quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Algo


 Hoje não vi nada em especial... Nada que pudesse... Espere!
    Oh, sim! Sim!
    Eu vi algo!
    Algo subindo a elevação de cores e de sabores que se enchiam dos meus lábios até aos lugares mais alheios de mim. Meu olfato, minha audição.
    E subia e subia. Como se estivesse sendo comandado por um maestro que cheio de suas consternações, dos mais profundos e sórdidos desejos, conduzia o algo.
    Oh! Algo cheio para se ser visto, ouvido, cheirado e ainda saboreado.
    Gostos e gostos.
    Uma explosão de sensações na ponta de minha língua.
    Doce e amargo!
    Que crueldade deliciosa de uma mentira mal contada, mal profanada no encontro firme do osso que se move no beijar.
    Cheio de texturas. Ásperas e lisas. Sedosas e macias.
    Conduzindo pelo corpo.
    Conduzindo num caminho incerto da alma.
    Você vê sem nada ver.
    Você sabe sem nada saber.
    Saber e saber. Nada impede de entender.
    Oh como me encanto. É como notas de piano. Fortes, mais fortes, mais fortes, soando precisas, raivosas, subindo no ar. Tragando o silêncio, tragando a doce e breve inocência.
    Oh sim!
    Hoje, de fato eu vi algo.
    Vi você.
    Em um sonho. Apenas em um sonho.
    Real, por que não, real?
    Você esteve aqui afinal.



Annabel Laurino.




Texto escrito no dia 20/03/11

Nenhum comentário: