O tempo desperta pela manhã, da boca do leão ele ruge junto
e lambe o sol, como lagarto espreguiçando-se sob a pedra quente do deserto. Nos
pássaros batendo asas contra o vento gélido invernal. O tempo parece espiral,
grunindo em uma lambareda de fogo que engole o papel, que pinta as chama de
cores. Que desenvolve ao longo das fases daquele nome que chamamos de dia. O
tempo recria o passado em nosso presente, ele trás a saudade, as lembraças,
quadros pintados pelas mãos enrugadas do tempo. O luzidio futuro que nos espera
daqui uma hora, trinta segundos. Todas as manhãs repetindo para que o dia, o
dia seja diferente. Não reunimos forças, esperamos, ficamos no mesmo lugar.
Afundamos no tédio. Reclamamos de tudo. O lagarto, o leão, renascem todos os
dias. Precisamos acordar. Renascer. Como fogo crepitante, chama viva brilhante.
Precisamos nos fazer.
Annabel Laurino.
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