Lá num outro canto da casa sua mãe perguntava ao seu pai sobre a ração do seu gato de nome simbólico e que perdeu um pedaço da cola. Num canto da sua casa seus pais assistiam TV enquanto você me abraçava forte e dizia o quanto, e muitíssimo, bom foi ter me encontrado. E eu dizia o mesmo, meio engolindo em seco, meio respiração nervosa. Tão bom também, meu bem.
Tão bom que eu nem conseguia responder direito. Apaga a luz ou acende. Horas nem sei a quantas são. O jantar estava excelente, obrigada. Mas me perdi mesmo foi depois enquanto você me buscava com os braços cheios de calor e me colocava na sua vida aos poucos, 'vem cá, eu sei cuidar de ti, eu sei do que você precisa'. E eu assim, meio absoluta, perdida pelas facetas da vida, aceitei o convite, te beijei outra vez, outra mais desde aquela primeira vez em meio aos livros, enquanto te interrompia falando da minha banda favorita e te olhava fundo nos olhos quase vendo o meu rosto também, olhos puros, escuros, gostei. Te beijei de novo. De novo. E outras vezes mais depois, porque tudo tinha um gosto bom.
Annabel Laurino
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