Você não precisa de imagens concretas e bem nítidas para definir bem um pensamento do que acontece agora, nesse exato instante no mundo. Por isso suspendo fazer um texto com fotos dos acontecimentos que relato. Não é uma noticia, é um simples comentário que, talvez, sem valor.
Neste simples texto vou expressar uma idéia passageira, que diferente de uma reportagem na televisão eu mostro com toda a minha humildade um pensamento nítido, simples, básico e lúcido do que nesse exato momento acontece bem ao meu lado.
Você acha que nada pode lhe acontecer, o mundo inteiro despenca em meio a milhares de litros da água, esgotado de mortes, de pessoas inocentes, de pessoas que em um dia qualquer acordaram para viver, para trabalhar, para estudar, para viajar, para encontrar um amor, um novo amor, para reencontrar alguém, enfim, em um dia qualquer, com tantas coisas, com tantos planos e sonhos, que em um incidente catastrófico tudo, simplesmente tudo se desfaleceu.
Vivemos em um mundo real, um mundo onde bem dizia Cazuza “Seres humanos vivendo como bichos”. Somos literalmente animais, vivemos em selvas, perigosas, que explodem, que tremem, que se enchem d’água, que engolem agente. Destruímos nossa casa, nossa família, nosso fascínio é o dinheiro, e o nosso nome, é ganância.
Que triste que lamentável, você liga á televisão em uma manhã de sexta e pega o jornal anunciando, nitidamente, como um soco no estomago. “Terremoto no Japão, Tsunami, pessoas mortas, desaparecidas” as imagens brotam na tela da TV, um horror, um pesadelo, pessoas dependuradas em postes, em prédios, abanando as roupas pelos carros implorando socorro enquanto uma manancial de água as engole aos poucos. Barcos sendo arrastados, carros, casas, pontes, como se fossem brinquedos de plástico.
Que horror.
Certo dia na escola, minha professora de História perguntou para a turma sobre o Brasil, sobre as velhas frases do Renato Russo, “Que País é esse?”. E eu pergunto “Que mundo é esse?”
Que mundo é esse onde vivemos, que se escolhe matar ou morrer? Que coisa mais triste, você acorda em uma manhã e mesmo que você saiba que o horror está lá, do outro lado do mundo, a pergunta surge, “mas poderia ser comigo, não?”. Sim, poderia. Eu poderia estar lá. Vendo aquela torrencial de água vindo em minha direção. Para que lado correr? Para onde ir?
Pode parecer dramático leitores, com certeza posso estar sendo dramática de mais, mas por favor, não finjam que isso não acontece. As pessoas fingem que só por que está do outro lado do mundo, aquilo não pode acontecer com elas.
O que nos faz pensar que somos melhores do que alguém para que isso não aconteça com nós?
Somos medrosos, temos medo, medo que aconteça, de que de repente o mundo resolva sucumbir e não reste vida para contar história. As pessoas, o mundo inteiro, temem.
Claro, claro que existe a solidariedade, pessoas que se comovem a dor roupas, comidas, materiais de higiene, mas por medo. Medo de que um dia venha a acontecer com elas.
Estamos vivendo em um mundo onde nem mais em nossas próprias casas encontramos segurança.
O que era nossa maior aliada para nos favorecer conforto, agora, nos ataca. A Natureza revoltada, os vulcões com suas bocas enormes despertando do sono de anos, as gelereiras derretendo em um calor fora do normal, a terra gritando.
Que horror.
Que realidade triste que vivemos.
Deixo, esse texto, pedindo condolências á todas as pessoas que hoje estão sofrendo em custas de milhares de coisas que se arrastam durante anos. Ninguém quer falar sobre isso. Ninguém quer dizer que é culpa de nós mesmos, de nossas invenções, todos querem justificar algo, estudar e explicar. Mas no fundo não há explicação, somente Deus sabe por que isso acontece, e no fundo entendemos que talvez seja o fim, por culpa de nós mesmos.
Peço minhas condolências as pessoas de São Lourenço do Sul, tão perto daqui de Rio grande, Que Deus as proteja, a fé e a única esperança.
E as minhas condolências as pessoas do Japão. Longe, não importa, aqueles que não se fazem cegos podem ligar a televisão, todos sabem que a realidade está tão próxima quanto menos de um palmo de nossos próprios narizes. As famílias conhecidas do Rio Grande do Sul, que possuem parentes no Japão, também peço condolência, e digo “Força”.
Sinto muito leitores, sinto escrever sobre algo tão triste e tão real.
A verdade é que ontem quando liguei a TV e assisti sobre as noticias de São Lourenço, me peguei pensando, “Poderia ser aqui”. E essa realidade é tão grande, ver aquela cidade que um dia tão inteira e depois tomada por água, é triste. Sinto muito pelas famílias, pelos sonhos despedaçados, pelas vidas machucadas, sinto muito.
E hoje, hoje quando vi sobre o Japão, vendo aquelas ondas imensas engolirem as cidades, foi como um pesadelo, que horror. É como se uma guerra houvesse devastado aquele lugar, vidas que antes haviam acordado para mais um dia normal se depararam com uma catástrofe, colocada como a sétima pior dos últimos tempos. Sinto muito, mais uma vez.
Por favor, encerro esse texto, pedindo de coração, aqueles que puderem que tiverem oportunidades, ajudem, ajudem essas pessoas, você que mora perto de um local que faz arrecadações de roupas e etc. Ajude. Doe, faça a sua parte. Você que pode, nem que com uma muda de roupa, mas ajude.
E pela primeira vez, em um texto nada tão típico de mim, eu peço á paz, que todos lutem pela paz. Lutamos por tantas coisas, por um trabalho melhor, por um dinheiro á mais no fim do mês, por uma casa melhor para os filhos, para mais comida nos armários, para um namorado(a) novo(a), sei lá, mas lutamos por tanto, que lutemos pela paz, que pode ser tão fácil, apenas com um gesto, um gesto simples, um sorriso, talvez, pode amenizar tanta coisa. Abracem seus irmãos, por que a verdade é nítida e muito bem estampada, vivemos, infelizmente em um mundo de guerra. Não temos mais tempo para dor, para rancor, para inimizades, para tão pouco. Temos tempo apenas para fazer valer a pena, por que hoje, não se sabe mais o dia de amanhã.
Fiquem em paz,
Desejo todo amor, toda paz.
Annabel Laurino.
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