sábado, 31 de dezembro de 2011

A vida segue assim


    Então, sobresaltada você olha para o relógio no canto da tela do computador. Pousa a xícara de café ao lado e observa ao longe um dia chuvoso. O ultimo dia do ano.
    Parece que foi tão rápido e depois tão lento. Você se descobre olhando para tudo o que passou, como se tivesse decorrido por uma montanha russa radical, cheia de curvas, altas e baixas, umas que até mesmo te colocaram de cabeça para baixo.
    Mais um ano está indo embora. E tantos livros você leu, tantas coisas você acumulou, não só mais pesos na estante do seu quarto, mas mais bagagens na sua bolsa de viagem. Mais amizades, uma ou duas, três no máximo, contando-se as de verdade. Mais sorrisos, choros e abraços. Momentos especiais. Você observa o coração inflar numa dor escura e distante. Uma paixão descoberta, vivida, partida, e já quase esquecida.
    Novamente você entende que tudo passa muito rápido. Mais um ano dizendo adeus, e você na verdade nem sabe mais quantas oportunidades terá de sei lá, sentar na frente do computador, no ultimo dia do ano e poder dizer que mais um ano está indo embora.
    Duvidoso, o futuro é mesmo uma caixinha de surpresas. Atenta aos detalhes, você sorri, maravilhada como depois de noites frias, tempestades agourentas e tudo mais você chegou até aqui. Viva. Você está viva.   E todas coisas mais que virão serão intensas e mostraram mais uma vez que você pode escolher. Você consultará esse passado de agora e verá suas lições aprendidas. Saberá o que fazer.
     Mais um outono está próximo, você já conta os dias. E logo o inverno chegara, frio e irregelante. Haverá cafés, luvas e cachecóis. As árvores estarão secas, haverá folhas vermelhas e quentes por todos os lados, haverá novos dias e novas coisas, novos rostos. Até que a primavera chegue com sua calmaria e depois o verão e então, você se surpreenderá novamente que mais um ano passou e a vida segue em frente como se seguisse contas num colar de brilhantes. Essa é a maravilha. O recomeço. O virar a página.
    Um novo ano está vindo.
    Já posso escutar os fogos.
 

  Bebellaurino


 Feliz Ano Novo!
    Paz.

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Queridos, sinto saudade.

Tudo que eu queria, que eu espero ardentemente, enquanto o sol ardente de mais um dia vai embora, lá por volta das oito da noite, quando a janela do meu quarto fica aberta, aquela brisa de fim de dia vem recaindo silenciosa e sinto como se fosse denso esse silêncio puro, que transpassa na copa das árvores mais altas até que entra de mansinho pelo quarto. Um friozinho bem agudo e fino, da espessura de uma agulha, que acompanha o vento entrando erroneamente pelo quarto. Sinto cheiro de terra, folhas e fim do dia. O céu vai ficando daquele cinza esgotado. Eu olho como se fosse uma criança diante da loja de doces. Cenário perfeito. O coração palpita distante, parece que nem mais esta aqui. A boca fica deliciada, os olhos brilham. Outono. Inverno. Se pudesse buscá-los eu sairia correndo pela porta do quarto em um roupante sem nem mesmo pestanejar. Quero eles, e tudo que vem junto. Quero frio, quero café quente esquentando a gente por dentro, quero dedos gelados, nariz vermelho, meias de desenhos, suéteres velhos e corações mais aquecidos. Quero tudo como se tem direito. 
   

bebellaurino.



Mas eu to falando é de... Você sabe.

    Entre as divergências estranhas que se repartem agudas, geladas e ferinas enquanto arranham a nuance calma de dentro da vida, se estende a mão sobre a mesa, encontre-se outra mão viva. Quente, aquece sua mão fria. É no ato de estender, que se descobre como é fácil chegar até algum porto perto para poder descansar. E descansa. Por que seu corpo já sente as dores daquele corpo muito cansado depois de um longo e terrível impasse briguento. Agora, depois de todas as disputas, muitas percas, poucos ganhos, mais sabedoria acumulada, e todas coisas mais que você considera importante, chora baixinho no ombro, espera uma história divertida, e que se diga: "Tudo bem, estou aqui, fique calma, temos todo o tempo do mundo."
    E assim, tinge-se um aglomerado de coisas quentes que você não saberia dar nome, define-se apenas como sensações novas e momentos únicos. Desfeche para corações feridos.

bebellaurino. 


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Ando um pouco para dentro, não sei se você entende. Me fechei um pouco, de tudo. Me abri
para mim, me fechei para o resto. Ainda não sei se é certou ou no que vai dar, mas garanto que estou me descobrindo um pouco. 


(Caio Fernando Abreu)