Gosto de como a sutileza de um bocado doce de ternura beirando a inocência às vezes se apoderam de mim. Gosto do tom da minha voz, da minha risada em escalas, meio ponderada, meio casual, meio arrastada, meio sensual. Às vezes como um ponto, gritante ela afina, e depois se espicha meio como uma calda espiralando no ar. Gosto do gosto adjacente da sabedoria afiada que arde na ponta da minha língua quente, das palavras em meus olhos, iluminando a alma, aquecendo a mente. Gosto das feições costumeiras de meu rosto brando. Gosto da minha pele, febril e macia. Do brilho do sol invernal repousando calidamente sobre meu corpo. Gosto de como esse mesmo sol fica dourando os pelos de meus braços nus, iluminando e recaindo sobre minhas pestanas negras. Gosto de como meu corpo se acentua sob um vestido negro, e que eu, ao todo muito branca, pareço assim, meio faminta, meio felina, meio brutal.
E por fim, gosto do meu corpo. Gosto do que ele faz. De como ele faz.
Annabel Laurino.
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