Mas embora isso, embora isso tudo, você bem que se sente um tanto sozinha, perdida entre aquela linha fina e solitária, esperando que o telefone toque ou que alguém bata na sua porta de surpresa trazendo uma caixa de bombom embaixo do braço e pedindo, com carinho, para ser sua companhia da tarde. Bem que você queria sentir o calorzinho de outro corpo embaixo do edredom em uma tarde chuvosa, ou ter uma mão para segurar no dia em que tudo vai mal que o choro simplesmente se desprende da garganta e você parece uma criança prestes a tomar uma injeção. É natural, todos precisamos de alguém. É primitivo, você pensa.
Mas logo tanto faz. O telefone não toca, a campainha esta intacta, intocável. A caixa de e-mails somente cheia de anuncios e promoções de livros, uma unica caneca de café ainda pousa em cima da mesa, mais um capitulo escrito e mais uma vez, desiludida, cheia de si, você se fecha em sua cabaninha de idealizações e pensa: Não preciso mesmo de nada disso.
Annabel Laurino.
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