Ella Fitzgerald & Louis Armstrong
domingo, 13 de abril de 2014
Sobre bolsos pequenos, sobre não ter espaço para tanto
O frio chegou. Acordei no final da manhã de domingo com a noticia que estava marcando 14°. Não poderia ficar mais feliz. Voltei para casa, noite escura, sete horas e a lua lá em cima, banhando tudo. É nessas horas que a nostalgia bate e eu me sinto acolhida, dentro do meu casaco preto de bolsos pequenos que só cabem minhas mãos e nada mais.
Para que eu preciso de bolsos pequenos se eu não poderia colocar neles todas as coisas que eu guardo? Que eu escondo e você nem sabe, é tão furtivo, é o que eu faço, sem ninguém perceber. Como papéis de bala que todo mundo soca na bolsa ou nos bolsos. Eu e as minhas coisas não ditas, eu e os meus papéis de bala amassados.
Agora sem espaço, eu não tenho aonde por. Engulo no solavanco firme e que dói na garganta que lateja, reclama. Guardar é mais fácil, engolir não.
Como as lembranças que eu vou guardando, só para depois, sozinha, ficar remoendo. Um fusca azul passa e eu tenho a remota memória de saber o que fazer mas não tem ninguém ao lado, estão ocupados. É uma brincadeira, eu lembro, aquela em que você se vira e bate em alguém por causa do fusca azul. A coisa é essa. Mas a brincadeira não flui. Mantenho as mãos no bolso sem espaço para essa recordação, engulo-a.
Penso que chegarei em casa e tomarei uma boa caneca de café, dobrarei as roupas, colocarei uma musica para tocar e depois, depois é só o depois que fica longe, bem distante e que eu não preciso pensar.
Agora, no momento, eu quero meias, quero chocolate, quero filmes antigos e a minha cama. Quero o abraço do favorecimento romântico sem o drama pós filme. Você me entende? Eu sei que não.
Nessas noites que parecem lânguidas onde o frio beija o nariz da gente, onde as mãos geladas parecem tão finas, tão pequenas, nessas noites cheias e com dias curtos, vezes com sol forte, vezes com chuva branda, eu quero desejar fininho, deitada no chão do meu quarto com a musica ao fundo, a letra ressoando. Estarei cantando junto, assim: "Just hold me tight and tell me you'll miss me".
Para que eu preciso de bolsos pequenos se eu não poderia colocar neles todas as coisas que eu guardo? Que eu escondo e você nem sabe, é tão furtivo, é o que eu faço, sem ninguém perceber. Como papéis de bala que todo mundo soca na bolsa ou nos bolsos. Eu e as minhas coisas não ditas, eu e os meus papéis de bala amassados.
Agora sem espaço, eu não tenho aonde por. Engulo no solavanco firme e que dói na garganta que lateja, reclama. Guardar é mais fácil, engolir não.
Como as lembranças que eu vou guardando, só para depois, sozinha, ficar remoendo. Um fusca azul passa e eu tenho a remota memória de saber o que fazer mas não tem ninguém ao lado, estão ocupados. É uma brincadeira, eu lembro, aquela em que você se vira e bate em alguém por causa do fusca azul. A coisa é essa. Mas a brincadeira não flui. Mantenho as mãos no bolso sem espaço para essa recordação, engulo-a.
Penso que chegarei em casa e tomarei uma boa caneca de café, dobrarei as roupas, colocarei uma musica para tocar e depois, depois é só o depois que fica longe, bem distante e que eu não preciso pensar.
Agora, no momento, eu quero meias, quero chocolate, quero filmes antigos e a minha cama. Quero o abraço do favorecimento romântico sem o drama pós filme. Você me entende? Eu sei que não.
Nessas noites que parecem lânguidas onde o frio beija o nariz da gente, onde as mãos geladas parecem tão finas, tão pequenas, nessas noites cheias e com dias curtos, vezes com sol forte, vezes com chuva branda, eu quero desejar fininho, deitada no chão do meu quarto com a musica ao fundo, a letra ressoando. Estarei cantando junto, assim: "Just hold me tight and tell me you'll miss me".
Annabel Laurino
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