Regresso ao ponto de embarque. Regresso sempre ao ponto de
partida. Regresso simplesmente. Na vontade que aperta com um nó, o peito. Na vontade
que aperta com força, o desejo. Eu regresso. Faço barulho das malas sendo
despencadas na tua porta, caídas das minhas mãos pequenas. Te espero na
varanda. Eu regresso. Entre uma briga e outra, entre um gole de um café quente,
entre o blues que toca no rádio, o disparate dos teus olhos nervosos, da
mordida do lábio meu que treme, das tuas mãos suadas e firmes, tão grandes. O verão
assoma pelas janelas, as vidraças transparentes. Te vejo grande, impotente, e
eu, regressando as tuas histórias, tuas palavras minúsculas, teus acentos esquecidos,
tuas virgulas mal usadas. Mas. Eu volto sempre.
Annabel Laurino
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