Oh, sim! Sim!
Eu vi algo!
Algo subindo a elevação de cores e de sabores que se enchiam dos meus lábios até aos lugares mais alheios de mim. Meu olfato, minha audição.
E subia e subia. Como se estivesse sendo comando por um maestro que cheio de suas consternações, dos mais profundos e sórdidos desejos, conduzia o algo.
Oh! Algo cheio para se ser visto, ouvido, cheirado e ainda saboreado.
Gostos e gostos.
Uma explosão de sensações na ponta de minha língua.
Doce e amargo!
Que crueldade deliciosa de uma mentira mal contada, mal profanada no encontro firme do osso que se move no beijar.
Cheio de texturas. Ásperas e lisas. Sedosas e macias.
Conduzindo pelo corpo.
Conduzindo num caminho incerto da alma.
Você vê sem nada ver.
Você sabe sem nada saber.
Saber e saber. Nada impede de entender.
Oh como me encanto. É como notas de piano. Fortes, mais fortes, mais fortes, soando precisas, raivosas, subindo no ar. Tragando o silêncio, tragando a doce e breve inocência.
Oh sim!
Hoje, de fato eu vi algo.
Vi você.
Em um sonho. Apenas em um sonho.
Real, por que não, real?
Você esteve aqui afinal.
Annabel Laurino.