quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sem querer. Desejo.


    Não queria estar aqui, sentada no meio do quarto ouvindo o silêncio obscuro da falta de palavras que me fogem da boca, que escorregam e somem, quando eu mais preciso.
    Pensando bem, muitas coisas, ou pessoas, somem quando se mais precisa.
    Estou pensando nas coisas que eu mais desejaria no momento e me veio, meio que sem querer, meio que abruptamente, uma lâmpada acessa e o rosto dele cintilou brilhante no canto esquecido da memória.
    Difícil dizer. Qualquer coisa que seja. Passou-se tanto tempo, tanto e tanto, que pensar nele é como pegar um objeto no porão adornado de pó e teias de aranha, rachaduras do tempo e todas aquelas coisas mais que se acumulam pela falta de lembrança. Lembrança do toque, do ver, do sentir...
    Fiquei sentada um longo tempo aqui e nada me vinha e de repente me veio ele, assim, de repente. E lembrei do seu colo amigo, das suas maneiras doces e educadas, do seu afeto, da sua forma carinhosa e se
mpre tão... Madura.
    Sorri. Sem poder impedir também. Sorri pois tudo que me veio foi doce. E o paladar tornou-se doce, doce, e tudo que comecei a sentir foi doce também. E depois um pouco amargo. Não, não foi saudade, não foi arrependimento nem coisas assim, nem mesmo aquela velha história do “ah, SE eu tivesse feito diferente”.
    Foi algo mais como admiração misturada com um certo sentimento de queria-te-ter-aqui-agora, mas sem ser saudade. Mais como necessidade latente. Tudo bem, saudade então. Foram bons momentos, foram boas histórias. Cresci e estou aqui, pensei, sozinha, sempre, quase sempre, praticamente sempre, sozinha.
    Mas foi fato de que ele me veio, e que permaneceu por um pequeno tempo, daí pensei e pedi pra Deus que cuide dele, que tenha ele em mãos, e desejei paz, amor, tudo de bom. 

Annabel Laurino.

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