Que me agarre com força
Por que sou como água, fluo sozinha
Eu estou aqui, parada, quieta, sou a calmaria em carne
Mas fluo
Horas e outras não estou mais aqui
Preciso que me agarrem, mãos fortes e precisas, para que me prendam
Porque preciso disso
Preciso sentir-me segura
De um conforto, de um cheiro, de um gosto, de um afago
Tão, tão fácil que é
E tão complicado de se fazer
Por que não entendo, muitas vezes, e fujo
E quando fujo é pra valer
Daí você tem que me caçar em um jogo que nem eu mesma entendo
Acontece que eu sofro de mais
Por vezes, dores que nem são minhas
E fujo com essas dores, para que ninguém veja o quanto sofro
Preciso de alguém que perfure lá dentro, lá no intimo, que instigue, que puxe, que cole
E não descole depois
Preciso de chocolates
Cobertores
Sol
Flores
Música
Danças
Corações quentes
E sorrisos sem fim
Preciso de algo longe do eterno
Eternidade é muito tempo para se contar
E acho que não tenho esse tempo todo
Mas preciso de algo, do tipo, agora
No momento
E que tenha recheio
Não me venha com nada vazio
Nada de que eu não possa me lembrar depois
Com um sorriso no rosto
E duas lágrimas latentes escorrendo pelo rosto infantil.
Annabel Laurino
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