quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ainda sou... Ainda serei... Uma eterna garotinha...

    Quando ficamos velhos, ou melhor, cada vez mais que ficamos velhos, temos a exagerada tendência a ser incrivelmente chatos sem perceber.
    Coisas que antes nos faziam rir e apertar a barriga em meio a gargalhadas e choros de risos, com o tempo passa a ser substituído por um união de sobrancelhas enrugadas, olhos apertados, resmungos exagerados...
    O abraço da mãe na frente dos amigos nos deixa irritadiços e sem jeito, o aperto nas bochechas da sua tia avó torna-se insuportável, as gargalhadas de seu primo mais novo no cinema por que achou a cena engraçada é no mínimo irritante, a guerra de bolhas de sabão é insignificante, as garotinhas convidando-a a brincar de cartas é irrelevante, seu tio coruja tentando paparicá-la como se ainda tive cinco anos de idade é idiota, suas amigas fazendo guerras de travesseiro é besta, e sua mãe querendo contar suas histórias de criança é... chato.
    Por quê? Por que temos essa tendência de sermos incrivelmente chatos conforme vamos crescendo? Por que não podemos rir sempre? Por que não podemos estarmos felizes sempre? E, pior ainda, por que as coisas de crianças que um dia fora nosso presente agora tende a ser uma coisa tão incrivelmente esquecida?  Como se nunca tivesse existido.
    Não entendo isso. Ainda sou uma eterna criança exagerada. Tudo bem que às vezes por baixo de meus óculos de grau e de meus livros chatos eu pareça uma nerd ambulante extrapolada de estranha e sem um pingo de risos. Mas me faça rir. Eu adoro.
    Vamos motivar mais isso. Rir mais. Brincar mais. O que tem de errado nisso? A vida não foi feita para ser levada tão a sério assim. É importante conversar, trocar idéias, entender o que se passa no dia-a-dia, falar sobre questões mundiais exageradamente importantes.
    Mas é mais importante ainda viver. Rir, pular, sorrir, gargalhar. Saber rir das coisas pequenas, saber manejar as situações infantis e relembrar os velhos tempos.
    Sentada na grama seca, brincando de bonecas a tarde inteira, comendo sorvete direto do pote, fazendo biscoitos e sujando a cozinha de farinha, pregando peças nos avós, inventando histórias, inventando brincadeiras.
    Ainda guardarei meus velhos tempos, ainda lembrarei de quando ria sem motivo, de quando me esquecia do mundo, e de quando inventava um só para mim. Ainda caminharei de pés descalços sobre a grama fria, ainda sujarei a roupa, farei bagunça, ainda andarei descabelada se bem me convir, ainda comerei sorvete do pote, andarei de balanço, correrei no parque, ainda tirarei fotos doidas que ninguém precisa ver, ainda rirei tanto que chorarei, e cantarei tão alto que meus pulmões protestarão.
    Não é necessário agir como criança. Mas aquela que existiu um dia, não precisa ser apagada completamente de mim.



Annabel Laurino.



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