feliz por ter aquela
pessoa do meu lado, por saber que em determinado dia eu vou vê-la, eu vou rir,
eu vou brincar com uma piada boba. É bom dormir abraçada naquele corpo familiar
e quente, ver aquele sorriso caloroso, ter aquelas mãos massageando minhas
pernas e saber que elas estarão sempre ali, onde deveriam ter estado há muito
tempo, se não fossem os naufrágios das minhas emoções sempre tão egoístas.
Amor é uma coisa
que nos faz bem, sossega, alimenta, cuida, cura. É numa tarde de praia, e numa
festa em família, é no dividir de um sorvete, de uma conversa produtiva, de uma
brincadeira amena, de beijos trocados, de abraços apertados. Amor é o que
completa a gente. E eu me sinto tão completa ultimamente, não há mais espaço
para o que deveria ter sido e não foi, não há mais espaço para o que faz mal. Há
espaço para a luz, para o bonito, o novo, o que salva, o que vem, o que constrói.
E isso tudo eu tenho tido tanto. Eu ando tão bem.
Annabel Laurino
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
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"Ah, no fim destes dias crispados de início de primavera, entre os engarrafamentos de trânsito, as pessoas enlouquecidas e a paranóia à solta pela cidade, no fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, no que resta de cabelos na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta e você me leva para Creta, Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem."
Caio Fernando Abreu
terça-feira, 13 de novembro de 2012
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Tati Bernardi.
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E quando seus temores se acalmarem
E as sombras ainda permanecerem
Eu sei que você pode me amar
Quando não houver mais ninguém para culpar
Então não se preocupe com a escuridão
Nós ainda podemos encontrar um jeito
Porque nada dura para sempre
Nem mesmo a fria chuva de novembro
November Rain - Guns N' Roses
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
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De vez em quando choro, é bom chorar, eu não tenho vergonha, mas em todos os momentos existe a certeza de ter feito uma escolha acertada, de estar caminhando em direção à luz. Não nego nada do que fiz, também não tenho arrependimentos ou mágoas: eu não poderia ter agido de outra maneira.
Caio Fernando Abreu
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Uma compressa de sexta
A sexta feira chegou esmagadora. As imagens na cabeça eram
do filme de terror visto na noite passada, aquele meio antigo em que a menina
vira a cabeça em 1000° e da as piores risadinhas diabólicas do mundo. Sem
contar que no fundo da retina, muito complicada e perdida, estavam todas
aquelas tragédias diárias, das familiares até as frustações românticas. A sexta
começou mal.
Começou afogada
numa caneca de café amargo e com um olhar ainda mais amargo diante do espelho. “Meu
Deus, pensou, eu devia estar feliz.” E porém, não estava.
Tinha, aquela
menina meio descabelada, a péssima mania de misturar sentimentos como se fossem
alimentos sendo jogados num liquidificador, e que ela ligava, com o maior
prazer, sem se preocupar em por a tampa, fazendo tudo voar pelos ares,
manchando as paredes, tingindo o branco limpo das cortinas intocáveis.
Dizem que as
sextas feiras são os piores dias da semana, são o ultimo grito do martírio e
então o salve da paz em direção a liberdade do final de semana e do “venha tudo
que puder” o qual nos trazem sempre.
No fim não
acontece nada. E nunca acontecia de qualquer forma.
Tomou banho gelado
e pôs no corpo a roupa obrigatória de toda a semana, sair a luta era o
potencial dos dias, ser esmagada pelas suas próprias emoções era o fado de uma
vida sem explicações.
Começou a chorar
sempre. Antes de dormir, quando as luzes eram apagadas e se via envolta pela
escuridão, dormia chorando, entre o rolar de uma lágrima e o gemido fininho de
uma dor aguda no coração. Sem contar quando começou a chorar até quando chegava
em casa, sentada no sofá abraçada à uma almofada. Nunca fora assim tão sensível,
e agora, parecia quase que iria quebrar, de dentro para fora.
Pressentia nos
ventos abafados daqueles dias calorosos uma estranha sensação que chegava a
perfurar no peito, uma espécie de sede destrutiva, de fuga da realidade, de
fazer mil bobagens ou, de simplesmente não fazer absolutamente nada. Uma
dorzinha mesclada com desejo que beirava à desistência. E não sabia explicar.
Mas havia sempre, sobre essas sextas, uma vontade doida de sumir de tudo, sumir
com tudo, mesmo que o sol ainda berrasse grande e impotente lá fora.
Annabel Laurino
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Cause the lights are shining bright
Ao contrário dos romances que eu escrevo, você não é idealizado. Não brotou da mente, ou de uma criatividade inconsciente, ou conscientemente até. Você é real. Por mais que nos romances que eu escreva eles não deixem de serem reais, afinal são uma peça da realidade que eu, cuidadosamente moldo e aperfeiçoou. Você, ao contrário de toda essa coisa moldável, eu não aperfeiçoou e nem como num bolo eu não coloco a cereja no topo. Porque você é pronto. Ao contrário dos livros que eu leio e vivo perdida, seu sorriso não acaba no arrastar de uma página e como todas as coisas que eu amo, ele me fisga, me instiga e me faz ficar olhando como se fosse a melhor coisa do mundo. Como um livro aberto me chamando para uma louca viagem.
