sexta-feira, 22 de junho de 2012

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   E agora, o tempo passou, o café quente esfriou e não cobre mais os ressequidos dos lábios secos. Estamos entrando no outono daqui uns dias e essas tardes úmidas só me fazem lembrar de você. Logo as folhas das arvores vão mudar de cor, as areias das praças ficaram úmidas e arenosas, cobertas de folhas avermelhadas e amareladas. Caminharei por essas ruas de pedregulhos históricos e me lembrarei de você. Quando enfiar a cara no ar gélido de junho, vou me lembrar de você. E quando enfim julho chegar, novamente, vou sentir o estomago frio e revirado de saudade, como tem que ser. Vou assistir um filme de lembranças, vou lembrar de todas as coisas e vou sonhar com você. Será como uma história bonita, contada por faunos e floras, flores de inverno, flocos de neve que não caem por aqui. Impossível, irreversível. Que agora só existe na minha cabeça, como um livro empoeirado esquecido em uma prateleira de um sebo velho qualquer. Bonita, dolorida e tristemente só.


Annabel Laurino



- escrito em 16/05/12

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