Dói tanto se sentir tão só, é como querer água num deserto, os pés uns torrões de areia frita, a longitude imensa a sua frente, nem uma viva alma, e o sol acima torrando os miolos, tudo tão dolorido, só e tudo que você quer tão longe.
Tudo que eu mais quero era um ligação, ou um abraço, ou um beijo terno no rosto, umas frases por mais clichês que fossem, um café feito, uma conversa construtiva, alguém que me ouvisse também, um colo, um afago no cabelo, e tudo ia ficar bem.
As vezes parece que a gente entra para essa guerra só e sai só sem mais nem menos. Parece até que tem alguém que fica nos chutando pelas costas nos empurrando para seguir em frente mesmo que tudo pareça tão desesperador.
Acho que posso estar só com medo, ou talvez arrependimentos. Não sei, é um misto de coisas. Só sei que meu telefone não toca, que ninguém liga, que meu velho amigo novamente me esqueceu. Fico tentada a procurar alguém, fico tentada e discar os números e sei lá, puxar conversa. Mas até isso se torna cansativo.
É aquele velho sentimento de querer ser salvo, entende?
Annabel Laurino.
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