Quando o Axl canta em Patience, “Cause the lights are shining bright”, com aquele grito agudo incrível que me faz arrepiar. Pois as luzes continuam brilhando intensamente. E as luzes continuam brilhando em meio a gente. E sempre brilham um pouco mais. A cada vez que você enrosca o braço em volta do meu corpo e caminhamos juntos na rua, ou quando tu me pega no colo, me faz cafuné, ajeita os travesseiros para eu deitar, quando prepara o meu café, quando massageia meus pés do tamanho das suas mãos grandes, me mima, me leva pra sair, busca o mundo para me fazer feliz. Quando rimos juntos até a barriga doer, ou quando te vejo socar o ar porque você conseguiu ganhar de mim naquela partida acirrada de vídeo game. Quando briga por que não comi, quando me conta da sua vida, das dores que pesam no seu peito, quando tu me ouve, me consola, me diz “tudo bem, eu sei como é”, não é de praxe, é porque você sabe mesmo. Você sempre sabe.
Já decorei seus defeitos. Já seis todas tuas qualidades. Gravei tuas loucuras.
Quem sabe em um dia qualquer sem te conhecer se você passasse ao meu lado na rua eu nem olharia para você, em uma festa, num cinema, num café. Eu nem notaria sua presença. Mas agora que você roubou meu espaço, que ficou gravado na minha retina tão cansada, não sei mais como te tirar daqui.
Até ontem você era um amigo. O meu eterno melhor amigo e depois mais que um amigo. Mas sempre foi você. Mesmo quando eu bati o pé de teimosa, mesmo quando eu dizia que eu não queria nada, eu queria tudo, e quando eu te escondi o jogo eu tava só fazendo doce. Tudo graças as suas insistentes batidas na porta, suas placas sinalizando em meio ao caminho, chamando a minha atenção, seus abraços apertados quando eu estava mal e o mundo só me fazia ficar pior, sua paciência inesgotável com meu espírito inconstante. Você sempre esteve presente, esperando o momento que eu enfim te perceberia. Que eu acordaria para nós dois.
Depois que eu percebi que os dias ficam muito melhores com você, eu só queria que você chegasse cada vez mais. Logo, eu soube que o seu sorriso era o motivo do meu próprio surgir, e as coisas fizeram ainda mais sentido.
Não sei se você me deixa ficar ai, se tu quer ficar aqui, não sei se eu quero ficar pra sempre, se tu quer ficar pra sempre, nem sei se o pra sempre existe. Mas você é o meu comparsa, somos uma dupla de gangsters, somos os vilões, os mocinhos, somos como Bonnie e Clarck, Zé colméia e cacatau, o Cérebro e o Pink.
Eu preciso de você não por que eu morreria se você não estivesse aqui, mas porque a vida faz mais sentido com você deitado do meu lado. Não faz do mundo um lugar melhor, não faz as crianças da África terem comida ou a guerra do Afeganistão levantar a bandeira da paz de repente, não resolve o problema do aquecimento global, do racionamento de água, dos terremotos do outro lado do mundo. Não faz milagres. Não resolve a vida, não me faz mais rica ou mais alta. Mas se por esse caos eu tiver que passar, e se por essa dura vida, esses dias chatos que temos pelas semanas, se eu tiver que suportar um final de segunda feira, uma crise existencial, minha TPM de todo mês, se eu tiver que ficar biruta, louca, caduca, raspar o cabelo, pixar as paredes, pelo menos eu não piro sozinha, se eu ganhar na loteria, se eu conhecer enfim o Johnny Depp, se a gente se mudar pra outro país, se tudo ficar feio e escuro ou mais lindo e claro, que seja tudo isso ao seu lado, que seja com você. Que seja você.
“Eu pulo se você me der a mão.” (CFA)
Quando o Axl canta em Patience, “Cause the lights are shining bright”, com aquele grito agudo incrível que me faz arrepiar. Pois as luzes continuam brilhando intensamente. E as luzes continuam brilhando em meio a gente. E sempre brilham um pouco mais. A cada vez que você enrosca o braço em volta do meu corpo e caminhamos juntos na rua, ou quando tu me pega no colo, me faz cafuné, ajeita os travesseiros para eu deitar, quando prepara o meu café, quando massageia meus pés do tamanho das suas mãos grandes, me mima, me leva pra sair, busca o mundo para me fazer feliz. Quando rimos juntos até a barriga doer, ou quando te vejo socar o ar porque você conseguiu ganhar de mim naquela partida acirrada de vídeo game. Quando briga por que não comi, quando me conta da sua vida, das dores que pesam no seu peito, quando tu me ouve, me consola, me diz “tudo bem, eu sei como é”, não é de praxe, é porque você sabe mesmo. Você sempre sabe.
