Como dizia a musica do Cazuza, eu vejo um futuro repetir o passado. E eu me vejo constantemente lá, no meu futuro intocável e lembro constantemente do passado, o passado que agora já deixou de existir pois não atua mais sobre mim, a não ser claro como uma lembrança, com saudade.
Será que estaremos todos destinados a isso, sermos passados, termos passados e nunca mais retornarmos a ele? Eu lembro de um livro que eu li, The Great Gatsby, o caro e pobre Gatsby que acreditava constantemente que ele poderia ter seu passado de volta intacto, que ele poderia ter Daisy de volta e sim, que ele poderia fazer com que tudo, exatamente tudo, voltasse a ser como antes. E assim, Gatsby vivia constantemente correndo em direção ao seu futuro refletido num passado distante.
Um mundo intocável esse a partir do momento em que já se perdeu, acredito. É por isso que nesse mundo em me escondo cheio de lembranças, de fotos e recordações memoráveis e que ninguém pode ver, ninguém pode sentir e nem espiar dentro dele, porque ninguém jamais sentirá exatamente o que eu senti quando vivi tudo aquilo. A não ser, claro, quem viveu comigo.
Gotas de chuva ainda caem lá fora, é um dia cinzo e eu ouço musica velha pra espantar qualquer tipo de silêncio indesejável. A gente sempre prefere o barulho, a gente sempre prefere o conforto de fingir que algo não está ali quando na verdade ele está.
E o que está agora é um futuro que eu não consigo prever.
Assusta? Me pergunto.
Assusta.
Annabel Laurino
5 comentários:
Assusta sim, se não assustasse não ia ter graça, mas, de cabeça erguida da pra tirar de letra ;)
Verdade. O sunto é consequência do pulo que se dá. Que graça teria sem ele?
é... não teria suspense, emoção. Seria como comprar um Kinder Ovo e já saber qual o brinquedo vem junto.
Exatamente! Adorei.
O futuro ser imprevisível é assustador sim, mas é o 'truque' da vida para nos manter vivos, não saber o que vem pela frente, é a graça de viver, mesmo que amedronte-nos as vezes.
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