"Eu detesto gente bêbada, eu odeio essa cultura cervejeira e seus comerciais ilusórios e seus cus faturando dinheiro enquanto quatro jovens perdem suas cabeças embaixo de um caminhão após uma festa, ou enquanto dois irmãozinhos se escondem debaixo da cama porque, assim como anteontem, hoje também é dia da mamãe levar surra do papai. Se você bebe por vício, hábito ou ritual – e não pelo sabor e pelo prazer autêntico –, para metamorfosear sua identidade ou aliviar alguma angústia ou remorso, não há argumento racional que me tire da cabeça que você é um idiota. Você pode ser um doente social agora, tudo bem, coitado, mas algum dia já foi um idiota. Na bocada inicial ou quando passou a glamorizar a alegria ou o conforto dos goles seguintes.
Gente bêbada é chata, covarde, prepotente, burra, deprimente, uma personalidade fraudulenta, um prejuízo ambulante, um fardo futurístico, uma estatística lamentável. Quanto de dinheiro você já gastou com destilados, meu amigo, e até onde você foi com isso? E quando você puxa papo e me conta todo empolgado quantas doses variadas você consumiu na noite anterior, achando tudo super legal, silenciosamente eu só consigo te achar idiota. Desculpe, camarada, desdenhar seu mérito. Mas aposto que aquele mendigo na porta da farmácia absorve três vezes mais garrafas do que você. E vai continuar mendigo."
Gabito Nunes
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