Já decorei seus defeitos. Já seis todas tuas qualidades. Gravei tuas loucuras.
Quem sabe em um dia qualquer sem te conhecer se você passasse ao meu lado na rua eu nem olharia para você, em uma festa, num cinema, num café. Eu nem notaria sua presença. Mas agora que você roubou meu espaço, que ficou gravado na minha retina tão cansada, não sei mais como te tirar daqui.
Até ontem você era um amigo. O meu eterno melhor amigo e depois mais que um amigo. Mas sempre foi você. Mesmo quando eu bati o pé de teimosa, mesmo quando eu dizia que eu não queria nada, eu queria tudo, e quando eu te escondi o jogo eu tava só fazendo doce. Tudo graças as suas insistentes batidas na porta, suas placas sinalizando em meio ao caminho, chamando a minha atenção, seus abraços apertados quando eu estava mal e o mundo só me fazia ficar pior, sua paciência inesgotável com meu espírito inconstante. Você sempre esteve presente, esperando o momento que eu enfim te perceberia. Que eu acordaria para nós dois.
Depois que eu percebi que os dias ficam muito melhores com você, eu só queria que você chegasse cada vez mais. Logo, eu soube que o seu sorriso era o motivo do meu próprio surgir, e as coisas fizeram ainda mais sentido.
Não sei se você me deixa ficar ai, se tu quer ficar aqui, não sei se eu quero ficar pra sempre, se tu quer ficar pra sempre, nem sei se o pra sempre existe. Mas você é o meu comparsa, somos uma dupla de gangsters, somos os vilões, os mocinhos, somos como Bonnie e Clarck, Zé colméia e cacatau, o Cérebro e o Pink.
Eu preciso de você não por que eu morreria se você não estivesse aqui, mas porque a vida faz mais sentido com você deitado do meu lado. Não faz do mundo um lugar melhor, não faz as crianças da África terem comida ou a guerra do Afeganistão levantar a bandeira da paz de repente, não resolve o problema do aquecimento global, do racionamento de água, dos terremotos do outro lado do mundo. Não faz milagres. Não resolve a vida, não me faz mais rica ou mais alta. Mas se por esse caos eu tiver que passar, e se por essa dura vida, esses dias chatos que temos pelas semanas, se eu tiver que suportar um final de segunda feira, uma crise existencial, minha TPM de todo mês, se eu tiver que ficar biruta, louca, caduca, raspar o cabelo, pixar as paredes, pelo menos eu não piro sozinha, se eu ganhar na loteria, se eu conhecer enfim o Johnny Depp, se a gente se mudar pra outro país, se tudo ficar feio e escuro ou mais lindo e claro, que seja tudo isso ao seu lado, que seja com você. Que seja você.
Annabel Laurino
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
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"Amor não é paixão. Fazer sexo não é fazer amor. Ódio não é amor. Amor não é fogo, não é chama, não é amizade, não é casamento, nem compromisso. Amor não é namorar, não é chorar, não é beijar, não é desejar, não é saudade. Amar não é estar-se preso por vontade. Não é servir quem vence o vencedor. Amor não vai. Amor é o que fica. Amor é resto. Amor é o que sobra do que foi supracitado. Amor não é onda, é o mar. É o companheiro que não abandona depois que todas as fervorosas sensações se foram. Paixão, ódio, saudade, sexo, casamento, desejo são como trens. Amor é estação."
Gabito Nunes
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"Deixa que o olhar do mundo enfim devasse
Teu grande amor que é teu maior segredo!
Que terias perdido, se, mais cedo,
Todo o afeto que sentes se mostrasse?
Basta de enganos!
Mostra-me sem medo
Aos homens, afrontando-os face a face:
Quero que os homens todos, quando eu passe,
Invejosos, apontem-me com o dedo.
Olha: não posso mais!
Ando tão cheio
Deste amor, que minh'alma se consome
De te exaltar aos olhos do universo...
Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio:
E, fatigado de calar teu nome,
Quase o revelo no final de um verso"
(Deixa o Olhar do Mundo) Olavo Bilac
domingo, 4 de novembro de 2012
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“Nunca fui fã de um “eu te amo”. Sou mais dos “pensei em você”, “pô saudade”, “ouve essa música”, “vem cá”..”
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
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"Quando a gente se olha dá uma esperança, sabe? Quando a gente se sente – longe ou perto – e se entende – em silêncio. Quando eu te capto e você me “pesca”, o mundo dá uma volta bonita, ouso dizer que colorida. Os estragos são somente estragos e as dores são somente as dores: o único excesso é amar. Tem exagero melhor? E vem mesmo aquela esperança do olhar, a expectativa de que talvez você me ame tanto quanto eu descobri que te amo em meio às minhas cartas antigas que agora me tiram somente gargalhadas… Porque você é uma carta nova que eu não quero ter que rasgar. Dá aquela esperança de ser feliz e poder te levar comigo."
Camila Costa - trechos de nós.
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