Normal sabe, esses momentos tão normais. Descansar a caneca de café sobre a mesa, descansar o pulso, descansar a mente, descansar as vistas, o coração. Descansar. Nem que seja cinco minutos. Os sagrados cinco minutos depois de um banho quente. Senta na beirada da cama, solta o disco, bebe café, - sim, antes de dormir - e repensa na vida como se folheasse as páginas de uma revista sobre paisagismo. Tudo bem, que clichê! Mas é, amigo, é assim mesmo. Os cinco minutos sagrados de todos aqueles que se preocupam com o tal dito Amanhã.
E o que farei, o que vestirei, o que comerei, o que beberei, o que... Amarei? Onde estarei daqui a... dois meses. Sim, por isso é sim e claro, obviamente, uma pergunta um tanto sã para quem à alguns dias atrás não era nada além de partícula solta no ar e logo alguém sendo lembrado pela vida e colocado em altos acontecimentos inesperados.
Me preocupo muito, de certa forma, em querer planejar sabe? Só quero um pouco mais de garantia. Quero ter amor de sobra nos bolsos, e uma viagem para bem longe, logo daqui a um ano. Por que um ano? Não sei, mas tem que ser um ano. Ano que vem.
Parece sempre que eu exijo que a vida mude, que ela traga coisas boas, que ela se reinvente, que não fique no marasmo pessimista e chato de sempre. E isso é errado? Não sei, não sei.
Os 5 minutos sagrados chegam ao fim, penso em estar em algum outro segurando a mão dele, olhando para o Empire States e respirando fundo um aroma denso de cidade grande adentrando os poros da pele muito branca. Frio, folhas secas. Outono.
Sem perceber, os cinco minutos chegam ao fim e a realidade é como uma alavanca sendo puxada ringindo a seco.
Annabel Laurino.
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