quarta-feira, 9 de maio de 2012

Um dia.



    Não sei o que houve. Estou lendo desde que a gente parou de se falar mais cedo. Te contei que estava lendo Um dia, não contei?
    A história é a seguinte: Eles são jovens e se conhecem no final da faculdade e ficam juntos por uma noite, nesse tal dia onde tudo começa, o dia da formatura. O cara, Dexter é um tanto egoísta, imaturo e viaja no dia seguinte que fica com ela, Emma. Ela é uma projeção idêntica de mim e não estou me gabando disso. Sério, fiquei um tanto assustada, por que até mesmo no físico dela que é contado no livro é parecido com o meu... Ela é escritora, lê pra caramba e etc. o resto você pode imaginar...
    Eles ficam juntos no dia 15 de julho de 1988 e toda a história são relatos de anos a seguir, mas sempre no mesmo dia 15 contando como eles estão. Mas vezes eles brigam muito, ou até mesmo param de se falar por uns tempos, mas sempre se reencontram em algum momento. Eles ficam com outras pessoas por que simplesmente não conseguem ficar juntos um com o outro. Se tornam apenas melhores amigos, porém se amam muito.
    Sei que não faz muito sentido, mas esse livro é realmente lindo e me doeu muito. Sério. Como eu sei que você não vai ler eu preciso contar o que acontece que em parte é o motivo de estar escrevendo o e-mail.
    Depois de muitos interlúdios e separações bruscas, afastamentos abruptos entre os dois, e que Dexter se mete em várias roubadas, Emma da uma guinada na vida, publica livros, ele se casa, tem um filha. Ela segue a linha independente e vai para Paris, e é onde eles se reencontram. E depois de tudo, quando eles percebem que a vida já seguiu de mais e que no fundo, mesmo assim, eles sentem muito mais do que uma amizade um pelo outro, eles ficam juntos.
    Mas a vida prova de que nem sempre podemos recuperar o tempo perdido.
    Emma morre em um acidente enquanto ia se encontrar com Dexter para eles escolherem a casa em que iriam morar depois de oito meses de casados, isso no quase final do livro, depois de tudo, de tudo que eles decidiram, que eles finalmente haviam confessado o amor de um pelo outro. Ela morre!
    Isso me doeu de uma forma extrema. Quer dizer, eles se amavam tanto, eram melhores amigos, viviam brigando, é verdade, super diferentes, mas se amavam! E ela morre? 
    Puxa fiquei triste, fiquei relendo as cartas que ela mandou para o Dexter ao longo do livro de quando ele estava viajando e ela estava sem emprego e meio depressiva por que havia se formado e não sabia o que fazer da vida. 
    Fico pensando que garantia a gente tem se não vai mesmo morrer a qualquer segundo. Sei, parece mordaz e depressivo de mais, mas tudo que eu quero dizer é que é triste esse pensamento.
    Fiquei chorando por um tempo e resolvi que precisava falar contigo, que é a única pessoa que me entende nesses momentos doidos. 
    Eu sei, você vai dizer: "Anna é a vida, acontece" ou "Anna é só um livro, uma história, fica tranquila" ou você vai rir jocoso e me dar um cutucão dizendo "é por isso que a gente tem que aproveitar ao máximo enquanto estamos vivos".
    Em parte eu sei que pode até ser verdade, mas o negócio é que fiquei triste com essa história toda. Emma era tão legal e morreu! Parece tão injusto...
    Ta já estou vendo você suspirar e dizer: "a vida é injusta anjo" 
    Eu sei, eu sei.
    Só queria colocar pra fora, para ver se eu entendo bem essa coisa toda e se eu meio que me curo dessa dorzinha incomoda. Parece até que é algum sentimento de culpa interior. Da para entender?
    Do tipo de quanto a gente se olha em um espelho e sabe que tem alguma coisa errada refletindo nele, mas lá dentro, a gente não quer ver. Então a gente para de olhar, para de passar na frente do espelho e até apaga as luzes para facilitar com que as sombras da casa não sobressaiam-se tentando transmitir a verdade.
    Algo assim... Não sei. Tão familiar, posso dizer.




Annabel Laurino – email ao amigo.

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