segunda-feira, 26 de março de 2012

Euforia

 Gorda. Sua espaçosa. Chegou mansa passando seus bracinhos curtos e nervosos pelo meu corpo quente logo pelo inicio da manhã. Assim que abri as janelas do quarto, aquela chuvinha rasante se espalhando pelas telhas avermelhadas dos telhados vizinhos, o ar gélido, o céu cinza, as folhas das copas das arvores desbotando em um verde pálido, algumas secas, despencando no chão. Um grupo de pássaros rasgou no céu branco acinzentado. O gosto de café amargo estalou nos lábios e a lingua a procura sedenta rastejou na boca degustando do sabor. Ela já estava aqui assim que conclui o dia perfeito, ela sorriu para mim como uma irmã destrutiva e gentil, seus dentinhos pequenos e curtos esboçado na boca larga e risonha, de maças do rosto coradas até as - pobrezinha - suas roupas tão extravagantes e coloridas, um terror, imagine. Euforia disse: "Bom dia pequena, vim lhe saudar". Sua voz gentil pareceu.... Bem... Eufórica. Não pude resistir àqueles olhos tão grandes e vibrantes de tanta energia e gostei muito de como ela me fazia sentir. De como a Euforia, em um dia como esse, que para muitos é um péssimo dia, me deixou tão bem. Como se eu tivesse usado algum tipo de droga calmante, mas era apenas a Euforia. Sentada ao meu lado, ela me depositou um beijo no rosto, meu coração quentinho tal como o corpo recém desperto. Eu tive tantas certezas depois daquele beijo de Euforia que não sei nem como explicar. Acima de tudo, eu só consigo dizer, que tudo daqui para diante dará certo. Sim, dará certo. É só isso que consigo dizer.


Annabel Laurino. 

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