Te procuro em outros rostos, espero te ver por ai, a
qualquer momento. Eu até te receberia aqui em casa, qualquer hora da madrugada,
despenteada, de pijama amarrotado, sem maquiagem, cheirando a café e livros
velhos. Eu abriria a porta e sorria, não teria exaustão, coisas passadas, medo
de escuro e da noite. Qualquer sentimento recíproco seria mero sentimento perto
de te ver novamente. Te olhar. Ah sim, essa é minha sede que não cessa e que
arranha na garganta como coisa viva que não vai embora.
Mas fico
tranqüila, da melhor forma que posso ficar, aceito o inevitável, por que
afinal, é melhor assim, não é mesmo? Eu sei. Não precisa ser agora, tudo bem.
Mas eu ainda abrirei a porta para você novamente, ainda verei você entrando, sentando no
sofá, não estarei descabelada, não cheirarei a café ou a livros velhos, será um
dia qualquer, eu não estarei esperando. E será lindo. Ah sim. Eu sei.
Acontecerá, quando tiver que acontecer.
Lindo. Será Lindo, fico
repetindo.
Annabel Laurino.
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