Pareceu um tanto quanto rarefeito.
Ele disse assim: - Eu estou amando como você sorri.
Nunca tinha ouvido dizer assim, como se a pessoa estivesse aos poucos amando cada coisa da outra pessoa. E entendi que não se ama por conjunto, inteiro, tão de repente. Se ama aos poucos. É como se para gostar de um edifício inteiro, você tivesse que gostar de cada tijolinho da obra, cada detalhe auspicioso das janelas, portas, corrimãos de entrada, etc. e afins.
Ele, com suas sobrancelhas grossas e olhos firmes concluiu assim: Não, não só isso. Acho que estou amando simplesmente tudo em você. Sabe, é, a forma como você levanta o cenho quando fica desconfiada ou como caminha, como se não fosse dessa época, ou nem desse planeta. Como se não existisse. Sei lá. Eu amo tudo.
Ficou tudo mais absolto, o que geralmente costumamos chamar, silêncio. As vertigens nervosas do estomago tremeram, a casa que sustenta a gente e a lareira em chamas começou a incendiar. Faces rubras e febris.
Depois veio as ondas, o aconchego dos braços e o mundo começou a ficar rarefeito/perfeito, quase isso, só para não estragar. O sol indo embora, disse ele: Lá se vai Apolo, logo vem Ártemis.
Era verdade, o sol vermelho dando adeus, brilhava como uma bola de fogo no final do dia, era como um rosa avermelhado lá longe, no horizonte. A areia encobrida de cinza arroxeado.
Perguntei-me: Quando foi mesmo que você passou a gostar tanto de praia?
Olhei para o lado. Sobrancelhas grossas, olhos firmes, "Eu amo tudo".
Ah sim... Acho que não importa.
Annabel Laurino.
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