sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Eterno.


    As salas vazias e solitárias, recheadas de pó de giz, as classes empoeiradas, as luzes apagadas, a iluminação do fim do dia e por vezes do meio da manhã. Trancávamos lá dentro, regurgitando no silêncio auspicioso que encontrávamos para driblar um ao outro. Beijávamos em silêncio, agarrávamos um ao corpo do outro, como se assim, entre trocas de cheiros, olhares e sabores, pudéssemos encontrar a metade perdida do corpo do outro. Completávamos. Eu e você. Em momentos doces como estes.
    Deitados na cama do meu quarto, você abraçado ao meu corpo, você beijando-me o rosto, fazendo carinho, eu dizendo que te amo, nós dois rindo, nós dois juntos.
   As trocas de olhares, as mãos quentes e por vezes gélidas, os beijos, os sorrisos, as cartas, os abraços apertados, as noites de insônia, as brigas, as trocas de segredos, as trocas de pesadelos, a busca de encontrar num a resposta precisa que tanto sonhávamos. 
   Momentos doces. Momentos eternos.  
   Quando em pensar que  eternos mesmo era a gente. Era aquela coisa fascinante que ensoberbece, que embebe, que cola, que gira, que pula, que pinta, que brilha, que rodopia, que grita, que fazia da gente a gente. Dois em um só. 
    E acaba, como faísca solta no ar. Não importa o que aconteça, sempre chega ao fim, fácil, fácil. Porém não desgruda, permanece ali. E quando paro e penso, e quando lembro, as lágrimas rolam a solta, as fotos garimpadas na memória, o teu beijo, o teu cheiro, em todo lugar.
    Por que já virou eterno. Já se gravou em mim.

Annabel Laurino.



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