Preciso tirar você de mim. Arrancar todos os pedaços que
restaram de você aqui. E o pior de tudo é que você tratou muito bem de cuidar
da metade do processo. Você despedaçou o viveiro colorido que morava dentro de
mim e rasgou as fotos, incendiou as lembranças bonitas. Agora tudo que consigo
ver é alguém que não era quem eu amava. Não era alguém que estava nas minhas
lembranças mais doces. E não entendo por que. Não seria bom partir guardando
balas e chocolates nos bolsos?
Talvez o erro
tenha sido meu. Talvez eu tenha demorado de mais sobre a indecisão de não saber
se indo eu te perdia tanto que não conseguiria suportar. Mas vejo isso agora,
com clareza e destreza, vejo que posso viver sem você. Que é fácil. Que é bom.
Que com você as coisas ficam fora do lugar. Que você não tem me trazido coisas
boas mesmo longe e que perto de você eu me sinto mal. Por mim. Sinto-me mal por
mim, por ter acreditado em você. Por ter acreditado que você era uma boa
pessoa, que por mais detestável que eu fosse, e por mais malvada que eu me
tornasse você estaria ali logo depois, como um amigo faz, o amigo que eu pensei
que acima de tudo você fosse. Que você não iria me julgar, nem apontar o dedo e
nem interferir nos meus caminhos. Pensei mesmo, bobagem. A gente sempre pensa.
A gente sempre acredita. Deitada na cama do quarto pensando, “ele é bom, ele não
vai me julgar, por que ele vai me ajudar, ele vai ser o braço amigo que
preciso, o colo que ninguém da.”. Não fostes, não és. E descubro agora que a
queda é alta.
Annabel Laurino.
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