A porta azul ainda estará aberta. A maçaneta cor de rosa
ainda clicará fácil quando você for forçá-la. Ela clicará e você poderá abri-la
e entrar. O tapete verde mar ainda estará levando-o para o mesmo lugar, flores
amarelas e azuis estarão nos vasos brancos, onde você deixou antes de sair. Os
quadros de molduras em neon estarão gritando no corredor, o piano estará
tocando sozinho, nenhuma figura estará dedilhando o teclado empoeirado que você
deixou para trás. Quando partiu. Minha boca seca estará gritando, a pele
nervosa e rachada estará suplicando. Não, água não. A fonte que mata a sede
está em outro lugar, outro corpo. Seus passos aumentam no lugar, suas pegadas
macias e pesadas sobem a escada branca, seu corpo esguio sobe e sobe. Já posso
escutar.
Minhas mãos pingam de
suor, eu posso ouvir. Meus ouvidos se aguçam. Meus olhos entre a tempestade de
luz que golpeia da janela se afirmam na reentrância e afinam o foco. Um suspiro
lento como um golpe no ar sopra dos meus lábios rachados causando dor e ardência.
Vejo sua moldura alta, a forma brilhante de seu corpo branco. Seus olhos
brilham no sol. Suas mãos nos bolsos, sua boca vermelha e úmida. Até que enfim,
você chegou.
Annabel Laurino.
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