sexta-feira, 15 de julho de 2011

A espera.


 A porta azul ainda estará aberta. A maçaneta cor de rosa ainda clicará fácil quando você for forçá-la. Ela clicará e você poderá abri-la e entrar. O tapete verde mar ainda estará levando-o para o mesmo lugar, flores amarelas e azuis estarão nos vasos brancos, onde você deixou antes de sair. Os quadros de molduras em neon estarão gritando no corredor, o piano estará tocando sozinho, nenhuma figura estará dedilhando o teclado empoeirado que você deixou para trás. Quando partiu. Minha boca seca estará gritando, a pele nervosa e rachada estará suplicando. Não, água não. A fonte que mata a sede está em outro lugar, outro corpo. Seus passos aumentam no lugar, suas pegadas macias e pesadas sobem a escada branca, seu corpo esguio sobe e sobe. Já posso escutar.
 Minhas mãos pingam de suor, eu posso ouvir. Meus ouvidos se aguçam. Meus olhos entre a tempestade de luz que golpeia da janela se afirmam na reentrância e afinam o foco. Um suspiro lento como um golpe no ar sopra dos meus lábios rachados causando dor e ardência. Vejo sua moldura alta, a forma brilhante de seu corpo branco. Seus olhos brilham no sol. Suas mãos nos bolsos, sua boca vermelha e úmida. Até que enfim, você chegou.

   Annabel Laurino.

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