A gente se prende, se repreende, e se machuca, em cada verso
de música, em cada vontade absurda, em cada frase lida, coisas tingidas. Se
arrisca, se afina, e grita. E depois chora, ri, passa. Mentira. Sente e sente,
e dorme sentindo sem nem mesmo dormir. E acorda no outro dia, segura o coração,
quase que exprime. Olham-se na cara, engolem o choro, fingem pose, beijam
outros lábios, e se machucam. E desafinam o grito no silêncio obscuro de chegar
ao final. Final do que? Por que? Questionam-se, preenchem vazios um do outro
que nada preenche na esperança de se dispersar de memórias. E mentem. Como
mentem. Por que retina brilha, tinta pura, exclama, coração ferido, lembranças
luzidias, tudo branco, dizendo: “volta”. Quando a vida estampa: “Não volta
mais.”
Annabel Laurino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário