Amor é navio e não mar. Amor é lenço voando de uma janela aberta em um trem em partida. Amor é detalhe, amor é suplemento e não alimento. Amor é enfeite que complementa. Amor absorve e nem se quer suga. Amor é coisa que a gente tem e se não tiver, paciência. Aliás, paciência é sim uma das coisas que necessitam para que algo sobreviva. Sabe, paixão, sim paixão e claro, humor. Perdão, sabedoria, risos e paz de espirito. Isso sim é alimento, amor não.
Amor não faz ninguém morrer, não faz ninguém definhar, amor é algo que sente mas não prende ninguém, não amarra ninguém, não faz com que uma vida inteira pare de funcionar. É desse amor que não gruda ninguém que é o nosso amor, que é o meu tipo de amor.
Eu preciso de muito mais do que amor para me manter viva. Eu preciso muito mais do que só amor para querer ficar de verdade e ainda assim te dar um beijo daqueles de novela com direito a chuva caindo e um olhar cheio de palavras declaradas que nunca serão ditas, porque não é preciso. Eu preciso de uma injeção diária de paixão, de motivação, eu preciso de tudo e mais um pouco que se chama bom humor e carinho. Sim, eu preciso de romance com o 'r' bem desenhado em letra maiúscula e em negrito. Eu preciso de muito mais que amor para querer dormir do teu lado e acordar te achando a pessoa mais linda do mundo mesmo que todo despenteado. Companheirismo e intimidade. Compreensão e amizade.
Desde o começo eu acho que já consegui provar que amor não é o todo, é só o resto. É o que faz a gente ficar por livre e espontânea vontade com a liberdade de partir mas não querer, porque há amor. Amor é livre que nem pássaro alçando voo na beira de uma praia e rumando para lugar algum desde que haja sol. Amor é a porta para possibilidades, mas não a possibilidade em si.
É por isso que eu preciso de muito mais que amor para querer segurar sua mão até o fim desta jornada que desde o inicio tem se mostrado árdua e complicada. Na junção de dois completos opostos temos comprovado na pele que pode até ser verdade que os opostos se atraem, mas eles também se destroem e se consomem um ao outro.
Estou falando da capacidade de suportar tudo isso e ainda assim querer ficar. Mas meu caro, amor eu tenho de sobra, como recheio transbordando de um bolo recém assado e quente, ele não se contem de tão grande. Amor não é tudo, há muitas coisas mais e todas elas estão indo pelo ralo e eu não as vejo mais, não consigo mais segurá-las em meus dedos e amarfanha-lhas nas minhas mãos e ordenar que fiquem. Essas coisas, essenciais e discretas, sim, essas sim seguram um mundo se não um universo de coisas. São elas que manteriam a nossa ligação de dois opostos em uma perfeita e completa harmonia, seria como a lei do equilíbrio sendo posta a prova.
Eu preciso de mais do que amor, eu preciso de paixão, saudade, vontade, e isso eu quase já não vejo mais.
Annabel Laurino
Nenhum comentário:
Postar um comentário